Um dos lugares mais famosos para visitar em Bologna é esse labirinto de igrejas interligadas, às vezes construídas uma dentro da outra, e a praça que se formou em frente a ela. O nome oficial é Santo Stefano, mas a população de Bologna chama de Sette Chiese, as sete igrejas.
Além da Igreja, ficam na praça a Corte Isolani, uma espécie de shopping medieval, que do outro lado, na Strada Maggiore, tem um pórtico de madeira espetado de flechas, e vários palácios da Idade Média e do Renascimento. A praça para mim é a mais linda da cidade, um lugar pelo qual caminho quase todo dia para ir para a faculdade e onde passo muitas vezes o horário de almoço tomando um pouco de sol. E é um dos lugares que nunca passam batidos, que ainda me impressionam quando passo por lá.
Entrando no complexo, dá para visitar a primeira igreja de Santo Stefano, a Igreja do Crucifixo, construída no século XI, e conhecida por conter os ossos de São Petrônio. Esse santo foi bispo de Bologna no fim do império romano, e hoje é o santo padroeiro da cidade, cujo dia é comemorado todo 4 de outubro.
A Igreja do Santo Sepulcro é conhecida por ter uma reprodução exata do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Ele tem essa forma circular porque no lugar ficava um templo dedicado à Isis, e a igreja foi mudando de forma durante os séculos, mas isso foi preservado.
Eu vi ele por anos assim, fechado, e só quando vim fazer o mestrado em Bologna descobri que tem como entrar nele. Na semana seguinte à Páscoa, o sepulcro abre para visitação, e você tem que ajoelhar e entrar e sair engatinhando.
Em um lado da Chiesa del Santo Sepolcro fica a Igreja dos Santos Vitale e Agricola contém os sarcófagos de dois mártires de Bologna, Vitale e Agricola, mortos durante as perseguições aos cristãos feitas por Diocleciano. Ela é a igreja mais antiga de Bologna, mas ela não funcionou por quase setenta anos no século XV. É que uma pedra com a inscrição Symion foi achada lá, levando peregrinos a acreditar que era o túmulo de Pedro. Tantos começaram a aparecer por lá que isso estava afetando o número de peregrinos em Roma, e o papa Eugênio IV, furioso com isso, mandou cobrir a igreja de terra. Dentro da igreja também dá para ver um pouco do chão de mosaicos da época romana, coberto com um vidro.
Voltando para a Chiesa del Santo Sepolcro, dá para continuar pelo Pátio di Pilatos. Ele tem esse nome por causa da bacia no centro, que seria onde Pôncio Pilatos teria lavado as mãos. Análises mais novas mostram que a bacia vem da Lombardia do século VIII, então é mais uma lenda urbana do que qualquer outra coisa, mas ainda é um pátio muito bonito, onde dá para admirar a igreja e visitar as capelas dos dois lados.
No fundo fica a Igreja da Trindade, construída por São Petrônio quando ele era bispo de Bologna. Ela é composta de várias pequenas capelas, com afrescos e estátuas.
Depois tem um Claustro Medieval, conhecido pelo poço no meio. Como eu falei, uma das igrejas do complexo costumava ser um templo dedicado à Isis, e eles sempre eram construídos perto de nascentes, então esse lugar foi por séculos um dos lugares em que os Bolonheses podiam pegar água fresca. Ele também é conhecido pelas colunas, com capitéis que mostram figuras estranhas, que inspiraram algumas das punições da Divina Comédia de Dante, quando ele era um estudante em Bologna.
Hoje, eles também tem os nomes dos 2.536 habitantes de Bologna que morreram na Primeira Guerra e dos 2.059 que morreram na Segunda.
Se você chegou até aqui, pode começar a perguntar se as sete igrejas são mesmo sete. E esse é um debate que dura séculos. Porque pode ser que o apelido seja meio aleatório, pode ser que eles façam referências a igrejas que já existiram aqui e não existem mais, ou pode ser só um jeito diferente de contar. Nos pátios ficam algumas capelas fora das igrejas principais, tem a cripta na primeira igreja, e elas contam ou não?
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