A Revolução Francesa sempre me interessou. Quando fui a Paris, comecei a procurar online por listas de lugares que tinham a ver com a Revolução, e consegui visitar vários. Alguns são bem óbvios, outros são menos conhecidos, mas de qualquer jeito achei que valia a pena disponibilizar o roteiro que acabei fazendo.
Comecei pelo mais óbvio, a Place de la Bastille. A maioria das pessoas conhece a tomada da Bastilha como o começo da Revolução Francesa. Hoje não resta muito da fortaleza, exceto o desenho no chão que mostra onde ela ficava, que pode te surpreender porque mostra como ela era pequena.
Uma curiosidade é que as suas chaves hoje estão nos EUA, em Mont Vernon, tendo sido um presente de La Fayette a George Washington.
Depois de lá fui ao Musée Carnavalet, que conta a história de Paris. Ele tem uma coleção grande de artefatos da época da Revolução. Quando eu fui lá, ele estava em reformas, e estava uma zona. Algumas salas estavam fechadas sem nenhuma explicação, algumas não tinham informações em inglês e outras nem tinham informação nem em francês. Mesmo assim achei que valeu a pena pelo número de objetos interessantes de várias épocas, inclusive da revolução até o início do século. Hoje ouvi falar que tá bem melhor, se alguém tiver ido recentemente, conta para a gente nos comentários.
Lá perto fica uma das praças mais bonitas de Paris, a Place de Vosges. Originalmente chamada de Place Royale, ela teve essa mudança durante a Revolução em homenagem ao primeiro departamento francês que apoiou o exército revolucionário.
Continuei andando até o Hotel de Ville. O prédio que ficava originalmente aqui foi destruído durante a comuna, em 1871. Ele foi sede de vários acontecimentos da Revolução, inclusive o golpe de 9 de Termidor que acabou com o Terror. Hoje, ele é a sede da prefeitura de Paris. Algumas partes do prédio são abertas à visitação, mas por causa do ataque sofrido pelo prefeito Bertrand Delanoë lá dentro, a segurança é estilo aeroporto. Todas as exposições que vi lá dentro tinham uma fila que andava beem lentamente por isso, mas eram gratuitas.
De lá você atravessei uma ponte para a Île-de-la-cité, para a Conciergerie. Ele era parte do Palais de Justice, usada como prisão. Durante o Terror, ele ficou conhecido como a antecâmara da morte. Alguns dos prisioneiros mais famosos foram Maria Antonieta, André Chénier, o poeta em quem basearam a ópera homônima, Charlotte Corday, Madame du Barry, Danton e, no final, o próprio Robespierre. Eventualmente a revolução fez como aquela frase famosa de Georg Büchner, tornou-se Saturno e devorou seus próprios filhos.
Aproveitei o ingresso combinado que pula filas para visitar também a Sainte-Chapelle, uma incrível igreja gótica na mesma ilha. Ela foi quase destruída durante a Revolução, mas hoje cerca de dois terços dos vitrais ainda são originais.
Na Rive Gauche, na esquina do Boulevard St. Germain com a Rue de l’École de Médecine, onde fica o Couvent des Cordeliers, onde se encontrava o Clube dos Cordeliers. O número 18 é onde Marat morava quando Charlotte Corday o assassinou na banheiro. Lá perto fica a Place de l’Odéon, onde Camille Desmoulins morava. Na rue de l’Ancienne Comédie numero 13 ainda fica o Café Procope, que Voltaire, Rousseau, Danton e Marat freqüentavam.
Louis Philippe II d’Orléans, um príncipe francês, abriu seu palácio, o Palais-Royal, para os jacobinos como refúgio da censura real. Isso lhe ganhou o apelido de Philippe Égalité. A participação dele na Revolução é controversa. A família real o acusou de financiar as primeiras rebeliões e mesmo de causar fome na cidade de Paris para estimular revoltas. Ele votou a favor da morte do rei, e começou a exigir que todos o chamassem de cidadão Égalité. Apesar disso, suspeitas recaíram sobre ele durante o Terror e ele foi executado. Seu filho, também chamado Louis Philippe, tornou-se rei da França em 1830 e foi deposto em 48.
No Jardim das Tulherias costumava ficar o Palácio das Tulherias, que foi destruído em um incêndio durante a Comuna de Paris. Em 6 de outubro de 1789, a marcha para Versalhes obrigou o rei e a rainha a deixarem aquele palácio e se estabelecem em Paris. Eles viveram nas Tulherias por dois anos, depois tentaram escapar do país. Eles foram descobertos e trazidos de volta ao palácio, até o 10 de agosto de 1792, quando a multidão enraivecida o invadiu. A família real teve que pedir proteção à Assembléia, e logo depois foram enviados à prisão.
No final fica a Place de la Concorde, hoje com um Obelisco que os egípcios querem de volta. Mas na época da Revolução, essa era a place de la Révolution, e onde ficava a guilhotina que matou o Rei Luis XVI. Até o último minuto, havia planos para resgatá-lo. O barão de Batz, que depois inspirou o Pimpirnela Escarlate, chegou a tirar a espada e clamar “a mim quem quer salvar o rei”, antes de perceber que a maioria de seus associados tinha sido traída e presa, e que ele estava praticamente sozinho contra a multidão. Ele conseguiu escapar. Nos anos depois da execução, várias polêmicas surgiriam sobre quem votou a favor ou contra a execução e quem foi que mandou que os tambores fossem tocados para abafar as últimas palavras do rei.
Outros que foram executados lá foram a rainha Maria Antonieta, Charlotte Corday, Madame du Barry, Danton, Desmoulins, Lavoisier, Robespierre, Saint-Just e Olympe de Gourges.
Para quem tem interesse na Revolução, também vale muito a pena visitar Versalhes. Não só o Palácio foi a sede de vários eventos da Revolução, mas hoje existe um pequeno museu na Salle du Jeu de Paume, onde o Terceiro Estado fez o juramento de não se dispersar depois que o rei dissolveu os Estados Gerais.
Clique na imagem para ler mais sobre minha viagem para a França.
Procurei lugares da revolução francesa no google e achei seu blog. Muito obrigado por colocar a informação, era o que eu estava procurando mesmo.
Que bom, Fernando. Espero que você curta o roteiro.
Muito interessante!