Além de serem lindos, os jardins Majorelle foram uma boa introdução para a diversidade do Marrocos e geraram uma discussão interessante sobre apropriação cultural. Depois de algumas horas lá, eu não tinha nenhuma dúvida sobre o motivo que o faz estar sempre no topo das listas de atrações de Marrakech. Então vou contar um pouquinho sobre a minha visita aos jardins e aos dois museus lá dentro, o Museu Bérbere e o Museu Yves Saint-Laurent.
Os Jardins Majorelle foram planejados pelo artista orientalista francês Jacques Majorelle. Ele tinha sido mandado pelos pais para o Marrocos quando era jovem para se curar de um problema do coração, e se apaixonou com as cores e a intensidade da luz no país.
Eventualmente ele se mudou para o Marrocos e comprou um terreno enorme em Marrakech. Ele comissionou o arquiteto Paul Sinoir para construiu uma casa em estilo cubista, e a pintou com uma tinta azul que ele tinha criado inspirado por azulejos bérberes. A cor depois ficou conhecida como azul Majorelle.




Majorelle trabalhou nos jardins por quarenta anos, adquirindo espécimes dos cinco continentes, mas os custos disso foram demais para ele. Ele tentou manter o jardim, abrindo-o para o público com uma taxa de entrada. Eventualmente ele vendeu a casa, que estava quase em ruínas. Nos anos 80, Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, ávidos colecionadores de arte, começaram a comprar pinturas de Majorelle, e eventualmente se apaixonaram pela casa e pelo jardim. Eles decidiram comprá-los, e depois os deixaram como herança para a cidade de Marrakech.

Hoje a casa azul-elétrica é um museu, dedicado às populações bérberes do Marrocos. Eles tem uma coleção muito boa, e, como Marrakech foi minha primeira cidade no país, foi uma boa introdução para a sua diversidade. Os bérberes são uma das populações mais antigas do Marrocos, e estavam lá antes dos romanos e dos árabes. O museu conta um pouco sobre a sua língua, e expõe utensílios, jóias, roupas, armas. Ele foi estabelecida por Pierre Bergé com base nas coleções que ele juntou em décadas de viagens pelo país.

Eu também comprei o ingresso para o Museu Yves Saint Laurent, atraída por uma mostra de fotografia de Leila Alaoui chamada “Os Marroquinos”, que foi realmente incrível. Recomendo muito, e sem necessidade do ingresso: ela fica na entrada de trás do museu com entrada livre. Vale procurar pelas exposições temporárias do museu.

O Museu Yves Saint-Laurent é dedicado ao estilista francês, e me senti um pouco fora da minha zona de conforto aqui, porque não entendo nada de moda. Eu estava com uma menina estadunidense do albergue, e vimos as coleções inspiradas pelas viagens dele pela Espanha, pela Rússia, pelo próprio Marrocos, e isso começou uma conversa interessante sobre apropriação cultural, e como essas coleções seriam recebidas hoje. Nós tínhamos posições bem parecidas: a de que é normal um artista se inspirar pelo que ele vê, mas é complicado uma sociedade que estigmatiza a mulher marroquina que na Europa continua a usar roupas tradicionais, taxando-a como uma imigrante que não está se esforçando para fazer parte, mas que vê a européia branca nas mesmas roupas como diva fashionista. Para mim é sempre onde a questão da apropriação cultural acaba, nas relações de poder. No Marrocos a questão apareceu bastante, com tanta gente fazendo henna e comprando aqueles casacos com capuz pontudo.


Contem para e gente nos comentários o que vocês acharam dos Jardins Majorelle ou de apropriação cultural e viagem.
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