Um Passeio Pelo Grande Canal de Veneza

O viajante que vê Veneza hoje muitas vezes não consegue vê-la pelos ângulos em que ela deveria ser vista. Muitos dos canais foram cobertos para permitir o turismo, ilhas foram construídas, em outros lugares, duas ilhas se tornaram uma.

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Seja de gôndola, barco de tour ou transporte público, essa é a forma de ver Veneza como ela foi construída para ser vista, e apreciar como a arquitetura é completamente diferente do que você vê em Florença ou Roma. Essa é a forma de ver porque essa cidade não é como nenhuma outra, onde uma rua se chama calle, um canal se chama rio, e um canal coberto se chama fundamenta.

Nos dias da Sereníssima República de Veneza, qualquer um que quisesse ser levado em consideração devia ter um palácio voltado para o Canal Grande, e eles representam todo tipo de estilo que foi popular na cidade entre o século XII e o século XVIII. Veneza tinha uma ampla rede comercial, negociando com mamelucos e otomanos, e sua arquitetura foi afetada por isso.

As famílias nobres competiam entre si com fachadas que mostravam seu poder e riqueza, mas não podiam extrapolar muito. Em nome da coesão arquitetônica, a cidade impôs restrições estritas a luxuosidade dos prédios. Mas elas ainda usavam detalhes intricados e materiais como mármore e pedras preciosas.

Se você pegar um barco na Piazza San Marco e seguir o caminho em S do canal até a estação de trem, vai passar por alguns dos palácios mais interessantes de Veneza.

Começando pela Piazza San Marco, com a igreja de mesmo nome e o Palazzo del Doge. Ela é geralmente chamada simplesmente de “piazza” já que outros espaços públicos são chamados pelo termo veneziano de campi. Já publicamos um post sobre essa praça aqui.

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A próxima parada é a igreja barroca de Santa Maria della Salude. A igreja é tão  pesada que seu arquiteto teve que colocar um milhão de toras de madeira na laguna. O seu domo enorme é visível de toda a cidade.

Logo depois, aparece o Ca’ Venier dei Leone, onde fica a coleção de pinturas modernas da Peggy Guggenheim. Do outro lado do canal, fica a Ca’ Grande, um enorme palácio que é um dos melhores exemplos da renascença em Veneza.

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Depois o Ca’ Rezzonico, em estilo barroco. Ele abriga um museu de Veneza no século XVIII, incluindo roupas, porcelana, fantoches e um teatro e uma farmácia da época reconstruídos. Não só é um dos museus mais interessantes da cidade, como uma oportunidade de conhecer um dos palácios mais bonitos da cidade por dentro.

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Depois aparece o Ca’ Foscari, o mais importante palácio em Veneza do gótico tardio. Hoje ele é parte da Universidade Ca’ Foscari, a maior da cidade. O Palácio também está aberto para visitantes, por meio de um tour que acontece em inglês e italiano. A reserva é obrigatória, e a visita custa 4,50. Mais informações no site oficial. 

Em seguida quem estiver no barco vai ver a Ponte do Rialto, talvez a mais conhecida de Veneza. Ela foi construída por Antonio da Ponte, em substituição a uma ponte levadiça de madeira que existia no lugar. Por isso ela tem o formato inclinado.

Como dá para ver, ela estava em reformas. Por lá, meu barco foi ultrapassado pela polícia, o que foi no mínimo curioso.

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Logo após a ponte, aparece o Mercado do Peixe. Apesar de ser um prédio novo, do início do século XX, ele foi construído com a técnica antiga de apoiar o peso com toras de madeira e em estilo neogótico.

Depois aparece um dos prédios mais bonitos do canal, o Ca’ d’Oro. Ele perdeu o revestimento dourado que lhe deu o nome de “Casa de ouro”, mas ainda é um melhores exemplos de gótico na cidade. Hoje ele é um museu que mostra como os nobres viviam na Idade Média tardia.  

O próximo prédio de interesse é o Ca’ Pesaro, um edifício do barroco tardio. Hoje ele é uma Galeria de Arte Moderna, e o terceiro andar é um museu de Arte Oriental.

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Um pouco depois aparece o Fundamenta Turchi, um dos palácios mais antigos de Veneza. Ele foi construído originalmente no século IX.

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Crédito Venice Explorer

Você pode terminar o passeio na estação de trem, ou pode continuar para ver a ponte mais controversa da cidade. Apenas quatro pontes cruzam o Grande Canale, e a quarta foi construída bem perto de uma delas, pelo que a população já achou que seria um gasto inútil. A controvérsia aumentou porque a ponte, projetada por Calatrava, tem um estilo moderno e minimalista que não combina com a cidade, porque ela custou muito mais do que estava planejado, e porque quando chove, o que é bem frequente em Veneza, é quase impossível atravessá-la sem tomar um tombo.

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A ponte mais perto da estação de trem

Você pode fazer esse barco de gôndola, cujo aluguel começa em torno de 120 euros por 40 minutos. 8 pessoas podem dividir o passeio.

Outra opção é um vaporetto, parte do transporte público. Se você se decidir por pegar um, escolha a linha 1. A linha 2 é expressa e passa rápidos pelos palácios. Esse trajeto é o mais caro de Veneza, mas está incluído em passes de transporte que duram alguns dias. Tente entrar rápido e conseguir um lugar do lado de fora do barco.

Não deixe se ler aqui nossos posts sobre o Carnaval de Veneza, inclusive onde comprar máscaras, e sobre a Acqua Alta, uma das livrarias mais bonitas do mundo, que fica lá perto.

Clique aqui para ler todos os posts sobre a Itália.

8 comentários

  1. Luana

    Boa noite! Gostaria de saber se esse percurso foi montado por você! Poderia fazê-lo com um “táxi” barco? Sabe quanto ficaria? Vamos em dois casais! É por pessoal ou por trajeto?

    1. Julia Boechat

      Oi, Luana, tudo bom? Eu fiz o trajeto de Vaporetto, que é parte da rede de transporte público de Veneza, e me custou dez euros. Eu sei que os passeios de Gôndola costumam começar os preços em 120 euros por 40 minutos, para até oito pessoas, mas não sei te falar sobre a opção de táxis barco. Espero que isso ajude.

  2. Maria Lúcia

    Estou lendo todos os posts sobre a Itália. As informações serão muito úteis na viagem que farei ao país no próximo mês de maio. Vi que há também posts sobre a Áustria! Vou dar uma passada por lá também! Interessantíssimas as matérias!

    1. Julia Boechat

      Oi, Maria Lúcia, tudo bom? Que bom que você tá gostando. Tenho certeza que você vai amar a Itália, que é linda em qualquer época, mas absurda na primavera. Se você quiser saber algo que não tá aqui, pode me perguntar, que se souber eu respondo.
      Muito obrigada pelo comentário ; )

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