Algumas impressões pessoas sobre o que eu vi nos dias que passei no Rio durante as Olimpiadas, no início de agosto.
Viva a vaia
Em todo canto do Rio, protestos e arte de rua lembravam as muitas insatisfações com as olimpíadas e com os acontecimentos políticos do Brasil. Em muitos lugares vi lembretes, em português e inglês, do golpe, dos gastos absurdos, da remoção da Vila Autódromo e outras violências cometidas em nome dos jogos. Vários cartazes perguntavam “Olimpíadas para quem?”, lembrando que a crise na saúde, educação e cultura.
O que eu não gostei de ver foi a censura nos estádios, com pessoas sendo removidas por causa de cartazes, o que a justiça proibiu há pouco. Vamos ver como vai ficar.
Mas só para quem merece
Muito diferente é o caso da vaia a atletas de equipes que não sejam o Brasil. Isso é falta de educação, de respeito e de espírito esportivo. A pessoa se preparou a vida toda para estar lá, e, se está jogando limpo, não merece vaias. Ser competitivo e aplaudir seu time, gritar o nome de uma pessoa, isso é normal, mas não vamos exagerar.
Segundo o Comitê Olímpico Internacional, a missão dos jogos é promover o entendimento mútuo com um espírito de amizade, solidariedade e fair-play. Então, vamos vaiar só quem merece?
As promessas das Olimpíadas
As autoridades dizem que as Olimpíadas já tem alguns legados que podem ser sentidos por todos: o Museu do Amanhã, o VLT, a linha 4 do metrô, o estádio que será convertido em escolas, etc. Mas perdeu uma oportunidade única, fantástica, de limpar a Guanabara. Isso era uma promessa, e por isso agora tem gente disputando provas na baía e ouvindo que é para manter a boca fechada enquanto veleja. E muito pior, tem uma população que já convive com isso há décadas e nem tem mais esperança que algo seja feito.
Olimpíadas de verão? Ou de inverno?
Que as olimpiadas de verão estão acontecendo no inverno do Rio de Janeiro não deve causar nenhuma surpresa a quem já foi lá. A temperatura tá chegando a 30 graus. Mas acho que esqueceram de avisar a quem construiu a cidade olímpica na Barra. Mais uma vez pensei na Expo em Milão, onde coberturas enormes protegiam os visitantes do sol e tinha bebedouros com água natural e com gás. Na Cidade Olímpica você fica muito exposto ao sol, e tudo custa um absurdo. Ela é linda, mas não dá vontade nenhuma de ficar por lá e passear. Pode ter sido de propósito, para não encher demais, mas é bem desagradável.
O hype das Casas Temáticas
Ouvi falar muito das casas temáticas antes dos jogos, e fiquei com a impressão que seria uma mini-expo, com exposições de cultura, inovação e comida típica. Depois de ir à Suiça, Alemanha, Coréia do Sul e Áustria, confesso que fiquei bem decepcionada. A maioria nem tem muito dentro, só um espaço que seria legal para comer algo e beber uma cerveja, se não fossem pelas filas enormes. Elas são bonitas, mas nenhuma delas valia a pena esperar duas horas para entrar, e era o caso para algumas. Ou duas horas para poder comprar um sanduíche de 30 reais.
O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio está cheio de eventos, shows e policiais em todo lugar. Como fui com uma amiga estrangeira que não conhecia a cidade, acabei fazendo uns programas bem turísiticos, como o Cristo e o Pão de Açúcar, que eu não fazia desde que eu era criança. E deu para lembrar por que vem gente do mundo todo para ver esses lugares. A cidade continua maravilhosa.
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