Quando a gente fala da cidade de Londres, geralmente estamos falando de várias cidades, como Westminster, Kensington e Chelsea, Camden, governadas pela prefeitura de Londres. Mas o termo “cidade de Londres” também se refere a uma área bem menor, o centro histórico da cidade, onde os romanos se estabeleceram, e que hoje é um distrito financeiro importante. Os londrinos de hoje a chamam de the City, ou the square mile, a milha quadrada, sua extensão aproximada.

City também virou uma metonímia para falar do setor financeiro da cidade, mas não é tudo o que tem por lá. É uma área interessante da cidade, por ser tão antiga, e que vale a pena visitar. Quando eu fui para lá, os dois lugares que eu mais queria visitar eram o Barbican Centre e o Museu de Londres.
O Barbican Estate é um lugar polêmico em Londres. Ao mesmo tempo é considerado um endereço posh, e o prédio mais feio da cidade. Ele é um endereço residencial, tecnicamente, mas inclui o Barbican Centre, o Museu de Londres e duas escolas, além de inúmeros laguinhos e fontes. Então ele pode até ser feio, mas é super agradável para sentar e ler um livro.
O Barbican é um exemplo de arquitetura brutalista, que foi muito popular em Londres entre os anos 50 e 70. O lugar em que ele foi construído foi muito bombardeado durante a Blitz na Segunda Guerra, então no lugar construíram o Barbican Estate.
Uma curiosidade interessante é que a palavra Barbican vem do latim Barbecana para uma fortaleza dolado de fora de uma cidade, o que é exatamente o que esse lugar era séculos atrás, uma proteção para a cidade romana de Londinium. Fragmentos da muralha que cercava a cidade podem ser vistos dentro do Museum of London ou aparecendo na fundação de vários prédios por lá.
O Museu, que tem entrada franca, conta a história de Londres desde a pré-história, e você pode uma grande exposição sobre o grande incêndio de 1666, passear por um jardim georgiano, caminhar pelas ruas reconstruídas da época vitoriana, entrar em uma prisão para devedores, e ver relíquias da época moderna que abarcam das Suffragettes aos Beatles, das primeira mini-saias ao punk a Alexander McQueen.
Reconstruções de uma sala de jantar romana e uma rua vitoriana
Já o Barbican Centre é um centro cultural enorme em Londres, com biblioteca, salas de exposições e constantes apresentação de teatro e música. Eles são a sede da London Symphony Orchestra, a BBC Symphony Orchestra e a sede londrina da Royal Shakespeare Company.
Quando fui a Londres pela primeira vez, em 2013, eu vi uma exposição enorme e ótima sobre Duchamp, mas a maior sensação do Barbican naqueles dias era sem dúvida o Quarto da Chuva.

Era uma instalação de arte de sete metros por sete em que água caía torrencialmente. No entanto, como eles tinham sensores de movimento, você podia andar por lá calmamente quase sem se molhar. Você andava lentamente e via a cortina de água se abrir e te dar passagem. A sensação era de controlar a natureza. Foi uma das instalações de arte mais legais que eu já vi.
A entrada era gratuita, mas a fila durava em média três horas, e chegava facilmente a seis durante os fins de semana. Felizmente, eu fui lá em uma manhã logo que abriu e consegui entrar.


Quando estiver visitando o Barbican, aproveite a chance de comer no restaurante deles. A comida é gostosa e os preços são super justos. Para chegar lá, você pode ir até a estação de metrô Barbican e caminhar pela passagem suspensa até entrar no Barbican Estate.
Outro ponto famoso da city é a Catedral de St Paul, da qual já falei um pouco quando fiz um post sobre o passeio no Southbank. Ela é famosa por ser o lugar de enterro do almirante Nelson e de Winston Churchill. Essa igreja tem um significado importante para os londrinos, e por isso a vista para ela de vários lugares importantes como Primrose Hill é protegida. Ela também é famosa pela vista de Londres.
Mas se você quiser economizar um pouco, pode ir em outro lugar com uma vista famosa lá do lado, o Monumento ao Grande Incêndio de Londres de 1666. Conhecido simplesmente como The Monument, ele marca o lugar onde o incêndio teria começado, em Pudding Lane.
Um dos prédios mais novos a virar atração na City é o 30 St Mary Axe, conhecido como The Gherkin, o pepino. Ele foi desenhado por Norman Foster, e é o prédio de escritórios mais caro do Reino Unido. Atualmente ele pertence ao grupo Safra. Desde sua construção ele é conhecido como um marco de Londres, e é facilmente reconhecível de vários pontos da cidade. Do lado de fora do prédio fica um pequeno túmulo. Ele é dedicado a uma menina cujos restos mortais foram encontrados durante a escavação do prédio. Análises de carbono mostraram que ela viveu em Londinium, a Londres do período romano. Uma inscrição diz, em inglês e latim: “To the spirits of the dead / the unknown young girl / from Roman London / lies buried here.”

Originalmente, essa era uma área pobre da cidade, e quem morava aqui era pejorativamente conhecido como Cockney. Até hoje a palavra se refere a um sotaque que é visto como de classe baixa – se você já viu My Fair Lady, é esse o sotaque que estão tentando tirar da Audrey Hepburn. Para ser um verdadeiro cockney, você tinha que ter nascido ao alcance do barulho dos sinos de outra igreja da área, St. Mary-le-Bow. Até hoje ela é uma das igrejas mais importantes da City.
Lá perto fica um pequeno parque chamado Postman’s Park. A pedido de George Frederic Watts, aqui foi instalado um Memorial ao Sacrifício Heróico, celebrando os feitos de pessoas que morreram salvando as vidas de outros. Os fãs de teatro e cinema vão reconhecer a placa dedicada a Alice Ayres, uma jovem que tirou três crianças de uma casa em chamas, morrendo no processo, da peça Closer de Patrick Marber e do filme de Mike Nichols.
O mercado de Leadenhall é imperdível. Ele é um mercado popular desde o século XIV, e se tornou atração quando o teto foi construído, em 1881. Hoje ele tem lojas, restaurantes e pubs.
Outro prédio interessante na City é o Guildhall, que funciona como a prefeitura da City. Durante a época romana, quando essa era a cidade de Londinium, ficava nesse lugar o maior anfiteatro da Grã-Bretanha. Do lado de fora, sua localização fica marcada com um desenho semi-circular. O prédio atual vem do século XV, e é um dos poucos prédios não-eclesiásticos de Londres desse período. Hoje em dia, a administração da cidade acontece em prédios mais modernos na City, e o Guildhall é usado somente em eventos. Ele abre para o público durante o Open House London, um fim de semana em setembro em que vários prédios geralmente não abertos para o público permitem a entrada gratuita. O Gherkin também abre para visitantes nesses dias, e os dois estão entre os mais visitados.
Do lado do Guildhall, fica o Guildhall Art Gallery, uma coleção de arte aberta ao público gratuitamente. O destaque é para obras do período vitoriano, ou seja, tem muitas obras dos pré-rafaelitas. Eles também tem uma coleção permanente de obras que retratam Londres. No subsolo, também dá para visitar o Anfiteatro Romano.
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