Volta ao Mundo em Filmes: Libéria: Johnny Mad Dog

Para a Libéria, o representante foi Johnny Mad Dog, de Jean-Stéphane Sauvaire, uma co-produção do país com a França, e um dos poucos longas de ficção já filmados na Libéria. O filme é baseado no romance de mesmo nome do autor congolês Emmanuel Dongala.

O filme é dividido em duas perspectivas, a primeira sendo do personagem título, Johnny Mad Dog (Christopher Minie), um adolescente de 15 anos que lidera um grupo de crianças soldado se aproximando de uma instalação do governo que eles pretendem derrubar. Eles vão de cidade a cidade massacrando a população, cometendo roubos e estupros em cada cidade. Na maioria do tempo, estão drogados com a cocaína oferecida pelo único adulto do grupo, o “general” (Joseph Duo). 

Johnny está com o grupo desde que ele tinha dez anos, e não lembra mais da sua família, da cidade de onde ele veio, e nem do seu nome. O grupo de meninos é igualmente sem raízes: nós ouvimos que quem pedir pela “mãe ou o pai” será executado, e maioria dos meninos só é conhecido por um apelido como “No Good Advice” ou “captain Dust to Dust”. Eles se vestem com o que pilham, e vemos os meninos andando pelas cidades com um vestido de noiva ou asas de anjo. Isso não os torna menos terríveis, e a cena em que eles zombam de uma professora de escola, pedindo que ela defina a área de um triângulo, antes de estuprá-la, é absurdamente difícil de assistir.

A segunda perspectiva do filme é de Laokolé (Daisy Victoria Vandy) , uma adolescente que está tentando fugir dessa violência. Ela tenta cuidar do irmão pequeno e do pai ferido, que ela tem que transportar em um carrinho de mão. Ela tenta achar segurança em um acampamento para refugiados, mas os estrangeiros logo são evacuados, deixando a população desamparada. Em vários momentos do filme, ela se encontra com Johnny, com resultados previsivelmente difíceis.

Falei várias vezes que é um filme pesado, e se torna ainda mais quando a gente sabe que vários dos meninos atores são, de fato, ex-crianças soldado, veteranos da guerra civil. Então deixo vários avisos de gatilhos, mas também a opinião de que o filme, com tudo isso, ainda vale muito a pena e nos mostra muito sobre a Libéria.

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