Inhotim: o que ver no Eixo Laranja

Continuando falando sobre as obras para ver no Inhotim, agora com um pouquinho do Eixo Laranja.

Galeria Lygia Pape (G20)

Nessa galeria, fica a obra Ttéia 1C, de Lygia Pape. Ela é composta de fios de materiais diversos dispostos de forma geométrica. Um jogo de luz fantástico nos coloca em dúvida se os fios são feitos de algo ou só fachos de luz mesmo. Essa obra é difícil de descrever, mas é muito linda, e recomendo demais.

Inhotim galeria lygia pape tteia

Valeska Soares (G14)

Essa galeria contém a obra Folly, de Valeska Soares. Por fora, ela é toda espelhada, e por dentro, é inspirada nas boates dos anos 70. Fica tocando ‘The Look of Love”, de Burt Bacharach, tem uma bola de luz de boate, e a intenção é que quem entre interaja, ou seja, dance.

A Viewing Machine é outra daquelas obras que todo mundo procura no Inhotim e que chegam a ter fila. A obra do artista Olafur Eliasson é um caleidoscópio que a gente pode girar 360 graus, para ver a natureza ao redor refletida.

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Vendo a paisagem do Inhotim em um caleidoscópio.

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Galpão (G11)

Essa galeria abriga exposições temporárias. Nas últimas vezes que vi, estava com a obra I’m not me, the horse is not mine, do sul africano William Kentridge. Ele mostra a sua versão para a ópera O Nariz, de Shostakovitch, inspirada no livro de Nikolai Gógol. A obra fala de um homem que acorda um dia sem nariz, e percebe com horror que seu nariz assumiu uma posição na sociedade superior à sua própria. A história fala da obsessão com hierarquia e a burocracia na Rússia dos tsares. Eu amei o livro, amei a música e amei a montagem. Essa é uma das obras em que passei mais tempo, porque dá vontade de sentar e assistir a ópera inteira.

Galeria Psicoativa Tunga (G21)

O Tunga é um dos artistas mais presentes no Inhotim, e essa galeria foi construída especialmente para abrigar alguns dos seus trabalhos. Algumas das mais interessantes são Lezart, mantida junta por força dos ímãs e da gravidade, e Ão, uma filmagem em loop do interior do túnel Dois Irmãos, no Rio.

Inhotim galeria tunga

A obra Piscina de Jorge Macchi é uma piscina mesmo, em formato de lista telefônica. O artista se especializa em aquarelas, e foi convidado pelo Inhotim para fazer uma obra tridimensional pela primeira vez. Nos dias mais quentes, todo mundo nada, e tem um vestiário lá do lado.

Marilá Dardot (G17)

Essa galeria é famosa pela obra A Origem da Obra de Arte, com vasinhos de cerâmica em forma de letras que a gente pode pegar para formar palavras e nomes. Alguns dos potes tem plantas, outros estão vazios, mas fica a cargo de nós entrar no atelier e plantá-los.

Inhotim Marilá Dardot vasinhos de ceramica

Palm Pavilion, de Rirkrit Tiravanija, foi originalmente concebida para a bienal de SP de 2006, e foi montada ao ar livre pela primeira vez no Inhotim. É uma adaptação da Maison Tropicale, uma casa pré-fabricada pensada para os burocratas franceses trabalhando nas colônias africanas, obra do arquiteto Jean Prouvé. Por dentro, ela é decorada com todo tipo de objeto referenciando palmeiras, inclusive cédulas de vários países.

Carroll Dunham (G22)

A galeria é toda dedicada à obra de Carroll Dunham, artista dos EUA. As pinturas são cinco, em uma série chamada Garden, feita especialmente para o Inhotim. A casa não é um pavilhão especialmente construído, como a maioria, mas uma antiga casa de fazenda que já existia antes do parque, e que foi adaptado para a exposição.

Carlos Garaicoa (G18)

Essa pequena galeria expõe uma obra, Ahora Juguemos a Desaparecer (II). Ela mostra uma cidade formada por partes de várias outras, com monumentos de várias cidades famosas, todas feitas de pedaços de velas. A cidade se queima por cinco dias – ao final dos quais eles são substituídos por outra, idêntica.

Beam Drop Inhotim, de Chris Burden, é a recriação de uma obra do artista feita originalmente em Nova York, mas destruída três anos depois. Durante 12 horas, o artista jogou 71 vigas em uma poça de concreto, com a ajuda de um guindaste de 45 metros de altura. O padrão combina o controle do artista, que decidia onde elas seriam lançadas, e a aleatoriedade, os ângulos conseguidos ao acaso enquanto elas caíam. O vídeo completo da performance é ofertado no canal do Youtube do Inhotim.

Inhotim Beam Drop Inhotim, de Chris Burden

Outra obra de Chris Burden, Beehive Bunker fica depois de uma subida bem pesada. Ela é uma simulação de uma estrutura de defesa feita com 332 sacos de concreto instantâneo dispostos em camadas alternadas e com um sistema de irrigação. As fotos da época mostram os sacos inteiros, e a idéia era que a obra se construísse.

Elevazione, de Giuseppe Penone, é uma obra realizada diretamente na natureza, o que combina com o artista e combina com o lugar. Ela é feita com uma castanheira centenária, apoiada com pés de bronze. Ela é cercada por cinco árvores, e a intenção é que elas cresçam e se aproximem da castanheira, parecendo sustentá-la. Alguém consegue resistir à tentação de tirar uma foto lá embaixo?

Galeria Cosmococa (G15)

Essa é uma das galerias mais populares, e como tem um limite de entrada, não é incomum ter fila. Ainda mais porque depois de andar o dia inteiro, entrar lá parece um sonho.

Ela é baseada em trabalhos que o Hélio Oiticica fez em Nova York com Neville d’Almeida, os chamados experimentos de quasi-cinema. Os dois criaram para o Inhotim cinco ambiente de quasi-cinema, com música e projeções.

Há um ambiente com colchões azuis e lixas de unhas sob a projeção do rosto de Luis Buñuel, outro com chão acolchoado e projeção da capa de um livro de Heidegger, um com projeções de Marilyn Monroe em meio a balões coloridos, uma piscina em meio a projeções de discos de John Cage e redes com músicas de Jimi Hendrix.

Inhotim Cosmococa

Cristina Iglesias (G19)

A gente tem que fazer uma pequena trilha para chegar nessa galeria, que está camuflada. Por fora, ela é coberta de espelhos, e por dentro tem imagens de plantas que simulam um labirinto-vivo. No entanto, o centro é inatingível. Fiquei com nostalgia pensando no Jardim Secreto do filme, e meio com vontade de escalar a obra para tentar ver por cima.

Inhotim Cristina Iglesias

Outra na lista de obras que todo mundo fotografa é o Troca-Troca, de Jarbas Lopes, que é um dos símbolos mais conhecidos do Inhotim. São três fusquinhas muito coloridos, com partes trocadas, que andam pelo Inhotim e a gente acha estacionados em locais diferentes.

Inhotim Troca troca jarbas vasconcelos

Galeria Adriana Varejão (G7)

Essa é outra das minhas preferidas!

Em frente à galeria fica a primeira obra, um banco decorado com imagens de plantas alucinógenas de vários países. Ela se chama Panacea Phantastica, e é feita com azulejos, como a maioria das obras da galeria.

A gente entra na Galeria para ver, no primeiro andar, uma construção de azulejos. Entre os azulejos, pedaços de carne, de órgãos. A obra foi inspirada pelo desabamento do Hotel Linda do Rosário, no Rio de Janeiro. O porteiro do hotel tentou tirar todos os hóspedes de lá a tempo, mas um casal não respondeu quando ele bateu na porta nem quando ele interfonou. Na época, sugiram várias hipóteses. Será que eles estavam tão envolvidos que não ouviram nada? Será que resolveram morrer juntos, cansados de esconder o caso? De qualquer forma, dá para imaginar como ouvir a história e ver azulejos nas ruínas do prédio afetou a Adriana Varejão, que sempre gostou de trabalhar com esse material.

Inhotim Adriana Varejão

No primeiro andar, também fica a Colecionadores, em que uma pintura de falsos azulejos continua o espelho d’água do lado de fora.

No andar de cima, fica Celacanto Provoca Maremoto, obra influenciada pelos azulejos portugueses e pelo barroco. Colocados no painel de forma não contínua, são uma referência às restaurações feitas sem cuidado. Assim, as imagens do mar e dos anjos formam um pequeno caos, misturados pelo maremoto. O teto da galeria é decorado com imagens de plantas carnívoras.

Inhotim Adriana Varejão 2

Finalmente, no último andar fica a obra Passarinhos, inspirada no seu tempo passado em uma aldeia Yanomani. Impressionada com a ligação dos nativos com os pássaros, ela fez essa obra.

Inhotim Adriana Varejão 3

Desert Park, de Dominique Gonzalez-Foerster, foi inspirado por pontos de ônibus, é claro. Quando vi o primeiro, fiquei até na dúvida se era um ponto do carrinho de golfe que alguns turistas pegam para atravessar o parque. Mas elas parecem muito fora de lugar no Inhotim, o que explica o nome Desert Park, elas parecem trazidas de um lugar desértico para o meio de um jardim tropical.

Inhotim Desert Park, de Dominique Gonzalez-Foerster

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