Histórias e curiosidades de doze quadros da Galleria degli Uffizi

Florença é conhecida como o Berço do Renascimento, e só andar pela cidade já é uma aula sobre esse período da história. Mas também é incrível entrar em um museu e ver as obras primas da pintura do período. E essas são algumas das que mais me impressionaram na Galleria degli Uffizi, e por quê.

 

O Nascimento de Vênus – Botticelli

Galeria Uffizi Florença Botticelli Nascimento de Venus

Talvez a pintura mais famosa do museu, embora na verdade ela talvez nem mostre o Nascimento de Vênus. Ela pode parecer tranquüila hoje, o tipo de pintura que aparece em caixa de bombom e casa de tia, mas foi muito polêmica durante o Renascimento, e estudiosos ainda debatem os significados por trás dela.

 

Judith e Holofernes – Artemisia Gentileschi

Galeria Uffizi Florença artemisia gentileschi judith holofernes

Uma das poucas artistas na galeria é Artemisia Gentileschi, filha do também pintor Orazio Gentileschi. O pai pagou para que um amigo, um pintor chamado Tassi, desse aulas privadas de pintura para a filha, e, em uma dessas aulas, ele a estuprou. O pai dela prestou queixa contra ele, o que ele só pode fazer porque ela era virgem e isso arruinava suas perspectivas de casamento. Durante o processo, que durou sete meses, ela foi sujeita a um exame ginecológico e se submeteu a tortura de ter as unhas arrancadas tentando provar que ela estava dizendo a verdade. A pena normal na época seria condenar Artemisia a se casar com Tassi (aaaaargh), mas ele já era casado, então ele foi condenado a um ano de prisão, que ele nunca cumpriu. Ela teve que sair da cidade por causa do “escândalo”. Há polêmicas se a gente deve considerar a vida de um artistas quando a gente fala de suas obras, principalmente agora com o movimento Me Too e a gente pensando se ainda deve gostar de artistas que, agora a gente sabe, cometeram crimes horríveis. A Artemisia foi vítima, e não tem uma placa de museu que não conte isso e associe à sua arte.

 

Anunciação – Da Vinci

Galeria Uffizi Florença da vinci anunciação

Galeria Uffizi Florença da vinci anunciação detalhe

Os Uffizi são um dos poucos museus do mundo que tem seu próprio Da Vinci. Esse é um dos seus primeiros trabalhos, que ele fez com seu mestre, Verrocchio. Apesar disso, os especialistas dizem que dá para ver o estilo que ele estava desenvolvendo – especialmente nas asas do anjo, que mostram que ele estudou pássaros, e em um detalhe, o esboço de uma cidade no fundo que tem só alguns centímetros, mas é muito detalhado.

 

Federico da Montefeltro – Piero della Francesca

Galeria Uffizi Florença piero della francesca federico montefeltro

Retratos eram uma parte importante da arte do Renascimento, e esse é um dos mais famosos. O duque quis posar de lado para esconder as cicatrizes – ele tinha perdido um olho em uma batalha e mandou remover a ponte do nariz para melhorar um pouco a visão. O artista ficou famoso por não esconder as suas falhas, e pela paisagem no fundo.

 

Vênus de Urbino – Ticiano

Galeria Uffizi Florença ticiano venus urbino

A pintura foi um presente do Duque de Urbino, Guidobaldo II della Rovere, para sua jovem esposa. A pintura foi pensada como uma alegoria do casamento, incluindo o erotismo da Vênus nua, a fidelidade, representada pelo cachorrinho, e a maternidade, representada pela garota olhando o baú.

 

Baco – Caravaggio

Galeria Uffizi Florença caravaggio baco

A pintura mostra o deus grego Baco, deus do vinho e da embriaguez. Ele usou um modelo jovem, e fez uma natureza morta com uma romã madura e uma maçã apodrecendo, que a maioria dos estudiosos interpreta como um memento moris, lembre-se de que você vai morrer, e a juventude é passageira.

 

Medusa – Caravaggio

Galeria Uffizi Florença caravaggio medusa

Essa é uma das pinturas mais famosas dos Uffizi, como geralmente acontece com Caravaggios. A Medusa tinha o poder de transformar as pessoas em pedra, até que foi derrotada pelo herói Perseu, que usou o seu escudo como espelho para não precisar olhar diretamente para ela. O quadro mostra o momento em que ela foi decapitada por ele, a cabeça ainda pingando sangue. Para fazer o quadro parecer mais real, Caravaggio usou um escudo coberto de linho,  debaixo de várias camadas de tinta.

 

Madonna do Pintassilgo – Rafael

Galeria Uffizi Florença rafael madonna cardellino

O Rafael é um dos mestres do Renascimento, e ele era conhecido pelas suas madonnas. Esse ganhou esse apelido pelo pintassilgo que Jesus segura na mão, um símbolo da crucifixão. 

 

Coroação da Virgem – Fra Angelico

Galeria Uffizi Florença Fra Angelico coroação virgem

Fra Angelico é um dos artistas que muita gente vem a Florença só para ver – e, se você curte ele, não perca a Catedral de San Marco. Aliás, ele originalmente era parte de um tríptico, e os  outros dois estão lá.

 

Madonna do pescoço longo – Parmigiano

Galeria Uffizi Florença parmigiano madonna pescoço longo

Geralmente pinturas não tinham nomes, elas os receberam depois por causa das características da pintura, ou mesmo pelas famílias que as possuíam. Esse recebeu esse nome por um motivo bem óbvio: o pescoço longo da madonna. A pintura ficou famosa por causa das proporções inovativas, que já geraram teorias desde ser algo típico do maneirismo ou a modelo sofrer de um síndrome genética.

 

A Batalha de San Romano – Paolo Uccello

Galeria Uffizi Florença uccello batalha san romano

Essa pintura é parte de um tríptico feito sobre a Batalha de San Romano – hoje um dos outros está no Louvre, e o outro na National Gallery em Londres. A pintura é conhecida pelo uso do artista de folhas de ouro e prata (as de prata oxidaram e hoje são escuras), e pela tentativa de mostrar movimento.

 

Madonna e o menino – Filippo Lippi

Galeria Uffizi Florença lippi madonna menino

Várias versões dessa pintura já apareceram na lista, e com motivo, já que era um dos temas típicos do Renascimento. Essa se destaca porque ficou tão popular que virou o modelo para pinturas assim, e alguns estudiosos a chamam simplesmente de “A madonna dos Uffizi”, embora existam centenas.

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