Volta ao Mundo em Filmes: Colômbia – As Cores da Montanha

Quando a Colômbia foi sorteada, achei vários filmes que pareciam interessantes. A maioria, no que não vai surpreender ninguém, trata da questão do narcotráfico e das milícias que chegaram a controlar partes do país, e nas lutas com a polícia. O que escolhi não é exceção, e no final fiquei com As Cores da Montanha, de Carlos César Arbeláez.

O filme segue a história de um menino de nove anos chamado Manuel, que vive em uma vila isolada nas montanhas, perto da fronteira com o Panamá. Ele vai para uma escola pequena, em que uma única professora ensina crianças de quatro séries diferentes na mesma turma, e passa a maior parte do tempo livre preocupado com futebol. Mas a questão das milícias está ao redor dele, e os adultos tentam protegê-lo, mas sem muito sucesso. Eles não falam disso, e a professora manda ele não olhar para trás quando carros passam com homens carregando armamento pesado. Um dia ele conversa com um amigo um pouco mais velho, Julian, que conta que o irmão dele deixou a casa, e que a família diz que ele foi para a costa procurar trabalho, mas ele acha que o irmão se juntou às milícias.

Manuel e os amigos jogam futebol em um campinho, com uma bola velha, meio feita de trapos. Então é uma felicidade para todos os meninos quando o pai de Manuel compra uma bola nova como presente de aniversário. Mas na primeira vez que eles jogam, ela cai do outro lado do campo, e eles ouvem uma explosão. É quando a vila descobre que o campo está cheio de minas terrestres, e obviamente eles proíbem as crianças de brincarem lá.

No resto do filme, Manuel se concentra em tentar recuperar a bola, com ajuda dos melhores amigos, Julian e Poca Luz, um menino albino. Enquanto isso, a gente vê a vida na comunidade que fica a cada vez mais difícil. É óbvio que muitas pessoas foram ameaçadas, e quem não se submete aos pedidos das milícias é morto ou desaparece. O pai de Manuel é um deles, que está sendo pressionado a ir nas “reuniões” das milícias, mas sabe que se for, ele será comprometido. As pessoas começam a sumir da vila, ou mudando para a cidade levando apenas o que elas conseguem carregar, ou de forma mais ambígua, e a gente não descobre o que realmente aconteceu com elas. A professora na escola às vezes pergunta por uma criança, e alguém responde que a casa dela está fechada, que eles todos foram embora. E a professora não pode fazer nada além de riscar mais um nome na lista. O filme continua com essas duas tensões, a das milícias que fecham o cerco, e das crianças obcecadas em recuperar a bola em um campo minado.

Fiquei na dúvida se devia ter escolhido um filme diferente, afinal o narcotráfico já é basicamente tudo que a gente ouve sobre a Colômbia. E o filme, tristemente, conta uma história que poderia se passar em grande parte da América Latina. Mas realmente gostei dele, então achei no final que foi uma boa escolha para representar a Colômbia.

Deixe uma resposta