Inhotim: o que ver no Eixo Rosa

O legal de seguir o Eixo Rosa do Inhotim é que você já começa em algumas das obras mais famosas e fotografadas do Inhotim.

Ela começa com a obra Bisected Triangle, Interior Curve, de Dan Graham, bem famosa porque parece um espelho mágico na beira da lagoa. Ela é composta de espelhos côncavos e convexos, que lançam reflexos deformados e por isso realmente me lembram dos espelhos de parques de diversão. Mas é bem mais interessante quando ele também reflete a natureza do Inhotim.

Uma das obras mais fotografadas do Inhotim é o Invenção da cor, penetrável Magic, Square # 5, De Luxe, de Hélio Oiticica. Não só pela obra em si, super colorida, mas pelo posicionamento perfeito, na beira de um lago. A idéia é brincar com a palavra square, em que inglês significa tanto praça quanto quadrado. Assim, tomando o quadrado como base, constroem-se praças, grandes espaços de convívio. O mais legal são as vistas: tanto ver a obra do outro lado do lago quanto ver o jardim de lá de dentro.

Em cima do Centro de Educação e Cultura Burle Marx fica a obra de Yayoi Kusama, Narcissus Garden. Ela foi inspirada pela conhecia obsessão da artista com bolinhas, é claro. E também tem relação com outra performance que a artista fez com bolas de metal idênticas, na bienal de Veneza de 1966. Na época ela vendeu cada uma aos membros da platéia, com uma indicação “Seu narcisismo à venda”.

Elas fazem um bom trabalho de interação natureza x arte no Inhotim, onde refletem a paisagem e se movem pelo jardim aquático de acordo com o vento.

Inhotim Yayoi Kusama, Narcissus Garden

Galeria Lago (G6)

Essa galeria tem obras de vários artistas, que ficam em exposição temporária. Da última vez que fui, vi o holofote colocado em uma sala escura de David Lamellas, que já esteve no Palácio das Artes e as esculturas Correções A, 2001 de Iran do Espírito Santo.

A outra parte da galeria, The Sleeping City, de Dominik Lang, fica lá permanentemente. O artista pegou esculturas feitas por seu pai, Jiří Lang, para falar da história da República Tcheca durante a Guerra Fria.

Marcenaria (G9)

Essa galeria tem apenas uma obra, exposta de forma permanente. A obra do artista Victor Grippo de chama La intimidad de la luz en St. Ives, 1997, e mostra a reconstrução do atelier de um artista iluminado por apenas uma fresta de luz. Para quem gosta dos impressionistas, de Vermeer, de Rembrandt, de Turner, de qualquer artista que procurava retratar a luz, é impossível não ficar pensando sobre o que os inspirou. Nas palavras do artista na plaquinha, “a luz de qualquer lugar atribui sentido às coisas que tendem a ter sentido”. Achei muito bonito.

Inhotim marcenaria

As obras sem título de Edgard de Souza estão entre as mais fotografadas e as mais parodiadas. Toda vez que passo por lá vejo gente fazendo poses como se fossem a quarta escultura. São três imagens inspiradas no corpo do artista, espécie de autorretratos sem rosto, como nos informa a plaquinha.

Inhotim Edgard de Souza

Galeria Doris Salcedo (G8)

Essa galeria só tem uma obra: o trabalho Neither, de Doris Salcedo. Ela cerca as paredes da Galeria com arame farpado, o que eu logo imaginei ser um comentário à violência e segregação das nossas cidades, tanto no Brasil como a sua nativa Colômbia. Depois li na plaquinha que a obra foi pensada depois de uma visita da artista à Auschwitz, o que com certeza dá outra dimensão à obra.

Inhotim galeria Galeria Doris Salcedo

Galeria Miguel Rio Branco (G16)

A Galeria foi construída para abrigar as fotos do artista espanhol Miguel Rio Branco. As obras foram feitas ao longo de trinta anos, começando por uma série no Pelourinho, em Salvador, que então estava muito degradado.

Inhotim galeria miguel rio branco

Galeria Claudia Andujar (G23)

Uma das mais novas das galerias permanentes do Inhotim, essa galeria foi feita para abrigar as fotos da fotógrafa Claudia Andujar. São 400 fotos feitas na Amazônia com o povo Yanomani, durante as temporadas que a artista passou por lá.

Matthew Barney (G12)

A galeria fica fora do caminho principal, e a gente tem que seguir por uma pequena trilha para chegar lá, mas ela parece verdadeiramente no meio do mato. Então é mais surpreendente ainda chegar no domo geodésico que contém De Lama Lâmina, do artista Matthew Barney. A inspiração é no candomblé, no conflito entre Oxum, orixá do ferro, da guerra e da tecnologia, e Ossanha, orixá das florestas e das forças da natureza. Para mim, é uma das obras mais impressionantes do Inhotim.

Também existem alguns pontos do domo em que você pode conversar naturalmente com uma pessoa do outro lado da sala. Eu sempre tenho dificuldade em achar, mas os monitores da sala ajudam com isso.

Inhotim Matthew Barnes de lama lamina

Doug Atkin (G10)

A obra de Douglas Atkin é Sonic Pavilion, uma obra construída especialmente para o Inhotim. A idéia era cavar um buraco de 200 metros no solo, e colocar microfones para captar o som da terra. O som é transmitido em tempo real, em toda a galeria que funciona como amplificador. Parece simples, mas foi fruto de cinco anos de pesquisa.

É muito agradável deitar lá e prestar atenção aos sons, principalmente depois de subir a ladeira até essa obra. Também é legal procurar os lugares em que dá para ver a vista, já que as janelas parecem foscas de alguns ângulos.

Inhotim Doug Atkinson Sonic Pavilion

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