Eu já tinha lido sobre Dozza, a cidadezinha medieval com grandes muros pintados. Eu coloquei o convite no grupo de whatsapp da faculdade, perguntando quem animava passar o dia, quando uma menina respondeu que ela morava lá. Na hora ela se ofereceu para nos buscar no caminho, para que a gente não precisasse pegar dois ônibus, e para ser nossa guia.
Então nossa viagem na verdade começou com um toque bem pessoal, difícil replicar para quem tá lendo aqui, mas que foi maravilhoso: andar um pouquinho pelos vinhedos da família dela, todos amarelos por causa do outono, com vista para as colinas próximas.
Depois fomos andando pro centro da cidade, lá pertinho. É uma micro-cidadezinha nas colinas, e o centro histórico pode ser atravessado em 15 minutos facilmente. Dozza não é o lugar para ir se você tá em busca de grandes atrações famosíssimas, mas é parte do seu charme. É uma cidadezinha linda em que a vida vai devagar e esse é o clima da Emilia-Romagna.
O que atrai tanta gente para a cidadezinha são os murais pintados. Desde os anos 60, eles têm um festival, a Biennale del Muro Dipinto, em que artistas do mundo inteiro são convidados para pintar nas paredes da cidade. Com isso, ela virou um museu de arte de rua a céu aberto.
Eu não sei como é que isso funciona tão bem em Dozza, essa mistura de medieval e arte de rua contemporânea. Mas eles acharam um equilíbrio, uma simbiose, talvez porque cada pintura é pensada para o lugar onde foi aplicada.
Nós andamos um pouco pelo centro e paramos para almoçar em um lugar recomendado pela minha amiga local, a Piccola Osteria del Borgo. Outro lado de bom de estar em turma é que deu para provar um pouco de tudo: os crostini e friggioli (molhinho típico da região com tomates e cebolas), os Tortellini de batatas com cogumelos Porcini, os Tagliolini del Drago (com urtiga na massa, além de prosciutto e échalotes), os Strozzapreti com linguiça e radicchio, o vinho da casa. Achei tudo muito bom, mas os meus preferidos foram os Strozzapreti, e não só porque amo o nome da massa – literalmente engasgadores de padres.
Depois aproveitamos para visitar por dentro a Rocca Sforzesca, o castelo de Dozza. Dá para visitar as antigas celas de prisão e uma pequena pinacoteca, mas ela estava tendo um festival medieval, então só pudemos visitar a Enoteca. Basicamente todo o porão virou um lugar para provar e comprar vinhos da região.
Depois de andar mais um pouco pela região, fomos para Imola pegar o trem de volta, com uma parada estratégica no centro para tomar sorvete.


Na ida fomos de ônibus, e o plano era pegar o 101 até Castel San Pietro Terme e de lá pegar o 147. Na volta fomos até Imola, o que dá para fazer com o mesmo ônibus, e pegamos o trem. Os preços foram bem parecidos, cerca de 4 euros para cada perna da viagem. O trem levou a metade do tempo – 30 minutos ao invés de uma hora, mas o ônibus, justamente por ser mais lento, teve vistas melhores dos subúrbios de Bologna e das cidadezinhas no caminho.
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