Visitando o Museu da Segunda Guerra em Minsk

Já teve aqui no blog um post sobre lugares da Segunda Guerra em Minsk, que eu considero um dos lugares mais interessantes para se visitar para quem se interessa por esse tema. A história de Belarus é especialmente trágica, mesmo para os parâmetros de uma guerra mundial, e o país ficou tristemente rico em monumentos e histórias. Então resolvi fazer um post específico só sobre o Museu da Segunda Guerra, que é um dos passeios mais famosos de Minsk.

Então vou começar com um resuminho da guerra. Se você já tiver lido o post sobre os lugares da Segunda Guerra em Minsk, pode pular porque vai ser bem parecido. Para os belarussos, a Segunda Guerra começou em 1941, quando a Alemanha rompeu o pacto de não agressão que eles tinham assinado com a União Soviética. A Operação Barbarossa, que coordenou essa invasão, determinou a invasão de Belarus, e ela foi particularmente brutal nesse país. Nos três anos de ocupação de Belarus, 209 das 290 cidades do país foram destruídas, com mais de um milhão de prédios e 85% da indústria. 5,295 aldeias também foram destruídas, 628 delas completamente destruídas, e seus habitantes foram queimados vivos. Cerca de 25% da população de Belarus foi assassinada, incluindo cerca de 90% dos judeus de Belarus, e a população só voltaria aos níveis de antes da guerra nos anos 70. A capital, Minsk, foi quase completamente destruída. Segundo o historiador Timothy Snyder, outro quarto da população foi forçada a fugir durante a guerra, níveis que não se encontram em nenhum outro país.

Mapa dos campos de concentração e massacres em Belarus

No território da antiga União Soviética, a Guerra é chamada de Grande Guerra Patriótica, e o Museu também tem esse nome (em belarusso: Беларускі дзяржаўны музей гісторыі Вялікай Айчыннай вайны, e em russo: Белорусский государственный музей истории Великой Отечественной войны). Ele abriu em 25 de outubro de 1944, ainda durante a Guerra, e clama ter sido o primeiro museu da Segunda Guerra no mundo. E em 2014, ele ganhou uma nova sede, construída para abrigá-lo. E essa é a primeira parte que chama a atenção, porque esse museu é gigantesco, com mais de 3 mil metros quadrados. Como a sede foi feita para ele, já foi feita pensando em abrigar tanques e aviões, e ainda tem alguns do lado de fora do museu. Para quem gosta de ver equipamento real da Segunda Guerra, é um prato cheio.

O museu é feito de uma forma bem tradicional, com exposições de objetos e descrições, e acho que não é a melhor forma de contar a história. Quem vai sem saber muito da guerra em Belarus, pode sair tendo aprendido pouco. Mas se você já sabe um pouco e quer ver como os belarussos lembram da guerra, então ele é recompensador. E tem como fazer isso, e já ter uma introdução a Belarus, por obras de arte: livros como os da Svetlana Alexievich, especialmente A Guerra não Tem Rosto de Mulher, que conta a experiência das mulheres na segunda guerra, e As Últimas Testemunhas, sobre as crianças na guerra; filmes como Vá e Veja, do Elem Klimov, e Na Neblina, do Serguei Losnitsa. Mas deixo vários avisos de gatilho, porque todas essas obras são pesadíssimas. As partes que falam da resistência, por exemplo, valem muito a pena, mesmo que você não entenda russo e vá só pelos objetos.

Essa parte do museu tem simulações de como a resistência agia nas florestas
No lenço branco: “Para a batalha! Pela pátria! Por Stálin”, no preto: “de um bravo combatente do Exército Vermelho”.
Desenho de uma criança de um orfanato de Minsk, mostrando o exército alemão

A visita acaba no Grande Pavilhão chamado “Herdeiros da Grande Vitória”, que comemora a vitória contra o fascismo. Ele frequentemente é usado para celebrações em Minsk, e achei um lugar interessante. Tem algo nas cores que lembra os mosaicos dos monumentos soviéticos, e a cúpula dizem que foi inspirada pela do Reichstag, e pela famosa foto de um soldado colocando a bandeira soviética lá, e também tem algo curioso em como o museu tem um tom tão trágico, mas acaba em um tom celebratório. Fiquei feliz que foi um dos meus primeiros passeios em Minsk, porque realmente a história da Segunda Guerra é fundamental para aprender um pouco sobre o país, e é um tema que sempre volta quando a gente passeia por Belarus.

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