Três lugares que contam a história de Praga durante a Segunda Guerra: Parte III, o Museu Judaico

As sinagogas que hoje compõe o Museu Judaico de Praga não foram demolidas pelos nazistas durante a segunda guerra por um motivo trágico: elas deveriam virar um museu da extinta raça judaica. Vários objetos de sinagogas destruídas foram conservados aqui para o futuro museu.

Com o mesmo bilhete, você visita quatro sinagogas, o hall ceremonial, a galeria Robert Guttmann e o Cemitério Judeu. Elas possuem juntas cerca de 40 mil objetos e 100 mil livros e contam a história dos judeus nas regiões da Boemia e da Morávia.

A Sinagoga Maisel é hoje um museu sobre a história dos judeus na República Tcheca dos séculos X ao XVIII, de onde a história continua na sinagoga espanhola. Vários objetos estão em exibição aqui, como prataria e livros.

A Sinagoga Espanhola é a mais nova delas, construída em estilo neo-islâmico, e tem uma exposição permanente sobre a história dos judeus nas terras tchecas a  partir do século XVIII. Mas a maior atração é provavelmente o prédio mesmo, que é muito lindo. Na frente, fica uma estátua de Kafka, um habitante do bairro judeu que lamentava a destruição do seu caráter com a abertura de grandes boulevards. Foi na virada do século XX que o bairro se transformou de pequeno e suscetível a epidemias no bairro rico e desejado que vemos hoje.

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A Sinagoga Klausen tem uma exposição permanente sobre festivais e costumes judeus, e foi aberta um ano depois do fim da guerra.

O Hall Cerimonial foi construída em estilo neo-romanesco e tem uma exibição sobre rituais judaicos cercando a morte e os falecidos. Antes da guerra, o lugar era usado para preparar os corpos para enterro.

A Galeria Robert Guttmann foi construída no lugar do antigo bairro judeu e tem exibições temporárias sobre história e cultura judaicas.

A Sinagoga Pinkas tem hoje o nome de todos os judeus tchecos assassinados no holocausto e uma coleção de desenhos de crianças vindos do campo de concentração de Terezin. Ela é um lugar imperdível para qualquer um que se interesse pela segunda guerra, e muito tocante. Não tem como ver os desenhos sem se comover.

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Nomes na Sinagoga Pinklas

O famoso Cemitério Judeu foi usado entre os séculos XV e XVIII. Como a religião judaica proíbe que corpos sejam movidos e o espaço onde judeus eram permitidos de enterrar os seus era pequeno, as pessoas foram enterradas em doze camadas, uma em cima da outra. Por isso se vêem lápides em alturas diferentes e inclinadas. O cemitério aparece no livro O Cemitério de Praga, do Umberto Eco, como o lugar onde foram escritos os Protetorados dos Sábios de Sião, um documento falso com uma teoria de conspiração sobre judeus querendo dominar o mundo que foi usado para justificar várias atrocidades, inclusive o holocausto, uma história que mencionei no post sobre livros e filmes para entrar no clima de uma viagem para a República Tcheca.

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Outras duas sinagogas de Praga estão abertas para visitação, embora não incluídas no blihete. A primeira é a Sinagoga do Jubileu, que fica próxima à estação principal de trens. Ela é mais conhecida por ter sido construída em estilo neoislâmico e pelas cores da fachada.

IMG_20150223_151536 Sinagoga de Jerusalém

A segunda é a sinagoga Velha-Nova, que tem esse nome por ter sido em uma época conhecida como sinagoga nova, mas depois terem percebido que com a demolição das mais antigas ela acabou virando a sinagoga mais velha da cidade. Do lado dela você pode ver a antiga prefeitura do bairro, com um relógio cujos ponteiros giram em sentido anti-horário.

Talvez você já tenha ouvido falar sobre a lenda do Golem. Ele seria um monstro feito com a lama do rio Vltava e trazido à vida com rituais e rezas hebraicas para proteger os judeus da cidade de um pogrom. Ele teria morrido pouco depois de ser criado, e as histórias divergem muito no como. Alguns dizem que o rabino que o criou o teria desativado em um Sabbath, para que ele não o desrespeitasse, ou que ele teria se apaixonado e sido rejeitado, ou ainda que ele enlouqueceu e assassinou um número enorme de pessoas. De qualquer jeito, a lenda diz que ele foi enterrado na Sinagoga Velha-Nova, pronto para ser acordado se os judeus de Praga precisassem dele. O que é triste de dizer em um post que fala sobre a Segunda Guerra.

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Sinagoga Velha-Nova

Para quem tem interesse na história da República Tcheca durante a segunda guerra mundial, outra visita que vale muito a pena é a do Campo de Concentração de Terezin. Nesse post, eu conto a história de como ele foi utilizado como propaganda pelos nazistas e foi visitado pela Cruz Vermelha.

Clique aqui para ler a parte I, em que falo do Castelo de Praga, e a parte II, em que falo da Igreja de São Cirilo, na série sobre os lugares que contam a história de Praga durante a Segunda Guerra.

Clique na imagem para ler todos os posts sobre a República Tcheca.

Ou clique na imagem para ler mais sobre os lugares que eu visitei que nos lembram a história da Segunda Guerra

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