Haarlem, a cidade fotogênica a quinze minutos de Amsterdam

Haarlem entrou no roteiro da Holanda por causa do moinho na beira do rio. Primeira viagem para a Holanda, fiquei lá por duas semanas, decidi que não tinha sentido evitar o programa turistão só para pagar de “não sou turista, sou viajante”, e queria ver um moinho. Encontrei algumas opções perto de Amsterdam, e me decidi por Haarlem porque era uma cidade, não era um moinho no meio do campo, o que seria um milhão de vezes mais confortável no inverno, e porque quanto mais lia sobre a cidade, mais percebia que ela parecia interessante por si só.

Porque Haarlem é o estereótipo de uma cidadezinha holandesa, com ruas de paralelepípedos, igrejas góticas, canais e moinhos, que parece estar a um mundo do agito quase febril de Amsterdam, mas na verdade fica a só quinze minutos de trem.

Então eu comecei a visita pelo moinho que foi o primeiro motivo pelo qual a cidade entrou no meu radar, o De Adriaan. Um moinho fica nesse lugar desde o século XVII, para moer farinha e tabaco, mas o original queimou em um incêndio nos anos 30, e foi reconstruído há pouco tempo com métodos originais. Dentro dele tem um pequeno museu que conta a sua história.

Holanda Haarlem De Adriaan

Caminhei um pouco pelo centro e acabei indo no “Refúgio Secreto” (“de schuilplaats”, em holandês), a casa de uma família que escondeu judeus dos nazistas. A história deles foi escrita por Corrie ten Boom, a única da família que sobreviveu à guerra. No museu, que tem um tour guiado, ouvimos falar de como conseguiram cartões de racionamento para conseguir comida para as pessoas que escondiam e como Corrie foi a primeira mulher a ser reconhecida como relojoeira na Holanda. A casa é diferente da de Anne Frank porque eles não tinham um anexo onde as pessoas pudessem viver, eles tinham um lugar do tamanho de um armário onde eles podiam se esconder quando fosse necessário, e geralmente viviam na casa normalmente. Quando a família foi denunciada, eles tiveram que ficar nesse armário minúsculo por quatro dias, até que outros membros da resistência conseguissem resgatá-los. Os membros da família foram todos assassinados em campos de concentração, exceto Corrie, que foi libertada graças a um erro da burocracia e voltou para Haarlem quando a Holanda passasse pelo inverno da fome.

Então, a história é incrível e eu não sabia nada sobre eles antes de visitar o museu, então por esse lado, valeu a pena. Mas o lugar era tão religioso. Eles repetiram tanto que ela só ajudou gente por causa de Jesus, só sobreviveu por causa de Jesus, dos escritos dela sobre religião, e essa parte eu achei um saco.

Voltando a passear pela cidade, vi ainda uma igreja, a Catedral de São Bavo. Ela foi construída em um estilo gótico, tem obras da renascença, vitrais moderninhos e o túmulo de um dos habitantes mais famosos da cidade, o pintor Frans Hals (hoje em dia tem um museu dele na cidade, e ele é um dos pintores imperdíveis para ver no Rijksmuseum em Amsterdam). Mas a igreja é mais famosa pelo órgão, que tem mais de trinta metros de altura e cinco mil tubos, e foi tocado por Handel e por Mozart (então com dez anos). Eles têm recitais de órgãos algumas vezes por semana, mas no inverno eram mais raros e não consegui pegar um. Mas vale a pena olhar se você está indo para Haarlem.

Visitei mais um museu, o Teylers Museum. Ele é o museu mais velho em operação contínua de toda a Holanda, tendo sido aberto ao público em 1778. Ele tem um estilo de Gabinete de Curiosidades, os precursores dos museus onde membros da elite colecionavam objetos que hoje ficam divididos em áreas diferentes, como geologia, etnografia e arqueologia. No Teylers eles tinham obras de arte, inclusive de Raphael e Michelangelo, antiguidades, fósseis, minerais, instrumentos científicos, moedas de outros países, e partiam do pressuposto iluminista que as pessoas podiam descobrir o mundo por si. Além dos objetos, é interessante por esse olhar para a ciência como costumava ser antes dos grandes museus que podemos visitar em outras cidades.

Holanda Haarlem teylers museum

Outro lugar para visitar lá perto, conectado com o museu é o Teylers hofje. Os hofje são pátiozinhos cercados por casas privadas, que geralmente são fofos, com casas históricas, e conhecidos por serem tranqülios.

Consegui colocar muitos lugares na visita de um dia, e depois disso ainda deu para caminhar um pouco por Haarlem.

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