Volta ao Mundo em Filmes: Paquistão – Cake

Eu sempre olho um pouco por filmes que foram premiados em circuitos independentes antes de escolher um filme para o projeto. Foi assim que bem rápido achei alguns filmes que pareciam interessantes para representar o Paquistão, e acabei escolhendo o filme Cake, de Asim Abbasi.

O filme se centra em uma família paquistanesa. Os pais (Mohammed Ahmed e Beo Raana Zafar) precisam de cuidados constantes, e por isso a filha do meio, Zareen (Aamina Sheikh), vive com eles. Além disso, na casa também vive um funcionário, Romeo (Adnan Malik). O filho mais velho da família, Zain (Faris Khalid), mora nos Estados Unidos com a esposa e o filho, enquanto a filha mais nova, Zara (Sanam Saeed), mora em Londres com o marido. Quando a situação piora, os filhos voltam para casa, e com todos sob o mesmo teto pela primeira vez em muitos anos, e a gente começa a ver o drama familiar.

O filme foca muito na relação entre as duas irmãs. Zareen se ressente de ter que cuidar dos pais e ter desistido do sonho de estudar culinária na França, enquanto a irmã pode conquistar os sonhos dela na Inglaterra. Enquanto isso, Zara se ressente de ser tratada como a irmã pequena, que não consegue fazer nada, e tem ao mesmo tempo que lidar com o seu casamento na Inglaterra estar em péssimo estado, e ainda com a culpa por um acidente de carro, em que ela atingiu uma criança na última vez em que esteve no país. Mas as duas também tem momentos realmente ternos, como quando elas dirigem pela cidade jogando ovos nas casas dos fofoqueiros da família, cansadas de lidar com os boatos. Eu achei que os diálogos no filme às vezes pareciam um pouco forçados, tentando nos dar exposição demais, mas achei que a relação delas funciona, e é um dos pontos altos do filme.

O filme tem uma grande-revelação-dramática que na verdade é bastante óbvia, mas não importa, porque a força dele está nos momentos mais calmos, nos irmãos achando pela casa memórias de infância, conversando sobre como eles se afastaram, e mesmo na forma como eles mudam de língua entre o inglês e o urdu, os os misturam na mesma frase, que os paquistaneses chamam de Minglish.

O filme foi bastante interessante e gerou muita discussão no Paquistão, e achei que foi um bom representante do país. Dependendo de onde você está, ele também pode ser uma boa escolha pelo quesito acessibilidade – em alguns países, ele está na netflix.

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