Para quem fica poucos dias em Petersburgo, é imperdível ir à pontinha da Ilha Vassilievski, onde fica a Strelka (ponta de flecha, em tradução literal), porque ela tem algumas das melhores vistas da cidade. Mas para quem fica lá mais dias, dá para explorar mais da ilha, que foi construída por Pedro, o Grande, para ser o centro da administração e educação. Ela também deveria ser cortada por canais, e por algumas ruas têm nomes diferentes de cada lado da rua (eles seguem números e são chamados de linhas).


A Strelka própria é cheia de atrações e prédios famosos. Lá ficam as Colunas Rostrais, construídas segundo um modelo do Império Romano, onde, após uma vitória naval, colunas eram adornadas com partes dos navios capturados. A versão moderna petersburguense homenageia os quatro maiores rios russos: na coluna ao norte, o Volga e o Dnieper, e na coluna ao sul, o Volkhov e o Nevá, que corta São Petersburgo. Quando eu estava lá, na primavera/verão, vi que é um lugar bem popular com eventos, como aulas de dança ao ar livre, festivais e encontros. Também é lá que tem a vista linda para o Hermitage, Santo Isaac e a Fortaleza de Pedro e Paulo.
Bem no centro dessa parte da ilha fica a antiga Bolsa de Valores, que depois da Revolução foi transformado em Museu Naval. A coleção dele também foi transferida há um tempo, e foi recentemente anunciado que ele vai fazer parte do Hermitage, com a coleção de brasões.
Outra atração de Strelka é o Instituto de Literatura Russa, conhecido como Casa de Púchkin (não confunda com o apartamento onde Púchkin morreu, que também está aberto para visitação). O Instituto foi aberto para preservar manuscritos e objetos de Púchkin, mas foi expandido para incluir outros autores, e hoje tem exibições dele até os poetas da era de prata.
Continuando na rua que segue as margens do Nevá, logo logo tem o Kunstkamera, o primeiro museu russo. Pedro I tinha interesse um interesse mórbido em deformidades, e encorajava pesquisas, por isso o museu é mais famoso hoje pela coleção de gosto duvidoso e fetos com problemas de formação. O museu também tem uma coleção enorme de mineralogia.

Em seguida ficam as Doze Universidades, hoje parte da Universidade de São Petersburgo. Elas foram construídas pelo arquiteto suíço Domenico Trezzini para abrigarem os ministérios do Império Russo, com entradas diferentes para cada um, significando sua independência, e uma fachada comum, significando suas metas em comum. Eu fui lá com outra voluntária do albergue, falamos que éramos estudantes estrangeiras e gostaríamos de conhecer a universidade. Nós ficamos dez minutos na portaria preenchendo formulários e fazendo cópias de documentos, e depois mais trinta enquanto eu tentava convencer a funcionária que eu não tinha um visto porque brasileiros não precisam de visto para ir para a Rússia. Depois que eu consegui convencê-la, ela resolveu nos levar para um tour pelos prédios, mostrando jardins, museus e esculturas lá dentro. Nós visitamos um jardim com pedras enviadas de universidades ao redor do mundo (tinha uma de Porto Alegre), e passamos um grande tempo no primeiro jardim, conhecido pelas estátuas ecléticas, que vão do pequeno príncipe a Mao Tsé-Tung passando por Akhmatova, Lev Gumiliov e O Mestre e Margarida.
Em seguida, tem o Palácio Menshikov, que foi a primeira construção de pedra da cidade, pertencendo ao príncipe que era amigo de Pedro II e governador da cidade. Hoje ele é um museu e parte do Hermitage, sendo um dos poucos interiores da época petrina ainda preservados. Mas assim como o Kunstkamera, a história pode ser bem desconfortável: o palácio é infame pelo casamento de anões que Pedro I organizou aqui. Eu contei sobre a minha visita aqui.
Depois, fica a Academia de Belas Artes, que tem exposições com os trabalhos de alunos dos últimos 250 anos. Eu não cheguei a entrar (embora tenha visitado outra faculdade de Belas Artes, no edifício Stieglitz), mas sei que o prédio também é famoso pela escultura de Minerva no alto.
Em frente à Academia ficam as Esfinges, duas esculturas egípcias de três mil e quinhentos anos de idade, que foram descobertas em uma escavação no Egito e compradas pelo tsar. Elas podem não ficar lá por muito tempo, porque existem planos de levá-las para o Hermitage para protegê-las do clima russo.
O centro da ilha são as linhas 6 e 7 – como eu disse, esses são dois lados da mesma rua, aberta apenas para pedestres. É uma rua cheia de restaurantes e barzinhos, principalmente ao redor da igreja barroca de Santo André. Ela foi construída pelo suíço Domenico Trezzini, ainda lembrado como o construtor de grande parte da ilha.
Isso já dá um dia, mas se você tá muito animado a caminhar ou tem mais dias livres, vale a pena continuar pela ilha. Uma das igrejas mais bonitas da cidade, a Igreja da Assunção de Maria, fica nas margens do Nevá, e tem a distinção de ser mais conhecida pela época em que ela não foi uma igreja. Durante a União Soviética, os afrescos foram pintados de branco e ela foi transformada em pista de patinação no gelo.
Também na ilha fica o Museu de Arte Moderna mais famoso da cidade, o Erarta, que tem quase três mil obras de artistas russos. É um dos museus mais intrigantes da cidade, com uma exposição permanente e diversas exposições temporárias. Eles também tem instalações próprias dedicadas a testar associações, que tem uma reputação de serem muito interessantes mas que não visitei. Eles se chamam U-spaces, e devem ser marcadas com antecedência.

Esses são meus preferidos, mas tem várias outras galerias e museus na ilha.
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