Chegou a vez de Trinidad e Tobago, e a ilha tinha um número enorme de autores que pareciam interessantes, inclusive um prêmio Nobel de literatura. Quando eu comecei a procurar romances, no entanto, o que mais me interessou foi Love after Love, de Ingrid Persaud, muito elogiado pela forma como ele usa a linguagem.
O romance começa com a história de Betty Ramdin, uma mulher presa em um casamento abusivo. Pouco depois que a história começa, ela se torna uma viúva, criando o filho do casal, Solo. Precisando de dinheiro, ela aceita um inquilino, Mr. Chetan, e eles logo se tornam melhores amigos, e Mr. Chetan se torna uma figura paternal para Solo.
O romance explora os anos em que esses personagens vivem juntos, cozinhando e cuidando do jardim como uma família platônica e acidental, mas em que cada pessoa desenvolve um amor profundo pelos outros. Quando uma revelação do passado faz com que eles se separem, eles continuam procurando por relações, mas se vêem limitados por como a sociedade os vê. Betty vive em uma comunidade que espera que ela passe a vida de luto pelo marido que a agredia, Mr. Chetan tem que enfrentar o preconceito da sociedade contra homossexuais, e Solo acaba na situação de imigrante ilegal, e tem que enfrentar todos os problemas que vêm daí.
Eu achei a história muito boa e muito bem construída, mas o que eu curti acima de tudo foi a língua. Até poucos anos atrás, os livros publicados em inglês de escritores do Caribe eram quase sempre escritos em um inglês formal, como o da Inglaterra, e a língua que os locais realmente usam no dia-a-dia era rebaixada, chamada de dialeto, como se arte não pudesse ser feita em patois. Como a autora disse em uma entrevista: “While we hold the English of a tiny minority as the absolute standard, any different use of English becomes othered. By deciding that our English is less than this gold standard we are colluding with the othering of ourselves.” Infelizmente, isso é algo que dificilmente vai aparecer em uma tradução, mesmo se o livro sair em português, mas, para quem lê em inglês, torna o livro uma lição sobre Trinidad e Tobago em mais um aspecto.