Houve um momento em que o Império Britânico cobria um quarto do globo. Com isso, em Londres se reuniram obras compradas, ganhadas e roubadas de todos os continentes (e às vezes um misto dos três que é difícil de rastrear ou entender). Dá para passar dias lá dentro explorando as culturas de diversas civilizações – e o que está exposto é mais ou menos 1% do museu. Tudo isso com entrada gratuita.
Quando você entra no Museu, a primeira coisa que vê é o grande pátio. A British Library costumava ficar aqui, e no centro era o Reading Room, onde Karl Marx escreveu O Capital. Outras pessoas que o usavam para estudar foram George Orwell, Oscar Wilde, Lenin, Virginia Woolf, Gandhi e Rimbaud. Depois o pátio foi repaginado por Norman Foster. Aqui ficam stands onde dá para pegar um mapa, onde fica uma lanchonete, e onde dá para checar o horário dos Eye Opener Tours, os tours gratuitos em que um especialista da coleção te leva pelos destaques de uma parte da coleção.
Quando eu estava lá, os horários e pontos de encontros eram esses:
11.00 Japão, Sala 92
11.15 Grã-Bretanha Romana, Sala 49
11.30 Grécia Antiga, Sala 17
11.45 Iraque Antigo, Sala 56
12.00 África, Sala 24
12.15 Colecionando o Mundo, Sala 2
12.30 A Galeria do Iluminismo, Sala 1
13.00 México, Sala 27
14.00 Arte do Oriente Médio, Sala 34
14.15 Mundo do Dinheiro, Sala 68
14.30 Antigo Egito, Sala 64
14.45 Europa Medieval, Sala 41
15.15 Roma Antiga, Sala 70
15.45 Relevos da Assíria, Sala 6
Os tours duram entre 30 e 40 minutos.
Além disso, nas sextas tem tours que se dedicam a apenas algumas peças e duram cerca de meia hora.
17.00 & 17.30 O Partenon
18.30 & 19.00 O Iluminismo
17.00 & 17.30 Pedra de Rosetta
18.30 & 19.00 Morte do Egito Antigo
As galerias mais famosas tem artefatos incríveis, mas as menos conhecidas também são incríveis. As salas dedicadas ao Japão tem a reconstrução de uma sala de chá tradicional, além da pintura mais famosa de Hokusai, A grande onda de Kanagawa.

Uma das obras mais recentes é o Vaso de Penas de Hitomi Hosono.
Na parte de arte azteca/misteca, ficam obras como a Máscara de Tezcatlipoca, o deus do vazio e a morte, feita sobre um crânio real, a Máscara de Cristal, feita após a conquista, e a Serpente de Duas Cabeças.
A maioria das obras da parte dedicada as Américas antes de Colombo vem de padres italianos, que estavam lá para evngelizar e levaram vários tesouros para a Itália, onde foram vendidos para famílias importantes. Muitos deles foram vendidos para o Museu no período entre-guerras, quando essas famílias se empobreceram.
Também existe uma parte importante das coleções dedicadas à arte africana, especialmente das ex-colônias britânicas, como essa Máscara de Mármore de Benin. As esculturas de bronze da mesma coleção são uma das partes mais controversas da coleção, e estão sendo pedidos de volta pela Nigéria há muito tempo.

Uma das partes que eu mais curti foram os Pratos Revolucionários Russos. Eles são parte de uma tradição de artesanato local, e por isso os feitos com motivos da Revolução se destacam tanto. Achei maravilhosos.

Para quem gosta de história, também é imperdível ver uma Máquina Enigma. Ela foi uma das milhares de máquinas usadas para quebrar o código dos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
Mas se você vai visitar pela primeira vez, é melhor começar pelos mais famosos. Por exemplo, a Pedra de Rosetta. Aproveite aqui uma foto tirada do site original do museu: você nunca vai vê-la tão bem, já que ela está permanentemente cercada de multidões. Por ter o mesmo texto escrito em hieróglifos, Egípcio Demótico e Grego Antigo, ela permitiu que os hieróglifos fossem decifrados pela primeira vez. Por isso, ela está em metade dos souvenirs do museu.
Ela também faz parte das grandes controvérsias, e o Egito a quer de volta. Ela foi originalmente encontrada por técnicos que faziam parte do exército de Napoleão, e depois passou para mãos britânicas quando eles os venceram pelo domínio do Egito. Nessa época, ela foi tirada do país e entregue para o museu.

Outra peça importante é o Tesouro de Oxus, com cerca de 180 peças em ouro e prata, além de moedas, que vem da Pérsia dos séculos V e VI antes e nossa era. Também na parte dedicada à Pérsia Antiga fica o Cilindro de Ciro, feito em homenagem a esse governante.
O Estandarte de Ur, encontrado na maior sepultura do túmulo real de Ur, é um dos maiores exemplos de arte suméria no mundo. Ninguém sabe com certeza para que ele servia, mas as cenas são comumente chamadas de “da paz” e “da guerra”. Também fica lá o Jogo Real de Ur, um jogo de tabuleiro de quase cinco mil anos.
A parte dedicada ao Egito é a maior fora do Museu Arqueológico do Cairo. Para começar, tem várias múmias. Quando eu fui, eles estavam tendo uma exposição temporária paga que contava a história de oito múmias, analisadas segundo todos os recursos mais modernos. E para combinar, o restaurante tava servindo pratos inspirados no Egito Antigo, e por preços muito bons. Essa é outra dica, aliás, olhe as exposições temporárias, porque quando é uma exposição bem popular, a freqüência aumenta muito.
A parte da Grécia também é enorme e é uma das mais polêmicas. Quase nada sobrou dos mármores do Partenon, quase todos no Museu Britânico ou no Museu Arqueológico de Atenas. O Museu Britânico alega que as peças foram retiradas de um Partenon quase completamente em ruínas por Lord Elgin, com autorização do governo otomano. O governo grego alega que não era competência do governo otomano, então ocupando a Grécia, decidir pela retirada das estátuas. E continua essa controvérsia, que na verdade todo mundo sabe que não devia ter sido retirado, mas eles não querem devolver.
O Monumento das Nereidas, parcialmente reconstruído de fragmentos tirados da cidade de Xantos, era a tumba de um governante
Também fica aqui uma das seis Cariátides, as figuras de mulher que serviam como colunas e que inspirou uma igreja lá perto, a St. Pancreas.
A parte dedicada a Grécia também foi o lugar de um trote famoso do Banksy. Assim como ele costumava colar quadros nas paredes de museus, que muitas vezes passavam despercebidos até que caíssem no chão. Aqui ele colocou um exemplo do “homem primitivo se aventurando pelos campos de caça fora da cidade. Um exemplo finamente preservado de arte primitiva da era pós-catatônica”. Ele ficou pendurado por três dias antes que alguém notasse.

Da parte romana, o Vaso de Portland, o vaso de vidro mais famoso de Roma Antiga.
As Peças de Xadrez de Lewis vêm do século XI, e são outra das peças mais reproduzidas na loja de souvenirs. Quando eu ganhar na loteria, vou comprar aquele tabuleiro de xadrez com certeza.
Bom, essas são algumas das peças que acho que valem muito a pena, e algumas das dicas que acho legais. Espero que ajudem!
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Sou professora de inglês em Portugal. Já visitei o museu três vezes. Adorei a sua seleção e as suas dicas . Parabéns!
Oi, Dina, tudo bom? Que bom que você curtiu! Muito obrigada pelo comentário