Uma das coleções mais famosas e controversas do Hermitage é a de impressionistas, mas quem for ao Palácio de Inverno procurando por eles vai se decepcionar. Os Estados Gerais, um palácio recentemente renovado na praça em frente ao complexo do Hermitage, agora é parte do museu e abriga essa coleção. Então esse post é para contar um pouco da sua história e de como é visitá-lo.
O prédio do Estado Maior foi construído por Carlo Rossi, um dos arquitetos mais famosos da cidade. A idéia dele era ligar prédios diferentes com um Arco do Triunfo para comemorar a vitória da Rússia contra Napoleão. O resultado é uma entrada grandiosa, em que você sai da avenida Nevski, a principal da cidade, e passa debaixo do arco já vendo o Palácio de Inverno. É um dos lugares em que eu podia passar cem vezes, que sempre pensava o quanto era maravilhoso e tirava uma foto.
O prédio foi construído para ser a sede do Estado Maior, quando Petersburgo ainda era a capital da Rússia, depois ele foi dado para o Hermitage para abrigar as coleções. Em 1991, eles também revelaram que o Depósito do Hermitage tinha coleções que tinham sido roubadas da Alemanha durante a Segunda Guerra, quando o Exército Vermelho invadiu Berlim. E isso incluía uma coleção enorme, principalmente de Impressionistas e Pós-Impressionistas. Elas foram exibidas em uma exposição chamada de Tesouros Secretos em 1995, e depois viraram parte da coleção no Palácio de Inverno. Só em 2014, as coleções Impressionistas, que incluíam esses quadros, foram transferidas para o prédio do Estado Maior, reformado para abrigá-las. Depois muitos outros quadros foram adicionados. Ele pode ser visitado com o mesmo ingresso válido para o Complexo de Palácios do Hermitage, mas é difícil visitá-los todos em um dia.
O que ver nos Estados Gerais:
Matisse tem duas pinturas que ele chamou de Dança, uma que está no Hermitage, e outra no Moma de Nova York. Ela foi encomendada por um industrial russo, Sergei Shukin, para a sua mansão em Moscou, e depois virou propriedade do Estado com a Revolução. Ela é parte de uma época na obra e Matisse em que ele tentava explorar o movimento com base na dança popular.

Se a gente fala de coleções impressionistas, a gente já espera ver Monet, e um dos mais legais das coleções são suas versões da Ponte de Waterloo em várias condições de tempo e luminosidade. Se você não curte, não se preocupe, ele fica em uma sala só de Monets para você escolher o que prefere.

Outro dos impressionistas mais famosos, Pissaro, também tem uma boa quantidade de quadros no museu, inclusive com suas famosas vistas dos boulevards parisienses. O da foto é uma vista do Boulevard de Montparnasse.

A coleção também tem várias obras de Renoir, inclusive uma das várias pinturas que ele fez da atriz Jeanne Samary.

Entre os Van Goghs da coleção, tem Casa Branca à Noite, que ele pintou quando morava em Auvers-sur-Oise, na França. Ela também, junto com três outros Van Goghs, era parte das coleções de um industrial alemão que foi roubada pelo exército vermelho, e reapareceu na Rússia depois de quarenta anos considerada perdida.

Na parte das esculturas, as mais famosas da coleção são as esculturas de mármore de Rodin. Eles tem uma versão de uma das minhas esculturas preferidas, Eterna Primavera, que conta a história de Paolo e Francesca da Rimini, que Dante colocou no inferno porque eles se apaixonaram, mas ela era casada com o irmão de Paolo. Ela é parte de uma série que ele chamou de porta do inferno, e que era toda inspirada por Dante.

Mais um pintor que tem toda uma sala para exibir seu trabalho é Picasso. E a mais famosa da sala é uma pintura que ele fez quando tinha apenas 22 anos, a Mulher Bebendo Absinto.

O Hermitage tem notoriamente pouquíssimas pinturas de artistas russos, a maior parte delas fica no Museu Russo, mas os Estados Gerais ainda tem um quadro de Kandinski, a Composição Número 6, em que ele dissolve várias camadas de imagens. Ele foi completado pelo artista em três dias.

Outro artista russo, Dmitri Prigov, tem a sala mais meta do museu, zombando de museus de arte. Ele é muito famoso na Rússia, mas só agora começa a ser conhecido no exterior.
Uma das pinturas consideradas perdidas por quatro décadas, até serem exibidas na Rússia, foi Place de la Concorde de Degas. Ela ficou famosa na época por como mostra o espaço negativo – que, para os especialistas, era uma influência de outra arte que começava, a fotografia.

Outra parte imperdível são os Halls do Art Nouveau, que tem as coleções de decoração em estilo Art Nouveau, e são um tesouro para quem curte o estilo (aqui no blog tenho até uma sessão especial de lugares Art Nouveau que visitei e amei).

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