Livros e Filmes para Entrar no Clima de uma Viagem para a Polônia

Esse ano, eu voltei para a Polônia, dessa vez para visitar Varsóvia, e acabei fazendo uma listinha de livros e filmes que me interessaram sobre o país. Então divulgando aqui uma lista de idéias para quem quer entrar no clima de uma viagem para o país.

Pan Tadeusz, Adam Mickiewicz (1834)

Um dos maiores clássicos da literatura da Polônia, que ainda é leitura obrigatória nas escolas polonesas. Ele conta uma história de amor na época das lutas do século 19 contra a invasão russa. O romance em versos foi escrito quando o autor, Mikiewicz, estava exilado na França.

Trilogia, Henryk Sienkiewicz (1884-88)

O autor é mais conhecido pelos seus romances sobre a Roma antiga, que levaram ao prêmio Nobel em 1905. Mas resolvi colocar aqui uma outra trilogia dele, de romances que contam a história da Polônia, mas que ainda não saiu em português: Fire and Sword, que conta a história de uma revolta camponesa contra os cossacos, no século XVII, The Deluge, que fala da invasão sueca, e Fire on the Steppe, que fala das guerras entre a Polônia e o Império Otomano.

Este caminho para o gás, senhoras e senhores, Tadeusz Borowski (1959)

Nesse livro, o autor conta as próprias experiências sobrevivendo os campos de concentração de Auschwitz e Dachau. 

A Crown of Feathers, Isaac Bashevis Singer (1960)

Isaac Bashevis Singer cresceu na Polônia na época em que o país tinha uma enorme comunidade judaica, e em que o íidiche era amplamente falado nas ruas de Varsóvia. Antes da invasão nazista, ele emigrou para os EUA e se tornou um autor conhecido, ganhando o Nobel em 78, mas os contos que mais interessam quem for para a Polônia são justamente os Varshavsky, que falam da vida em Varsóvia. 

Dreams and Stones, Magdalena Tulli (1994)

Esse romance conta a história de uma grande cidade sendo reconstruída depois de ser destruída na Segunda Guerra. Ele entra nas vidas das pedras dos prédios, nos sonhos das pessoas, e em objetos conectados com a história da cidade.

Poemas, Wislawa Szymborska (1995)

A obra inteira de Szymborska consiste em cerca de 250 poemas, cuja função, como declarou a poeta no discurso de Oslo, é perguntar, buscar o sentido das coisas.

Com sua poesia indagadora, Szymborska foi chamada “poeta filosófica”, ou “poeta da consciência do ser”. No Brasil, teve poemas esparsos publicados em jornais e revistas ao longo dos anos, e uma edição da Companhia das Letras, com seleção de 44 poemas, introdução e tradução de Regina Przybycien.

Homem de Mármore, Andrzej Wajda (1977)

Um dos clássicos do cinema da Polônia sob o comunismo, Homem de Mármore segue uma estudante, Agnieszka, que tenta documentar a vida de um antigo herói do proletariado, Mateusz Birkut. Ela logo descobre, porém, que a história dele não era tão direta quanto ela pensava.

Rua dos Crocodilos, Bruno Shultz (1934)

O contista Bruno Schulz foi morto pelos nazistas em 42, e não tem um grande número de obras publicadas, mas seus contos hoje se tornaram clássicos da cultura polonesa. Nos livros, ele fala de sua infância, principalmente de seu pai, um excêntrico que importava ovos de pássaros exóticos e acreditava que manequins deviam ser tratados como pessoas.

Medallions, Zofia Nałkowska (1946)

Uma coleção de oito histórias, que cria retratos de sobreviventes do Holocausto. Ela descobriu as histórias quando era membro do comitê polonês para investigação de crimes nazistas.

Decálogo, Krzysztof Kieślowski (1989)

Feito em dez episódios separados, que são baseados nos dez mandamentos. Com isso, o diretor examina a relação da Polônia com religião, moralidade, a Igreja Católica e o Estado polonês contemporâneo. 

The Elephant, Sławomir Mrożek (1957)

42 histórias que satirizavam a vida na Polônia socialista, zombando da absurdidade da burocracia e do sistema totalitário. 

Ferdydurke, Witold Gombrowicz (1937)

A narrativa conta a história da transformação de um homem adulto em um adolescente paranóico. Uma comédia modernista do absurdo.

Ida, Paweł Pawlikowski (2013)

Um filme que reflete a história da Polônia na Segunda Guerra. A jovem Ida (Agata Trzebuchowska) passou a vida toda em um convento, e está pronta para fazer seus votos quando a madre superiora decide que antes disso ela deve conhecer a própria história, e a manda para a casa de uma tia que ela não sabia que tinha. Lá, ela descobre que seus pais eram judeus assassinados durante a Segunda Guerra, e que ela foi colocada em um convento para sua proteção. A sua tia foi uma promotora famosa por perseguir antigos colaboradores, mas só com sua chegada ela vai atrás de procurar saber o que aconteceu com a sua família. O filme foi o nosso escolhido para a Volta ao Mundo em Livros e Filmes, e o review já está aqui.

A Dívida, Krzysztof Krauze (1999)

Baseado em uma história real, o filme conta a história de dois empresários de Varsóvia que procuram um empréstimo para começar um negócio, e acabam se endividando com a máfia russa. 

Rose, Wojciech Smarzowski (2011)

Um filme muito pesado, que conta a história de um sobrevivente da Insurreição de Varsóvia que se muda para o Nordeste da Polônia. Lá ele começa a trabalhar para Rose, a viúva um soldado nazista que desde então sofre nas mãos dos nacionalistas locais e dos soviéticos. O filme foi proibido na Rússia, por mostrar crimes do Exército Vermelho, e controverso na Polônia, pela visão crítica e complexa do nacionalismo.

Kanał, Andrzej Wajda (1956)

Famoso por ser o primeiro filme sobre a Insurreição de Varsóvia de 44, e por como ele mostra os combatentes tentando se mover pela cidade pelos esgotos da cidade. Ele é parte de uma trilogia de Wajda sobre a guerra, junto com A Geração e Cinzas e Diamantes.

A fábrica de Schindler em Cracóvia

A Lista de Schindler, Spielberg (1993)

Um dos filmes mais famosos sobre a Segunda Guerra, ele conta a história de um industrial que contrata judeus para trabalhar em suas fábricas, inicialmente porque eles são mais baratos, mas que decide se arriscar para salvá-los do Holocausto. A Fábrica de Schindler também é um dos lugares mais famosos para visitar em Cracóvia, e aprender sobre a Segunda Guerra.

The Dybbuk, Michal Waszynski (1937)

Esse filme foi muito celebrado na época, e é todo feito em íidiche, língua comum na Polônia da época. O filme conta a história de dois jovens prometidos em casamento pelos seus pais, e, por meio deles, a vida em um shtetl, uma comunidade judaica.

A Última Etapa, Wanda Jakubowska (1948)

Uma das primeiras tentativas de contar o Holocausto em filme, feito por uma diretora e um co-roteirista que eram ambos sobreviventes de Auschwitz. 

O filme conta a história de uma mulher que chega a um campo de concentração e é colocada para trabalhar como tradutora. Ela imediatamente descobre que toda a sua família foi assassinada, e o filme mostra como as mulheres do barracão tentam se organizar para sobreviver.

Adeus, Até Amanhã, Janusz Morgenstern (1960)

Um clássico da Nova Onda Polonesa, que conta a história de um jovem que se apaixona por uma garota francesa nas ruas de Gdansk.

Uma Passageira, Andrzej Munk e Witold Lesiewicz (1963)

Liza está em uma viagem em um navio transatlântico quando ela reconhece outra passageira como a antiga prisioneira de um campo de concentração, onde Liza trabalhava como guarda.

Moonlighting, Jerzy Skolimowski (1982)

O filme é da época em que muitos cidadãos deixaram a Polônia para arranjar emprego na Europa Ocidental. Ele se passa em Londres, onde um grupo de homens trabalha na construçao civil. Nowak é o único deles que fala inglês, e com isso, tem que tomar uma decisão pelo grupo inteiro quando ele ouve notícias sobre a Polônia.

Na Escuridão, Agnieszka Holland (2011)

A história de um homem que salva um grupo de judeus na cidade de Lviv durante a Segunda Guerra ao escondê-los nos esgotos da cidade. A cidade era parte da Polônia até então, e depois da Guerra, passou a fazer parte da Ucrânia.

Solaris, Stanislaw Lem

Um clássico da ficção científica, ele conta a história de um grupo de cientistas estudando um planeta, que acabam sendo eles mesmos estudados pelo planeta, que tem uma consciência. A situação se torna mais complexa quando o planeta manifesta a habilidade de manifestar as suas memórias em forma humana.

Sobre os Ossos dos Mortos, Olga Tokarczuk (2009)

Descrito como um eco-thriller feminista, esse romance segue Janina Duszejko, uma apaixonada por William Blake que está investigando uma série de assassinatos na pequena cidade onde ela vive. Tokarczuk, que recentemente ganhou o Nobel, é conhecida como uma autora hermética, e essa pode ser a introdução perfeita para a sua obra, e por isso foi nosso escolhido para a Volta ao Mundo em Filmes e Livros, e o review já está aqui.

Lovetown, Michał Witkowski (2005)

Romance recente, descrito pelo autor como um “field atlas of Polish queens”. Ele conta a história da comunidade gay no país nos anos soviéticos, por meio de duas queens, Patricia e Lucretia, que passam o tempo seduzindo guardas soviéticos e jovens em praias nudistas nos Bálticos, e vendo os amigos morrerem de AIDS. Vendo a vida “plástica” e consumista dos gays de hoje, elas chegam a conclusão que não é tão interessante quanto durante o comunismo.

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