Quando eu estava em Baku, a maioria dos outros viajantes que conheci era gente que morava em Dubai. Em parte porque parece que os vôos de lá são baratos, mas também porque o Azerbaijão tem feito propaganda da cidade como uma irmã mais nova de Dubai, pelos prédios modernos, ou como Dubai com alma, porque além deles a cidade ainda tem um centro histórico preservado. E é a vista típica de Baku: os prédios modernos em cima do centro histórico. Então hoje vou começar a falar um pouco da cidade contando sobre o que eu visitei no centro.
O primeiro prédio do centro histórico de Baku que eu vi foi a Torre da Donzela, um dos símbolos e um dos prédios mais misteriosos do centro histórico. A torre tem 29 metros de altura, e possivelmente mais de um milênio de idade. Ninguém sabe com certeza quando foi construída, nem para quê, mas alguns historiadores crêem que ela tenha sido construída como templo na época zoroastriana, do Azerbaijão antes da chegada do Islam. Ninguém sabe também de onde vem o nome. Alguns guias vão inventar histórias reis que se apaixonaram com as filhas e donzelas que se jogaram do alto da torre, mas o nome na verdade é bem comum na região, e geralmente era dado a prédios que nunca tinham sido conquistados por inimigos. E ela realmente é incomum, mas sou só eu, ou ela parece com o edifício Oscar Niemeyer em BH?
Entrar na Torre é uma experiência estranha. Ela só tem janelas minúsculas, e hoje tem uma exposição sobre a história do prédio. A gente sobe de um andar para outro em escadas escavadas na pedra, pequenas e irregulares, até chegar lá em cima e curtir a vista para a cidade toda. De um lado fica o centro histórico, com as modernas Torres das Chamas no fundo, dos outros a parte moderna da cidade e o Boulevard, às margens do Mar Cáspio.
Em frente à Torre ficam as ruínas de um antigo hammam, o Haji Bani, que vem do século XV e era o maior de Baku.
Continuando na rua, a gente vê vários Caravansarais, as pousadas feitas para comerciantes, e que são comuns por toda a Rota da Seda. Em Baku, existem várias preservadas desde o século XIV, a maioria das quais hoje funciona como restaurantes ou lojas.
Andando pelo centro, também vi várias mesquitas famosas, como a Siniq Qala, cujo nome significa quebrada porque ela foi danificada por um bombardeio russo no século XVIII. Mesmo depois de consertada, o nome pegou. O interior não estava aberto para turistas. Também vi a mesquita Cumә, chamada de sexta-feira, uma mesquita mais recente, de 1899.
Uma das recomendações que mais tinha ouvido do centro de Baku era de visitar as galerias pequenas. A cidade tem várias galerias de arte com visita gratuita no centro, e o Lonely Planet tinha até uma lista delas para visitar. Mas quando fui procurar, muitos tinham fechado ou estavam em reformas. O que fiz fui andar pelo centro, e sempre que via uma galeria, entrava e perguntava se a visita era gratuita. Em todas me disseram que sim, e realmente foi um passeio interessante para fazer na cidade. Entre elas, duas que talvez nem se encaixem direito na definição, mas que tinham sido muito recomendadas, o Museu dos Livros em Miniatura, e a pequena coleção de numismática em uma mesquita do século XIV na Praça Vahid.
Andando de lá cheguei finalmente ao Palácio dos Shirvanshahs, um complexo de edifícios históricos construídos pela dinastia que governou o Azerbaijão durante a Idade Média. A maioria do palácio vem do século XV, e o palácio passou por uma longa restauração antes de abrir para turistas, em 2003. Hoje ele é reconhecido, junto com a Torre da Donzela, como patrimônio da humanidade pela UNESCO.
Eu comecei a visita pelo palácio mesmo, construído por Ibrahim I da dinastia Shirvanshah no século XV. Na época, a capital do país era Shamakhi, mas a cidade foi muito destruída por um terremoto, e o governante mudou a capital para Baku. Ele decidiu construir o palácio em um lugar sagrado, perto do túmulo de Seyyid Yaxya, muito considerado na tradição do sufismo. Depois o palácio caiu em desuso quando os sufis foram expulsos, para voltar a ser usado quando a cidade foi conquistada pelo Império Otomano. Depois ele também foi usado pelos russos, quando eles também conquistaram a cidade.
Hoje, grande parte da decoração do palácio são objetos antigos que foram encontrados durante a restauração: moedas, armas, instrumentos musicais, livros, carpetes, roupas típicas da época.
De um dos lados do palácio, tem uma porta para um pátio fechado onde fica o Divankhana. Existe uma controvérsia sobre o que esse prédio era, mas parece que ele era considerado um lugar sagrado desde antes da chegada do Islam. Depois serviu como um prédio ceremonial, ou como tribunal, ou como mausoléu dos Shirvanshahs.
Em outra entrada, fica o Mausoléu Octagonal de Seyyid Yaxya, um religioso sufi conhecido pelos seus estudos em medicina, matemática e astrologia. O túmulo mesmo fica em uma câmara subterrânea, e o prédio foi para mim um dos mais bonitos do palácio.
Outro dos lugares sagrados para os sufis é a Mesquita Key Bubad, que foi quase completamente destruída desde então. Quase em frente a ela fica uma pequena entrada, para o mausoléu de Bakuvi, outro estudioso sufi.
Outro dos prédios religiosos lá dentro é a chamada Mesquita do Palácio, um prédio grande com um minarete. Ela tem uma entrada para mulheres, mas eles não estavam tendo serviços, e dava para visitar todo o prédio.
Nos pátios, também ficam as pedras do Castelo de Bayil. Ele foi construído em uma ilha do Mar Cáspio para servir como um porto fortificado, mas foi destruído por um terremoto no século XIII. A maioria do castelo desabou no mar. No século XVIII, o nível do Mar Cáspio começou a baixar, e as ruínas do castelo apareceram, e foram levadas para o palácio dos Shirvanshahs.
Outras ruínas dentro do palácio são de um complexo de hammams. Um funcionário do palácio controlava para que poucas pessoas entrassem ao mesmo tempo, e ele me apontou onde dava para ver as ruínas de uma piscina, e os pedaços de azulejo ainda colados nas paredes.
Depois do palácio, passei na Praça das Fontes no caminho de volta. Ela é um pouquinho fora do centro histórico, mas as ruas em redor ainda são na maioria só para pedestres, com muitas redes de comida, mas também alguns restaurantes locais. Foi onde parei no Araz Kafesi para provar um pouco da comida local.
Esse foi meu passeio pelo centro histórico, mas os posts sobre Baku estão só começando!
Estão começando a sair os posts sobre o Azerbaijão, então daqui a pouco tem mais!
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