As medinas, as antigas cidades muradas do Marrocos, são labirintos. É um lugar onde você se perde a todo momento, mas onde isso pode ser a oportunidade de ver lugares que não estão nos guias. No entanto, vou deixar um pequeno itinerário com os lugares que eu mais gostei de visitar na medina. Outros lugares da cidade nova já tiveram posts próprios.
Começando na verdade um pouco fora da medina, fica a Mesquita de Koutoubia, a maior mesquita de Marrakech. As mesquitas do país não estão abertas para estrangeiros, mas dá para chegar perto e espiar pela porta, e o minarete, de 69 metros de altura, é visível da cidade inteira.
Além disso, ao redor da mesquita fica uma área arqueológica, com as ruínas de outra Mesquita de Koutoubia que existia no lugar. A mesquita original começou a ser construída em 1147, mas foi destruída no meio do caminho quando eles perceberam que ela não estava alinhada com Meca. Então eles construíram a segunda, exatamente igual, exceto pelo ângulo. Essa começou a ser construída em 1154.
A mesquita de Koutoubia foi pensada pelos franceses para ser o centro da Ville Nouvelle, da parte mais nova da cidade, que seria construída segundo um modelo francês. Então você atravessa uma avenida grande da igreja em direção à praça de Djema el-Fna, e você está dentro do labirinto da medina.
A praça Djema el-Fna, que já teve post próprio, é a próxima parada e o coração da medina. Ela foi feita Patrimônio da Humanidade pela UNESCO por como lá se expressam tradições musicais, religiosas e artísticas, e é onde a gente vê desde dentistas a encantadores de serpentes, com restaurantes de noite, artistas de henna, músicos e dançarinos. Passar pela praça em diferentes momentos do dia e ver como ela muda foi um dos pontos altos da minha viagem para o Marrocos, e recomendo.
Quando eu ouvi falar dos souqs, os mercados marroquinos famosos, imaginei algo como o Grand Bazaar de Istambul, um prédio ou mesmo uma região onde eu passaria algumas horas. Ao invés disso, os souqs estão espalhados por todas a medina, e são o caminho para chegar a qualquer lugar. Alguns ainda são mais especializados, e às vezes eu caminhava em uma rua e notava que a maioria das lojas vendia produtos de cobre, ou antiguidades, ou objetos de cozinha.
Andando pelos Souqs, que são onipresentes, encontramos Funduqs, cooperativas de produtores, e Farmácias Bérberes, onde vemos remédios e produtos típicos. Eu fui chamada várias vezes para conhecer essas farmácias, onde os produtores mostram vários tipos de óleos, ervas e cosméticos tradicionais. Muita gente procura por elas para comprar óleo de Argan ou os perfumes sólidos, que duram anos.
Todo bairro de Marrakech era construído em torno de cinco instituições: uma mesquita, uma fonte pública, um hammam, uma escola e um forno de pão comunal. Você vê exemplos de todos eles na medina, mas uma das fontes mais conhecidas é a Fonte Mouassine. Ela é enorme, e com detalhes em madeira preservados. Ela também é cercada nos dois lados pelo Hammam Mouassine, que está lá desde 1562, e foi o hammam que eu experimentei em Marrakech. Se você quiser experimentar, a entrada dos homens fica à esquerda, e a das mulheres, à direita.
Outra antiga casa aberta para visitação é o Musée de Mouassine, que mostra a vida na época da dinastia Saadi. Ele costumava ser usado como douria, uma casa para hóspedes, e hoje tem coleções de tapetes bérberes e fotografia. Eles também têm concertos tradicionais de música Gnaoua.
Já contei no blog sobre o Jardin Secret, um jardim murado na medina onde fui descansar no sol depois de passar horas em um hammam. Mas vale a pena aqui contar um pouco mais da sua história: ele tem mais de 400 anos, vindo da época da dinastia saadiana, depois foi reconstruído para se tornar uma casa particular. Hoje, ele está aberto ao público, um jardim marroquino-andaluz onde a gente pode passear, apreciar a arquitetura e as plantas trazidas de várias partes do mundo, e aproveitar o café.
Depois fui em um museu que tinha acabado de abrir, o Museu da Mulher, que conta a história da produção artística e profissional das mulheres marroquinas, com exposições de arte e cultura. Eles prestam homenagem a mulheres como a pioneira da aviação Touria Chaouï, a militante pela independência Malika El Fassi, a fotógrafa Laïla Alaoui, e as mulheres anônimas que produzem tanto do que nós, estrangeiros, associamos com o Marrocos.
Um dos lugares sobre os quais eu mais tinha ouvido falar foi a Medersa Ali ben Yussef, mas infelizmente não consegui visitar. Ele estava fechado para reformas. Quando reabrir, com certeza vai voltar a ser um dos pontos mais visitados da cidade, conhecido pela arquitetura andaluza, no rastro de lugares como os Túmulos Saadianos.
Depois fui a Maison de la photographie, um museu novo, aberto só em 2009, mas que virou um dos centros culturais mais importantes da medina. Ele tem exposições de fotografia, tanto permanentes quanto temporárias. E se você for, pode usar a entrada para voltar para ir ao café no terraço, que tem uma das melhores vistas da medina, ou para os concertos que acontecem lá várias vezes por semana. Então é um lugar em que eu queria ter ido no meu primeiro dia em Marrakech, ou ao menos ter já procurado a programação cultural.
Outro museu pequeno e maravilhoso é o Musée de Marrakech, que fica no palácio Mnebhi. Ele é conhecido pelo pátio central, com arcos de cedro entalhado, portas decoradas, e todo coberto de azulejos intricadíssimos. Eles têm um pátio, hoje coberto de vidro, que é simplesmente maravilhoso, e exposições de artes e artesanato marroquino.
Antigamente a casa de uma família rica da medina, Dar Si Said mostra o artesanato típico em suas fontes de mármore, tetos de madeira e paredes de azulejos. Ele também mostra um pouco da vida típica dos habitantes ricos da cidade no século 19, com exposições de tapetes, instrumentos musicais, armas e cerâmica.
O Marrocos costumava ter uma enorme população judaica, até que a maioria deles emigrou depois da Segunda Guerra. Mas muitas cidades ainda tem um bairro murado tradicionalmente judeu, a Mellah, e em Marrakech uma sinagoga foi transformada no Museu Judaico, que conta um pouco dessa história.
Essas são algumas idéias de lugares incríveis na medina de Marrakech.
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