Um dos passeios mais legais que eu fiz na Lituânia foi visitar a Universidade de Vilnius. Ela é composta de uma série de pátios, a maior parte dos quais está aberta para turistas, cercados de prédios do século XV com afrescos incríveis e uma torre de onde se pode ver o centro histórico todo.

Eu comecei com o primeiro pátio, onde comprei o ingresso para entrar na Universidade. Ela foi fundada quando a nobreza lituana pediu aos jesuítas para começar uma universidade em Vilnius, e por isso grande parte desse pátio é ocupada pela Igreja de São João. A igreja já existia, e o bispo de Vilnius comprou os prédios ao redor para fundar as faculdades de humanidade, filosofia e teologia.
A Igreja e a torre do sino foram ambas originalmente construídas em estilo gótico, e depois reconstruídas no estilo barroco tardio, e dá para ver como ambos tem resquícios de ambos os estilos. A Torre de São João tem um pêndulo de Foucault, mas o mais famoso é a vista mesmo, que é uma das melhores do centro histórico.
Desde o início, a universidade foi multicultural, com grande número de poloneses, suecos e alemães. Essa era uma vantagem de tantas universidades terem o curso em latim, era mais fácil ir para outra cidade. Depois, eles passaram para o polonês, quando a Lituânia era parte da Comunidade Lituana-Polonesa, e por isso muitos poloneses famosos estudaram aqui, inclusive Adam Mickiewicz, considerado poeta nacional em ambos os países.

Durante a ocupação do Império Russo, a Universidade chegou a ser uma das maiores da Europa, com mais estudantes que Oxford. Depois, a Universidade foi fechada pelo tsar Nikolai II, e o lituano e o polonês foram proibidos como línguas de instrução. Ela foi reaberta em 1918, com a independência da Lituânia, mas Vilnius passou para controle polonês. Foi um período em que a Universidade cresceu muito, mas que guarda a vergonha enorme do crescimento do anti-semitismo institucional. Estudantes judeus tinham que sentar em partes diferentes da sala, chamados de bancos-gueto, e depois de protestos estudantes lituanos, bielorrussos e poloneses considerados subversivos também foram relegados aos bancos-guetos. O reitor da Universidade, Władysław Marian Jakowicki, renunciou em protesto.

Durante a ocupação nazista durante a Segunda Guerra, a Universidade foi fechada mais uma vez, mas a Igreja de São João ficou conhecida pelos sermões rebeldes do reverendo Alfonsas Lipniūnas, que depois seria assassinado no campo de concentração de Stutthof.
Durante a ocupação soviética, houve uma política para criar Estados “etnicamente coesos”, e por isso muitos acadêmicos de língua polonesa foram transferidos para universidades polonesas. A livraria da universidade vem dessa época.
Também nessa época, Petras Repšys pintou os afrescos As Estações do Ano, inspirados na mitologia báltica. Foi uma das partes mais surpreendentes de visitar, e passei um bom tempo aqui.
A Universidade fica aberta de segunda à sábado das 10 às 18:30, exceto pela livraria, que só funciona de segundas às sextas. A entrada para a torre custa 2,50 euros e para o resto da universidade custa 1,50 euros, então 4 euros por tudo ou 2 euros para estudantes.
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