O Quarteirão da Discórdia em Barcelona

Em um quarteirão do Passeig da Gràcia, três casas foram construídas lado a lado por três grandes arquitetos do modernismo. O choque entre seus estilos levou a que o lugar ficasse conhecido como Quarteirão da Discórdia, ou Illa de la Discòrdia em catalão.

No começo do século XX, Barcelona tinha começado a se expandir. As famílias ricas deixaram o lotado bairro gótico para construir suas casas no Passeig da Gràcia, que já se transformava em endereço nobre. Para nossa felicidade hoje em dia, essa era a época do Modernismo Catalão, então a competição entre as famílias para ter a casa mais impressionante gerou lugares super interessantes para visitar.

Quarteirão da Discórdia Barcelona
Em 1898, o industrial chocolateiro Antoni Amatler contratou o arquiteto Josep Puig i Cadafalch para construir a sua casa no número 41. Até hoje existe uma loja da Amatler no andar de baixo. A inspiração do prédio foi construir uma espécie de palácio gótico urbano, além da influência clara das casas típicas de Amsterdam, na Holanda.

Fachada Casa Amatler Barcelona

O prédio é ocupado por apartamentos e escritórios privados, mas você pode visitar o pátio de entrada, feito para que carruagens pudessem entrar no prédio.

Um elemento interessante da decoração é a estátua de São Jorge e o dragão, que foi uma influência para a Casa Battló, do Gaudí.

Depois veio a Casa Lleó Morera, construída pelo arquiteto Lluís Domènech i Montaner, no número 35. Vários artistas colaboraram com Domènech para remodelar a casa, mas sua influência é a que mais se fez sentir, fazendo com que muitos o comparem com outra de suas obras mais famosas, o Palau de la Musica Catalana. O prédio foi bastante danificado durante a Guerra Civil Espanhola, e só foi restaurado décadas mais tarde.

O primeiro andar pode ser visitado como parte de um walking tour.

Casa Lleo Morera Barcelona

A terceira casa da Discórdia foi a Casa Batlló de Antoni Gaudí, no número 43. Ela tem muitos apelidos, dependendo do que cada um vê nas varandas: espinhas de peixe, caveiras, máscaras de carnaval.

Gaudí tentou favorecer as formas orgânicas da natureza e a luz natural, que ilumina cada quarto da casa. Se a Casa Amatler tem um pequeno São Jorge com o dragão, aqui esse é o tema da fachada inteira. Por isso o telhado se curvaria como as costas do dragão.

O público pode visitar o andar nobre, o andar de serviço e o telhado. Visitantes recebem um audioguide com um app de realidade aumentada, em que você pode ver como o apartamento era decorado ou detalhes da arquitetura criando vida.

Entre a Casa Amatler e a Casa Lleó Morera, dois outros arquitetos contruíram casas: a Casa Bonet de Marcel·lí Coquillat, e a Casa Mulleras de Enric Sagnier. Apesar dos estilos, elas acabaram ofuscadas pelas construções menos sóbrias ao redor, mas, talvez por isso mesmo, também fazem parte da discórdia.

Se você também ama o Modernismo Catalão, pode se interessar pelos nossos posts sobre a Casa Milà, conhecida como a pedreira, a Sagrada Familia ou o Bairro gótico, que apesar do nome é bem eclético e tem prédios incríveis.

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5 comentários

  1. Marina

    Lindos! To pensando em visitar algumas atrações do Gaudì em Barcelona, mas não dá para visitar todas porque são muito caras ; (
    Mas esse negócio com realidade aumentada parece muito impressionante.

    1. Julia Boechat

      São todas muito caras mesmo, só fui em várias porque era uma prioridade. As que eu mais curti foram a Casa Milà e a Sagrada Familia, que acho imperdível. O Parque Güell foi o que eu menos curti, tão lotado que ficava difícil andar lá dentro.

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