Visitando a Fortaleza-herói de Brest, em Belarus

A Fortaleza de Brest (Брэсцкая крэпасць, em belarusso) era um dos lugares que eu mais queria visitar em Belarus, uma fortaleza conhecida pela história trágica, principalmente durante a segunda guerra, e que recentemente virou um patrimônio da humanidade pela UNESCO. Brest é uma cidade rica de cultura, que dá uma perspectiva completamente diferente de Belarus para quem visitou a capital, Minsk, e por isso vale muito a pena. Tem muito para visitar na cidade, mas a Fortaleza realmente é especial, e merece um post próprio.

O lugar onde a fortaleza foi construída sempre teve importância estratégica na reunião. A cidade de Berestye foi fundada pelos antigos eslavos, em 1019, durante a Rus de Kiev. A cidade foi destruída pela invasão dos tártaros e mongols, como muito da região, em 1241, e não foi reconstruída por algumas décadas. Depois ela virou parte do Grão Ducado da Lituânia, e ainda foi destruída várias vezes até que a fortaleza foi construída no exato lugar, no século XIX.

A Fortaleza foi construída no século XIX, em formato de estrela. No centro fica uma citadela, em uma ilha no rio Mukhavets. Ela tinha quatro portões, com os nomes das cidades vizinhas, e dois ainda existem: o de Terespol e o de Kholm.

A fortaleza vista no Google Maps
Portão de Kholm

A Fortaleza foi o lugar onde o famoso tratado de Brest Litovsky em 1917. Ele tirou a Rússia da guerra, mas com enormes perdas territoriais. Durante a Segunda Guerra, a fortaleza foi o primeiro lugar da União Soviética invadido por Hitler, quando ele abandonou seu pacto de não-agressão com Stalin e ativou a operação Barbarossa. Durante essa época, ela funcionava principalmente como uma caserna, e não estava preparada para o ataque, por isso os nazistas pensaram que seria uma vitória fácil. A batalha principal durou oito dias, em que cerca de 2 mil defensores da Fortaleza morreram, mas alguns combatentes conseguiram segurar pedaços do complexo por mais de um mês.

Ruínas do palácio onde o tratado foi assinado

Nos anos 60, a Fortaleza foi declarada “Fortaleza Herói”, parte da propaganda soviética que nomeou outras doze cidades como “cidades heróis”. Ela foi aberta como um complexo e museu em 1971, e logo se tornou uma atração popular. A entrada foi refeita em formato de estrela, e quando a gente a atravessa, ouve canções sobre a guerra e uma gravação do anúncio do início da guerra, que foi transmitida na época por rádio.

Logo depois, ficam duas enormes estátuas feitas para o museu. A primeira se chama Sede”. Ela mostra um soldado da fortaleza durante a Segunda Guerra, quando as tropas nazistas conseguiram cortar o acesso dos defensores ao rio e ao resto da União Soviética, e eles padeceram com fome e sede. Por isso a estátua mostra um homem se arrastando até o rio.

Depois, fica a estátua conhecida como “a Coragem”, a cabeça de um soldado esculpida na pedra, que fica do lado de um obelisco e da chama eterna dedicada aos soldados desconhecidos. Vale a pena dar a volta na Coragem, porque tem outras esculturas no outro lado.

Atrás de ambas, fica a igreja ortodoxa de São Nicolas, a mais antiga da cidade, que existia quando esse lugar ainda era ocupado pela cidade de Berestye. Ela foi recentemente restaurada, em 2013. Achei realmente maravilhosa por dentro, a igreja mais interessante que visitei em Brest.

A gente entra na Fortaleza de graça, mas precisamos pagar para ver os museus. Eu fui em dois, e comecei pelo Museu da Guerra, Território de Paz, que conta a história da guerra. Acho que o museu tem uma proposta bem interessante. Quando a gente entra, a primeira instalação é um céu estrelado, com sons de grilos, que mostra como o ataque foi inesperado. Depois salas diferentes tentam mostrar outros lados da guerra. A sala sobre o ataque, por exemplo, tem efeitos de luz e som, simulando um bombardeio. As informação completas são em russo e belarusso, mas toda sala tem pelo menos algo em inglês. A Segunda Guerra é usada muito para propaganda em Belarus, e Brest não escapa disso, mas já ouvi falar que as pessoas do museu lutaram muito para que ele fosse mais balanceado, mais justo, e dá para ver um pouco disso.

Depois eu fui ao Museu Arqueológico de Berestye. A cidade antiga, no lugar onde fica agora a Fortaleza, foi preservada pela atmosfera de pântano de Belarus, inclusive com a madeira medieval, o que é um caso quase único no Leste Europeu. E dá para ver tudo ainda no Museu Arqueológico de Berestye. A cidade antiga fica no centro, cercada por painéis explicativos que contam, em inglês, russo e belarusso, sobre a cidade e a região na época.

Quando eu fui, também tinha muita gente passeando pela fortaleza, tomando sol e aproveitando a beira do rio. Além do ponto turístico e cultural, da fortaleza como atração, também é um bom lugar para observar as pessoas e mesmo para relaxar. Brest é uma cidade incrível, e esse é um dos lugares que a tornam tão diferente.

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