Lima me lembrou muito das grandes cidades brasileiras. O bairro em que eu fiquei, Miraflores, parece Ipanema, enquanto o Barranco me parecia um Vila Madalena com acesso ao mar. Nesses bairros modernos é às vezes fácil esquecer que Lima é, porém, muito mais antiga do que qualquer cidade brasileira. Felizmente, nem é preciso sair de Miraflores para encontrar resquícios desse passado.
Em Miraflores fica a Huaca Pucllana, uma grande pirâmide construída pela cultura Lima. Os Limas viveram na região entre o ano 200 e 700 de nossa época, e construíram ali um Huaca, um lugar sagrado, que era também um centro administrativo. Depois eles construíram a pirâmide, que também foi usada pelas culturas que se desenvolveram depois na área, como os Wari, que viveram lá entre os anos 500 e os anos 900.
Depois foi usada pelos Ychsma, que viveram lá entre os anos 1000 e 1532, e usaram a pirâmide como cemitério. Todas essas culturas remodelaram o edifício de acordo com seus gostos e com a utilidade que pretendiam dar a ele. Na pirâmide foram encontrados os corpos de três adultos e de uma criança, que teria sido sacrificada.
O lugar também tem uma pequena sala de exposições, e mantém alguns animais como uma llama, patos e alguns porquinhos da índia.
Em um bairro vizinho, San Isidro, fica outra pirâmide, ainda mais antiga, Huaca Huallamarca. Ela foi construída no primeiro séculos antes de nossa era pela cultura Pinazo. A pirâmide foi abandonada no terceiro século da nossa era.
Culturas que ocuparam a região de Lima depois, como os Lima, Wari e Ychsma, já citados, usaram a pirâmide como cemitério. Foram encontrados alguns corpos, embrulhados em um fardo funerário com uma máscara. Alguns deles estão na sala de exposições, e outros fardos na estrutura simulam como eles foram encontrados.
Segundo a informação presente lá mesmo, a pirâmide não tinha originalmente esse formato. Pedras foram retiradas para construir casas lá perto, e houve planos de destruir as ruínas para construir um parque no lugar. Finalmente, ela foi restaurada por Arturo Jiménez Borja, um médico e arqueólogo amador, que fez com que ela acabasse se parecendo uma pirâmide mexicana.
Outro dos lugares mais importantes para ver as civilizações antigas do Peru é o Museu Larco. A coleção deles mostra ao público 4 mil anos de objetos de cerâmica, tecidos e metal. Os objetos em exposição pertencem às civilizações Inca, Huari, Tiahuanaco, Chavín, Paracas, Nazca, Chincha, Lima, Chanchay, Cupinisque, Vicus, Mochica e Chimu.
Achei que a visita foi ótima, em parte porque eu nunca tinha nem ouvido falar da maior parte dessas culturas. Tinha ouvido falar muito dos Incas, com razão, uma menção a algumas outras, e nada sobre a maioria. É um daqueles momentos em que a gente entende a riqueza e a diversidade do continente em que nascemos.
Duas coisas são realmente diferentes nesse museu: você pode entrar nas coleções e ver o que não está em exibição, e tem uma pequena exposição separada com a arte erótica dos povos nativos, que os espanhóis se esforçaram por destruir, então é rara hoje em dia.
Clique na imagem para ler mais sobre o Peru.
Também achei que Miraflores parece Ipanema! Só que com muita escada para chegar na praia. E pirâmides.
Com certeza, haha. Obrigada pelo comentário.