Volta ao Mundo em Filmes: Lesotho – This is not a Burial, it’s a Resurrection

Mais uma vez, eu dei sorte nesse projeto, e sorteei um país um pouco depois que eles fizeram os primeiros longas de sua história. Dessa vez foi Lesotho, um pequeno enclave completamente cercado pela África do Sul, e o filme escolhido foi This Is Not a Burial, It’s a Resurrection, dirigido por Lemohang Jeremiah Mosese.

O filme conta a história de Mantoa (Mary Twala), uma viúva que perdeu o último filho em um acidente de mineração. Tendo sobrevivido a sua família inteira, ela está pronta para morrer, e começa a fazer os preparativos do seu funeral. Só que o governo está planejando construir uma represa no lugar, forçando a população inteira a se relocar, com quase nenhum apoio, e muitas ameaças de violência. Mais grave de tudo para Mantoa, isso significa que eles tem que deixar os túmulos para trás, e que ela não poderá ser enterrada com a sua família.

No início, Mantoa é a voz mais forte contra a relocação forçada, e a gente vê que algumas pessoas a vêem como a velha meio doida, meio bruxa da aldeia. Mas ela consegue fazer com que todos da aldeia questionem essa “modernização” que exige que eles deixem tudo para trás, com poucas esperanças de receber algo em troca. Quando ela começa  a planejar o seu enterro, falando que não quer ser enterrada com roupas de igreja, nem que cantem músicas de igreja, mas que tudo seja local, a gente começa a entender o que é que está sendo ressuscitado.

O local inundado é conhecido pelos locais como The Plains of Weeping, as planícies do choro, antes que colonizadores mudassem seu nome para Nasaretha, como a gente fica sabendo por um contador de histórias que serve como narrador do filme. A represa, aliás, realmente está sendo construída e envolveu a relocação de 8 mil pessoas.

O primeiro longa de Lesotho fez bastante sucesso em festivais, tendo aparecido no Festival de Veneza, em Sundance, e se tornado o indicado do país para os Oscares em 2020. A atriz principal, Mary Twala, infelizmente não viu a estréia, tendo falecido um pouco antes, com tempo apenas de adicionar mais um filme para sua filmografia extensa: ela participou o Black is King, da Beyoncé. O filme é muito interessante, e representou muito bem o Lesotho.

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