Quando eu estava procurando um filme para o Quirguistão, o nome que mais apareceu foi o do diretor Aktan Arym Kubat, também conhecido como Aktan Abdykalykov. Vários filmes seus já foram premiados internacionalmente e ele é conhecido como parte de uma nova onda do cinema quirguiz. Fiquei para o projeto com seu filme Filho Adotivo, que entrou para a lista dos cem melhores filmes asiáticos de todos os tempos, segundo o Festival de Cinema de Busan.
O filme começa com cinco mulheres mais velhas que fazem um ritual de adoção (o nome do filme em quirguiz, Beshkempir, literalmente significa “cinco avós”). Depois, o filme pula cerca de uma década para mostrar a juventude dessa criança, de ser um menino que rouba mel de colméias e sai escondido para ver filmes hindus, a ser um adolescente descobrindo a atração pelo sexo oposto. Tem umas cenas muito bonitas, e outras que me incomodaram como boa feminista-estraga-prazeres que não pode ver nada sem problematizar. Por que bildungsromans focados em homens crescendo sempre tem que mostrá-los espiando uma mulher nua sem o consentimento dela como se fosse bonitinho e uma experiência formativa?
É justamente por causa de uma briga com um outro menino por causa de Aynura, a menina de quem ambos gostam, que o personagem principal descobre que ele é adotado. E isso gera uma crise para ele, que sente muito fortemente a questão de não saber de onde ele vem. O pai dele, que é violento e abusivo, não quer nem ouvir falar da história, ele fica é irritado com o filho por ter causado uma cena. Só a avó, com quem ele tem uma relação de muita cumplicidade, quer que ele saiba mais sobre a família.
O filme foi feito principalmente em preto e branco, com algumas cenas coloridas intercaladas – os intricados tapetes quirguizes, um pássaro, Aynura passando pelos meninos. A fotografia é linda, e ele também nos conta um pouco sobre a vida nas áreas rurais do Quirguistão. Foi um filme interessante, e foi bom para aprender um pouco mais sobre o país.