Volta ao Mundo em Filmes: Brasil – Limite

Quando chegou a vez de procurar um filme para representar o Brasil, resolvi fazer algo um pouco diferente. É que eu poderia ter escolhido um entre vários filmes recentes que representam muito bem o Brasil, como Bacurau, Cidade de Deus ou Central do Brasil. Mas eu não via muito o ponto em pegar um filme que eu já vi e escrever algo breve sobre ele, que seria como um milhão de páginas. Na busca por algo diferente, vi a lista feita pela ABRACCINE, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema, dos 100 Melhores Filmes Brasileiros. Tinha vários clássicos que eu nunca tinha visto, começando pelo primeiro lugar, Limite, de Mário Peixoto, que também já tinha sido eleito melhor filme brasileiro pela Cineteca, em 88. Então achei que seria um filme perfeito para o projeto.

Limite é bem diferente da maioria dos filmes da Volta ao Mundo, começando pelo fato de que ele é o mais antigo do projeto até agora. Ele foi lançado em 1931, e é um filme mudo. Ele também é um dos filmes mais experimentais da lista, com uma trama sobre duas mulheres e um homem que estão em um pequeno barco à deriva. As cenas tem música de Erik Satie, Claude Debussy, Igor Stravinski, e são entrecortadas com flashbacks, em que os três lembram da vida deles antes e como eles terminaram lá.

Uma das mulheres tinha passado um tempo na prisão, de onde ela tinha escapado, outra tinha fugido de um casamento abusivo, e o homem tinha fugido de um relacionamento complicado. Tudo é contado de uma forma realmente poética, que faz com que Limite tenha sido considerado um “poema em filme”. A história dele foi baseada em uma fotografia de André Kertesz que Peixoto tinha visto na revista Vu, mostrando uma mulher com algemas.

É um filme muito bonito, e fiquei feliz de ter visto um dos nossos maiores clássicos. Às vezes esse projeto me faz ter vontade de ver vários filmes de um país, e curiosamente ele fez isso para o Brasil também. Vários filmes da lista da ABRACCINE já entraram para a fila, e espero conhecer filmes brasileiros diferentes em breve. Para quem se interessou, esses são os dez primeiros lugares da lista:

  1. Limite, de Mário Peixoto
  2. Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha
  3. Vidas Secas, Nelson Pereira dos Santos
  4. Cabra Marcado para Morrer, Eduardo Coutinho
  5. Terra em Transe, Glauber Rocha
  6. O Bandido da Luz Vermelha, Rogério Sganzerla
  7. São Paulo, Sociedade Anônima, Luís Sérgio Person
  8. Cidade de Deus, Fernando Meirelles e Kátia Lund
  9. O Pagador de Promessas, Anselmo Duarte
  10. Macunaíma, Joaquim Pedro de Andrade

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