Centro Arqueológico da Millennium BCP em Lisboa – 2500 anos da história de Portugal

Bem no centro de Lisboa, em um quarteirão cheio de prédios Manuelinos, fica um museu que conta dois mil anos de história da cidade. Lisboa é uma das cidades mais antigas da Europa, mas a gente não vê muito disso porque tanto da cidade foi destruído com o terremoto de 1755. Então essa é uma oportunidade de literalmente ver as camadas da história da cidade.

Tudo começou quando o banco Millennium BCP resolveu fazer um estacionamento na sua sede da rua dos Correeiros. Eles toparam com estruturas do período pombalino, e resolveram continuar escavando o terreno. Em alguns momentos tiveram que fazer decisões difíceis, tiveram que escolher sacrificar uma camada para continuar procurando por mais, embaixo dela. E depois eles abriram esse centro arqueológico dentro do banco, com entrada gratuita e tours freqüentes.

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Crédito: divulgação

As camadas mais antigas que encontramos são da época grega-púnica, os primeiros povos a habitarem a região de forma contínua. Deles encontramos pouco, cacos de cerâmica que retratam um barco, mas que são o começo do tour. Diz a lenda que Lisboa foi fundada por Ulisses, em meio a suas peregrinações.

Logo depois ficam as camadas romanas, quando esse lugar era uma fábrica de garum. O garum era um molho feito de anchovas salgadas que os romanos colocavam em absolutamente tudo, e chegou a ser parte significativa da economia da pronúncia. Existem vários livros de receita sugerindo o que fazer com garum, mas a receita dele mesmo se perdeu. Mas dizem que o gosto era sutil (não exatamente o que eu imagino quando penso em anchovas), e que o gosto era umami.

Na casa, ele era fabricado em enormes tanques e piscinas, que ainda podemos ver. Alguns mosaicos também aparecem enquanto caminhamos. Por causa da composição da argila, sabemos que alguns dos vasos usados para guardar o garum foram produzidos em Atenas – e isso mostra a amplidão do comércio na época.

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Crédito: divulgação

Alguns séculos se passam, e um dos tanques romanos passa a ser utilizado por sepultura. Um dos corpos ainda está lá, de um visigodo do século V, alguns daqueles que os romanos chamavam.

Mais alguns séculos, e Lisboa é agora uma cidade moura, em que as antigas estruturas romanas encontraram novos usos. Dessa época encontramos um forno e várias ânforas dedicadas a conservar alimentos.

Após a cidade ser conquistada pelos cristãos, encontra-se na casa um vaso para servir vinho produzido na França, ricamente decorado.

Da época quinhentista, quando Portugal se preparava para seu apogeu marítimo com a conquista do Brasil, o museu tem vários artefatos, com o destaque para diversos azulejos.

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Crédito: divulgação

Finalmente, o museu chega na época pombalina, quando o grande terremoto destruiu grande parte da cidade. O marquês de Pombal aproveitou para fazer uma grande reestruturação da cidade com grandes ruas que ligavam as principais praças da cidade, construindo também uma rede de esgotos, pela primeira vez, e um sistema anti-sísmico composto de uma “gaiola” de madeira e azinho.

A maioria do que vemos em Lisboa vem depois dessa época, por isso é interessante ver esse lugar, que conta a história dos séculos anteriores, que mostra os vestígios que tinham sido enterrados pelos tempos e pelo terremoto, que nos lembra de como essa cidade é antiga. Então é um lugar que recomendo muito para quem for a Lisboa.

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