Quando estava fazendo trinta e quatro graus em Yerevan, a capital da Armênia, a idéia de ir para um lago conhecido como destino de verão dos locais parece incrível. Então, apesar de ter lido várias pessoas falando que Sevan era melhor como day-trip, reservei um albergue na cidade e peguei o ônibus para lá.
O lago de Sevan é o maior lago do Cáucaso, e tem um sexto da área do país. Ele é conhecido como o mar da Armênia, que não tem litoral. Além do lago mesmo, que tem diferentes tons de azul, verde e turquesa, o lugar é conhecido por monastérios medievais, e parecia imperdível.
Eu cheguei na cidadezinha em menos de uma hora, e quando tentei sair metade da van se levantou para me dizer que o lago era a próxima parada e aqui era a cidade. O transporte público na Armênia tem seus defeitos, mas as pessoas sempre queriam ajudar. Eu saí da van e vi na prática o efeito de outra característica do lago, a de que ele fica em uma altitude de quase 2 mil metros. A temperatura tinha baixado quase vinte graus. E eu lá, que tinha colocado o bíquini em um bolso externo do mochilão, e tive ao invés de cavar nele para achar um casaco.
Depois de deixar minhas coisas no albergue e sem esperança de nadar naquele dia, resolvi visitar um dos monastérios na beira do lago. Perguntei na rua onde tinha um ônibus e fiquei um bom tempo esperando, mas acabei desistindo e pegando um táxi.
Então fui primeiro ao Monastério de Hayravank, construído entre os séculos IX e XII. Eu tinha lido experiências de turistas que tinham ido lá e eram os únicos visitando a igreja, por isso fiquei surpresa com o número de carros do lado de fora. Até que entrei e descobri que eu estava entrando de penetra em um casamento. De novo. Isso aconteceu tantas vezes no Cáucaso que eu já estava quase rindo, mas por sorte o casamento já estava acabando e pude visitar a igreja.
O Monastério é cercado por khachkars, também conhecidos como cruzes armênias. Eles são estelas de pedra com cruzes e muitas decorações, e são característicos da arte medieval armênia. Eles também são considerados uma parte importante da cultura armênia, e por isso em vários outros países eles foram esculpidos em monastérios lembrando o Genocídio Armênio.
Acabei pegando carona com uma família que estava lá para o casamento e depois estava indo para o norte. As duas filhas, que tinham 13 e 9 anos, olhavam para mim como se eu fosse um alien, uma brasileira caída do céu dentro do carro delas. Elas me perguntaram muito sobre a minha viagem e se eu estava gostando da Armênia, em inglês. Quando elas não sabiam uma palavra em inglês, perguntavam para o pai em armênio, ele me perguntava em russo, e eu respondia para elas em inglês.
Eles acabaram saindo do caminho deles e me levaram direto ao Monastério de Sevanarank, o próximo que eu queria visitar.
O Monastério foi construído em 874, quando o território ainda estava sob controle persa. Ele é composto de duas igrejas, Surp Arakelots, ou dos Santos Apóstolos, e Surp Astvatsatsin, da mãe de deus. Originalmente, ele foi construído em uma ilha do lago, mas os soviéticos fizeram obras de drenagem no lago, e como resultado o seu nível desceu cerca de 20 metros. Então hoje em dia ele fica em uma península. Eles são muito bonitos por dentro, mas sinceramente nada bate a vista do lago com as igrejas, e são a parte mais bonita da visita.
Sevanarank estava bem cheio de viajantes. Quando saí de lá, vi que tinha um ônibus perto para a cidade, e de qualquer forma seriam só quarenta minutos andando. Mas não tinha nem chegado ao ponto e um casal com um filho pequeno me ofereceu uma carona. Isso era bem tranqüilo na Armênia, que muitas vezes as pessoas me viam andando e ofereciam de me levar, e muitos casais ou famílias, então me sentia super segura.
Para chegar ao lago de Sevan, o melhor é pegar uma marshrutka, uma van soviética, na estação de ônibus no norte de Yerevan. Geralmente, as vans para Sevan saem a cada vinte minutos, e tem placas no alfabeto latino. Em agosto de 2019 custava 600 drams para ir até a cidade de Sevan, ou 900 para ir até o lago, perto de Sevanarank.
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