Antes de chegar nos Bálticos, eu tinha ouvido que cada uma das capitais era conhecida por um tipo de arquitetura: Vilnius era barroca, Riga era Art Nouveau, e Tallinn era medieval. E logo na primeira, Vilnius, achei que realmente ela tinha um número enorme de prédios barrocos maravilhosos, e foi isso que a tornou patrimônio cultural da UNESCO, mas felizmente ela era bem mais eclética do que isso. Tinha prédios góticos, prédios modernos, e uma quantidade enorme de arte de rua, como eu fui descobrir já na caminho da rodoviária para o albergue.

Meu albergue era do lado do Portão da Alvorada, uma das entradas da cidade medieval e a única que ainda pode ser visitada. Ele é considerado um dos monumentos culturais e religiosos mais importantes da cidade, e dentro fica uma capelinha, chamada de Nossa Senhora do Portão da Alvorada.
Então eu comecei andando pela Aušros Vartų gatvė, a rua mais antiga da cidade, que liga o Portão da Alvorada à Prefeitura.

De lá, cheguei na Prefeitura, ponto de encontro em Vilnius e início de outra rua famosa, a Pilies. A rua é bem curta, mas liga a Prefeitura à Catedral e fica cheia de artistas de rua. Durante o natal, fica cheia de mercados. A maioria das lojinhas ao redor vende âmbar e linho, dois dos produtos mais conhecidos da Lituânia, e ela também é cheia de restaurantes.
Geralmente eu teria evitado comer por aqui, porque a maioria tinha cara de armadilha para turistas, mas no albergue tinham me recomendado muito o Forto Dvaras, e fui lá provar a comida. Comi sopa de cogumelos na tigela de pão, dumplings de batata com bacon e tomei chá, tudo estava gostoso e foi menos de dez euros.
De lá fui para o Palácio Ducal, originalmente construído no século XV, quando a Lituânia era o Grão-Ducado da Lituânia. Ele foi destruído quando o território foi invadido pela Rússia tsarista, e reconstruído recentemente. Ele só foi completamente aberto para o público em 6 de julho de 2018, alguns meses depois que eu fui à Lituânia, durante as comemorações do centenário da independência.
Na mesma praça fica a Catedral. Ela é relativamente nova, tendo sido construída só no século XIX. A torre do sino é separada da Igreja, o que não é comum fora da Itália. A lenda diz que é porque esse era o local de um templo pagão, já que os bálticos foram os últimos pagãos da Europa. Mais prosaicamente, os historiadores acham que a torre era uma torre de defesa, já que a base é medieval, que depois foi aumentada e ganhou uma camada de neo-clássico quando decidiram usá-la como torre do sino.
Na praça também fica o azulejo Stebuklas, palavra que significa “milagre” em lituano. Ele celebra a corrente humana que ligou pessoas de Vilnius às outras capitais dos bálticos, Riga, na Letônia e Tallinn, na Estônia, em 1989. Foi um protesto pacífico contra a ocupação soviética, e apenas dois anos depois as três repúblicas se tornariam independentes.
Segundo a superstição, o azulejo pode trazer milagres para quem passa pela praça também, mas só para quem o encontra sem procurar. Dizem ainda que você deve colocar o pé direito no azulejo, dar três voltas em sentido horário, pular e bater palmas, embora eu jure que essa parte foi inventada só para ver quem cai. Mas fica aí a informação para quem quiser.
Da praça também dá para ver a Torre de Gediminas, que teria sido construída justamente por Gediminas, que unificou o país no Grão-Ducado da Lituânia e construiu Vilnius. Ela também é uma reconstrução, e foi inaugurada em 1933. Hoje ela é um museu que conta a história do castelo, inclusive com maquetes de épocas diferentes. Também é famosa pela vista da cidade.
De lá, dei uma pequena volta para ver uma das peças de arte de rua mais famosas de Vilnius, a Lucky Belly. Um cartaz nos convida para esfregar a barriga e ter sorte.
Também dei uma passadinha pelo Teatro de Arte Dramática e pelo Palácio Presidencial.
Voltei para a praça e continuei andando para as igrejas de Santa Anna e São Francisco. A igreja de Santa Anna foi construída no estilo mais ornamentado de gótico, chamado de gótico flamejante ou gótico flamboyant. Dizem que Napoleão gostou tanto dela que teria dito que queria carregá-la de volta para Paris na palma de sua mão.
A igreja de São Francisco também era originalmente gótica, e depois foi ampliada e adquiriu características renascentistas e barrocas. O interessante é que elas parecem quase entrelaçadas, e formam uma silhueta intrigante.
Passei também pela Rua da literatura, uma ruazinha que foi decorada com centenas de objetos que fazem referência a escritores e livros lituanos ou amados pelos cidadãos de Vilnius. A primeira que achei foi a dedicada ao Vilnius Poker, o livro que li para a Lituânia no projeto Volta ao Mundo em Livros.
De lá já dava para ver a Catedral Ortodoxa de Theotokos, que existe em Vilnius desde o século XIV. Ela foi construída antes da cristianização da Lituânia, quando o Grão-Ducado ainda era o último Estado pagão da Europa. Ela foi parcialmente destruída e reconstruída várias vezes durante a sua história, e em um desses momentos alguém resolveu que ela devia ter o estilo típico medieval da Geórgia. Em uma cidade cheia de igrejas, ela realmente se destaca por isso.
De lá passei por outro lugar ótimo para comer em Vilnius, o Open Kitchen. Ele é um estacionamento de food trucks, então só abre de sexta a domingo e só quando o tempo está bom, mas tem de comida do Uzbequistão a hambúrgueres, então vale muito a pena.
Continuei por um parque lá perto, subindo as colinas em direção para voltar para o Portão da Alvorada. No caminho passei pelo Bastião de Vilnius, o que resta das muralhas medievais da cidade e que ia abrir para visitação durante o centenário. Como é mais alto, a vista também é boa.
De lá voltei para o Portão da Alvorada e para o albergue, para descansar um pouco. Parece que foram tantos lugares, mas no mapa eles são tão próximos, e eu passava sempre pelos mesmos prédios. Praticamente refiz esse caminho para ir para Užupis, o bairro independente dos artistas, ou quando visitei os pátios da Universidade. E além dessas igrejas, que são as principais ou que mais me chamaram a atenção, a cidade tem dezenas de outras. Além disso, o day-trip para o castelo em uma ilha em Trakai é bem imperdível.
De noite, passava sempre por eles de novo. Para sair, em torno da Vokiečių tem vários Beer Gardens ótimos, e um lugar de falafel chamado Zatar que é delicioso. Também tem uma pizzaria lá perto, Monstro Pizza Bar, com pizzas diferentonas e ótimos coquetéis e cerveja artesanal.
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