Brisighella na Itália não ganha o nome de cidade, é um borgo, uma vilazinha medieval construída ao redor de um castelo. Não só isso: é um dos borghi mais bonitos da Itália, segundo um concurso feito por aqui. Só por isso eu já queria visitar, e quando vi que a cidade teria um festival de trufas, achei que seria o dia perfeito para viajar de Bologna.
Brisighella, a vila das três colinas
A primeira informação que eu li sobre Brisighella foi que ela é conhecida como a cidade das três colinas, porque o centro histórico é cercado por elas, cada uma com uma torre medieval em cima. Pensei na hora em San Marino, lá perto, que é conhecida pelo mesmo motivo, e realmente Brisighella me lembrou de lá.
Mas mesmo antes de subir para as colinas, visitei um dos lugares mais famosos do centro, com a Via del Borgo, também chamada de Via degli Asini, uma rua fechada elevada construída no século XV. Ela tem esse nome, rua dos asnos, porque é como eles eram transportados para as colinas locais, que tinham as matérias primas com que os locais faziam cimento.
Daí para as colinas, e a primeira que vi foi a Torre dell’Orologio, uma Torre do relógio construída no século XIX. É uma trilhazinha bem tranquila para cima, e lá em cima as vistas para a cidade são lindas. Também deu para ver melhor o estranho relógio em que os números só vão até 6, uma tradição local chamada de ora italica. Ela estava aberta para visitação gratuitamente, com uma pequena exposição de fotografias.
Daí para La Rocca, o tal castelo em torno do qual o borgo se formou, e que foi construído no século XIII. Ele foi erguido pela família Manfredi, os senhores de Faenza. Hoje o castelo é um pequeno museu chamado de do homem e do gesso, que conta a história do castelo ao longo dos séculos.
O terceiro é o Santuario del Monticino, uma subida um pouco mais inclinada e que não deu tempo de fazer porque eu e minha amiga priorizamos a comida e andar pelas ruas e não deu mais tempo. Mas sei que ela é uma capela com uma famosa imagem de terracota.
Sempre que vou nessas cidadezinhas, um dos meus passeios preferidos é só andar pelas ruas, e não foi diferente em Brisighella.
Sagra del Tartufo – o festival de trufas em Brisighella
Só em novembro, Brisighella tem quatro sagre, as festas italianas dedicadas à uma comida típica. O primeiro domingo era dedicado à carne de porco, o segundo domingo era da Pera Volpina, o terceiro era para as trufas e o último era para as oliveiras e o azeite. A cidade também é famosa pelos queijos, pelas alcachofras e pela spoja lorda, um prato local de massa recheada de queijo e servida em brodo de frango.
Eu fui no terceiro, dedicado à “Sua Majestade”, a Trufa. Era a época em que se colhem as trufas brancas de outono, então elas eram as estrelas, mas também dava para encontrar o negro de verão. Eu estava muito curiosa de ver o festival e com esperança de comer trufas, mas com medo de ser tudo caríssimo, já que eu sempre vejo notícias de trufas sendo vendidas em leilões por milhares de euros.
Nas ruas, vi várias barraquinhas que vendiam trufas frescas e secas, manteigas, azeites, queijos e cremes feitos com elas, além de cogumelos, chás, peras, azeites normais, embutidos. Experimentei um pouco de tudo, mas segui a dica de uma amiga italiana na hora de comprar e investi nas trufas de verdade. Os azeites e queijos feitos com ela eram tentadores, mas podem ser achados em qualquer época do ano no supermercado, e as trufas são mais difíceis de comprar. Eu ainda estava um pouco intimidada com a idéia de comprar trufas, mas nas barraquinhas era fácil achar trufas brancas a partir de dez euros e trufas negras a partir de cinco euros. Comprei um pouquinho de ambas, o que foi perfeito para tentar umas receitas em casa, e comi trufas por quatro dias direto, já que elas perdem o cheiro e o gosto se guardadas por muito tempo. Foi incrível.
Ainda em Brisighella mesmo, eu fui almoçar no restaurante organizado pelo evento mesmo. Peguei os crostini de outono, que eram um de tomate, um de trufas negras, um de cogumelos e um de peras e que dividi com minha amiga, um Tortelloni com trufas para cada e um litro de vinho, e pagamos vinte euros cada.
Para vir de Bologna, eu peguei um trem até Faenza por meia hora e depois outro para Bologna por um pouco mais de dez minutos.
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