Começou com uma vontade de ver Stonehenge. Mas aí eu li tantos reviews de gente que odiou, que quase desisti. Pensei que no final talvez não valesse a pena. Mas ainda tinha aquela vontadezinha. Continuei pesquisando, e no caminho li mais sobre Salisbury, a única cidade de onde dá para chegar em Stonehenge de forma independente, e foi isso que me decidiu.
Eu cheguei a Salisbury de trem, tendo comprado a passagem meses antes. Eu tinha lido que era melhor visitar Stonehenge primeiro, então comprei a passagem de ônibus para ir para lá, que incluía a entrada no monumento, em Old Sarum e na Catedral de Salisbury. O ônibus era muito bom, com comentários que falavam sobre vários lugares no caminho em dez línguas, inclusive português brasileiro. Para mais informações, inclusive horários, clique aqui para visitar o site oficial. Também fui bem agasalhada, já que era inverno e Stonehenge tem fama de ser frio até no verão, mas estava um calor enorme e acabei segurando meu sobretudo pela maior parte do dia (para ser mais precisa, estava dez graus com sol e depois de um inverno especialmente rigoroso, parecia um calorão).
O motivo pelo qual eu tinha lido tantos relatos ruins sobre Stonehenge é que você não chega nem perto das pedras, a não ser em alguns dias do ano, quando o monumento fica completamente lotado, ou em tours especiais. Eu imaginei que não seria frustrante não tocar nas pedras já que eu sabia com antecedência que era o caso (foi um pouco), e que seria legal apreciar a história de um lugar que é mais velho que a Grande Muralha da China ou o Parthenon (realmente foi).
Ninguém sabe o que Stonehenge era com certeza. As pedras chegam a pesar 55 toneladas, e foram arrastadas desde Gales, entre 2 e 3 mil anos antes da nossa era. Ninguém sabe como ou por que motivo, e por isso é um lugar cercado de teorias e lendas. Muitas delas são contadas pelo próprio audioguide.
- Uma teoria popular é que Stonehenge era um observatório astronômico ou um calendário, capaz de prever solstícios e equinócios. Pelo alinhamento das pedras, a luz bate de formas diferentes no monumento nessas datas, e o acesso a elas é permitido.
- Outra teoria é que o monumento era dedicado aos mortos, e que era também um cemitério. Essa teoria é apoiada pelo fato de que corpos foram encontrados ao redor das pedras, e hoje ficam no museu de Salisbury.
- Alguns estudiosos acham que Stonehenge foi construído como um lugar de cura, e que isso ligaria as duas teorias anteriores. As pedras teriam poder de cura por causa dos elementos astronômicos, e o número de enterros seria das pessoas que não foram curadas. Essa teoria é apoiada pelas propriedades acústicas das pedras, que seriam apreciadas na época e explicaria por que elas foram transportadas de tão longe.
- Outros teóricos pensam que ela foi construída para celebrar a paz entre várias comunidades neolíticas.
- As lendas dizem que o mago Merlin criou o monumento como local de enterro dos reis ingleses. Ele usou um gigante, que carregou as pedras para lá.
- Foram os aliens.
- Foi viagem no tempo.

Fora do círculo, ficam algumas outras pedras que fazem parte do conjunto. A mais famosa é a “Heel Stone”, a pedra do calcanhar. Se você estiver dentro do círculo durante o Solstício de Verão, você vê o sol nascendo em cima dessa pedra.
Stonehenge passou um tempo esquecida do público, até que foi redescoberta por pessoas que se interessavam pelos druidas. Essa é uma ironia enorme, com apontou o historiador Robert Hutton, porque eles chegaram lá quando os arqueólogos estavam provando que o monumento não era obra dos Druidas, como se pensava antes, mas que ele era muito mais antigo. Vários rituais religiosos foram feitos nas pedras nos anos 70 e 80, antes que colocassem as cordinhas que deixam longe das pedras, por motivos de conservação. Foi nesse momento que o lugar se tornou um ícone cultural britânico.
Na volta de Salisbury, o ônibus para em Old Sarum, a cidade foi usada pelos romanos e pelos saxões como uma fortaleza, mas que já existia antes deles. Depois da assinatura da Carta Magna, a cidade foi movida para a localização atual.
Em Old Sarum, dá para ver as ruínas da cidade original, que era cercada, e onde ficava a Catedral anterior. Não resta muito da cidade, mas o que existe, é um dos poucos fortes da Idade de Ferro que restam na Inglaterra (mas eu visitei outro em Skye na Escócia).
De lá, eu peguei o ônibus de volta para a Salisbury, e continuei a visita pela cidade, como vou contar no próximo post.
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A lista de teorias me fez rachar! Muito bom!
As primeiras também foram muito informativas.
Obrigada, Alice. Eu também rio muito com essas teorias.