Os belarussos dizem que Minsk é uma cidade antiga e moderna ao mesmo tempo. Antiga porque ela tem mil anos, mais velha do que a maioria das capitais vizinhas, como Moscou, Vilnius ou Varsóvia. Mas andando pela cidade, você não vai ver nada que deixe ver essa história, por um motivo triste: 80% da cidade foi destruída durante a Segunda Guerra, como contamos no post dedicado aos lugares da Segunda Guerra em Minsk. Os soviéticos usaram essa oportunidade para reconstruir a cidade, e ela ainda é conhecida por ter o mais completo conjunto de arquitetura stalinista do mundo. Se você se interessa por arquitetura soviética, é um dos lugares mais interessantes no mundo para visitar. E por isso vamos fazer um itinerário pelos prédios imperdíveis em Minsk para quem curte arquitetura soviética.
Os portões de Minsk
Se você vier para Minsk de trem ou ônibus, essa vai ser provavelmente a sua primeira vista da cidade. Os portões de Minsk foram construídos em estilo realista soviético, no mesmo lugar onde ficavam os antigos portões medievais da cidade, destruídos séculos antes. Eles são decorados com foices e martelos, claro, com o antigo emblema da República Socialista da Bielorrússia (nome soviético do país, que desde então mudou para Belarus), e com um enorme relógio alemão, capturado durante a Segunda Guerra. Além disso, eles têm estátuas dos “heróis” do socialismo: trabalhadores, camponeses, engenheiros e soldados.
Avenida Nezalejnastsi
A avenida principal de Minsk é a Avenida da Independência (em belarusso: праспект Незалежнасці ou Prospekt Nezalejnastsi, em russo: проспект Независимости, ou Prospekt Nezavíssimosti), construída nos anos 30 como Avenida Lenin. Como a avenida central, ela tem muitos dos prédios mais famosos da cidade, e também tem algumas características típicas da época – como as calçadas largas e passagens subterrâneas para atravessar a rua. Mas ela também mudou muito desde então, como dá para notar pelo número de McDonald’s e KFCs que você vai ver na rua. Mas falando dos prédios mais famosos:
Praça da Independência
A Praça da Independência (belarusso: Плошча Незалежнасці, russo: Площадь независимости) foi construída antes da Segunda Guerra, com o nome de Praça Lenin, e foi um dos poucos lugares da cidade a sobreviver o período. Ela era um dos lugares centrais da cidade nos anos seguintes, onde fica a Casa do Governo, que abriga o Congresso, e uma estátua de Lenin. Também era onde desfiles militares eram organizados na época, no Dia dos Trabalhadores (1 de maio), Dia da Vitória, o fim da Segunda Guerra (9 de maio) e o Aniversário da revolução de Outubro (7 de Novembro, no calendário atual). Também foi onde em 2020 o povo se reuniu em protestos contra Lukashenko, que governa o país desde 1994.
Prédio dos Correios
Esse é um dos prédios mais famosos da cidade construídos no estilo imperial que Stalin adorava, e ainda funciona como o Prédio Central dos Correios.
Prédio da KGB
Uma das instituições mais tragicamente famosas da ex-União Soviética era a KGB, a agência de inteligência. Ela é tão infame que os russos mudaram o nome dela para FSB desde então. Só em três lugares a agência manteve o nome soviético: na Ossétia do sul, na Transnístria e em Belarus. E em Belarus ele ainda tem um significado especial, porque o fundador da Cheka, a agência que precedeu a KGB, foi um belarusso, Felix Edmundovich Dzerzhinsky. O prédio no centro da cidade continua funcionando como a sede da agência, e frequentemente é fotografado por turistas, apesar do fato de que isso é proibido por lei. Se for tirar, tente ser discreto, e saiba que um guarda pode te abordar e pedir para apagar as fotos.
GUM e TSUM
Se você já visitou Moscou, sabe que um dos lugares mais famosos para visitar na cidade é o GUM, o shopping soviético bem na praça vermelha. Mas GUMs e TSUMs existiam em praticamente toda cidade grande, e funcionavam como lojas de departamentos. Ambos foram reformados em Moscou e parecem hoje shoppings tradicionais, mas as versões de Minsk ainda funcionam como lojas de departamento, e o GUM especialmente ainda tem principalmente produtos locais.
Praça Oktobryaskaya
A oktobryaskaya, com o nome que homenageia a Revolução de outubro (em russo: Октябрьская площадь; em belarusso: Кастрычніцкая плошча) é outra das praças principais da cidade. Ela tem vários prédios da época, como o Palácio da República, que abriga exposições, e o Palácio dos Sindicatos. Um lugar interessante para turistas também é o Café Central, com seus mosaicos soviéticos preservados.
Praça da Vitória
Outra praça na Avenida Nezalejnastsi da época soviética, a Praça da Vitória celebra a vitória soviética na Segunda Guerra, e é onde fica o monumento ao soldado desconhecido, com uma chama eterna.
Museu Nacional de Belas Artes
O Museu de Arte em Minsk tem obras de vários períodos da história do país, mas a coleção de arte soviética é uma das partes mais interessantes. Tem obras do início do século, em que dá para ver um pouco da cidade antes da guerra, obras oficiais do governo, como o quadro de Valentin Volkov que mostra a entrada do Exército Vermelho na cidade arruinada, e obras da resistência, proibidas pelo governo, mas que hoje são exibidas lá.
Prédios residenciais
A região ao redor da Praça da Vitória é cheia de prédios residenciais famosos. Tem a região de Asmalouka, com prédios de dois andares típicos dos anos 40, tem o prédio amarelo que hoje é mais conhecido por ter sido onde morou Lee Harvey Oswald, futuro assassino do presidente Kennedy, e tem a “Casa debaixo do Espiral”, construída para famílias militares, e que era um dos prédios mais altos da Minsk Soviética.
Teatro Moskva
Construído nos anos 80, esse logo se tornou um dos teatros mais famosos de Minsk.
Solidariedade
Esse prédio soviético se tornou famoso entre os admiradores de arquitetura soviética em Minsk mais pela ironia do que por qualquer outro motivo. O grande painel soviético chamado “Solidariedade” chama a atenção, mas a contraposição com o KFC é o que o torna tão irresistível. Eu brinco que essa foto é a das “ruínas do império soviético sobre as ruínas do império estadunidense”.
Teatro Bolshoi
Outro caso de um nome que parece repetido para quem já foi na Rússia, mas é porque Bolshoi significa Grande: é simplesmente o Grande Teatro, e por isso o nome é usado em várias cidades. O de Minsk é outro dos prédios que sobreviveram à Segunda Guerra.
Cinema Oktyabr
Sim, tudo chama Outubro na antiga União Soviética. Esse cinema, construído em 1975, ainda é o maior da cidade, e pode abrigar mais de mil pessoas de uma vez.
Hotel Belarus
O hotel Belarus é o mais famoso da cidade, construído nos anos 80. Hoje, ele é famoso pelo deck de observação no 22 andar, com vista para Minsk.
Belexpo
Belexpo é um centro de exposições construído nos últimos anos do socialismo, em 88. Na época, ele foi considerado muito inovativo, e hoje é um do vários prédios soviéticos que parecem um pouco com uma nave espacial. Para quem vai visitar, ainda tem a curiosidade de que ele é do lado do “palácio da Independência”, a residência oficial do Presidente de Belarus.
Auditórios da faculdade de Arquitetura
Os auditórios da faculdade de arquitetura do Instituto Politécnico de Belarus são outro dos prédios soviéticos mais famosos da cidade. Se vocẽ procurar no google, procure por BNTU, Korpus 15, e eles ficam de frente para a estação de metrô Barisauski Trakt.
Portões do Leste
Então, como a primeira imagem do post são dos portões de Minsk, a revisitação dos portões medievais em estilo stalinista, é justo que a última seja dos Portões do Leste, uma revisitação dos Portões stalinistas em estilo soviético tardio. Eles são quatro prédios residenciais conhecidos pelos grandes mosaicos, com os temas de “cidade guerreira”, “cidade construtora”, “cidade da ciência” e “cidade de arte”. Os auditórios da faculdade de arquitetura e os portões do leste são perto da Biblioteca Nacional, se você quiser combiná-los com outro passeio interessante em Minsk.
Museu-Estúdio Zair Azgur
Se você se interessa pela estética soviética, outro lugar imperdível é o antigo estúdio, transformado em museu, de Zair Azgur. Ele era um escultor adorado pelo regime, que, por isso, fez sua cota de Lenins e Stalins. Além disso, no museu a gente também vê algumas figura smais surpreendentes – quem diria que ele também fez um Kennedy?
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