Um passeio pelo centro histórico de Grodno, Belarus

Se você nunca pensou em ir para Grodno, em Belarus, é porque nunca conheceu ninguém de lá. Geralmente, quando conheço um nativo de Grodno, eles são completamente apaixonados pela cidade, e adoram contar sobre ela, sobre a atmosfera cultural e os prédios antigos. No entanto, quando fui procurar mais informações sobre a cidade, não encontrei quase nada. O Lonely Planet não tem um livro sobre Belarus, apenas um capítulo no livro sobre o Leste Europeu, e um parágrafo sobre Grodno (lá aparece como Hrodno), dizendo que a cidade é uma das poucas do país que não foi bombardeada durante a Segunda Guerra, e por isso ainda tem casas antigas de madeira e uma sensação de vila grande. Procurando online, achei pouco mais sobre isso. Grodno é um daqueles casos raros: a cidade que todo mundo em Belarus parecia amar, mas que os turistas frequentemente nem ouviram falar. Geralmente, para mim, uma situação dessas promete.

A parte sobre as casas de madeira é bem exata

Grodno é uma das cidades mais antigas de Belarus, oficialmente fundada em 1127, mas existem referências à cidade desde 1005. Ela foi parte da Comunidade Polaco-Lituana até 1795, quando a Terceira Divisão da Polônia fez com que a cidade fosse anexada pelo Império Russo. Ela depois se tornou parte de Belarus, mas sempre teve uma ligação muito forte com a Polônia (que é somente a 15 km da cidade) e a Lituânia (que é a 30 km), que permanece até hoje. Muitas pessoas na cidade tem avós do outro lado da fronteira, e falam as línguas desses países. Completando o multiculturalismo da cidade, ela também tinha uma enorme população judia, como grande parte de Belarus: cerca de 50% da cidade, ou mais de vinte mil pessoas. 

A minha visita começou pela beira do rio, indo primeiro na direção do famoso Teatro de Drama, um dos prédios soviéticos mais famosos de Grodno, e onde também fica o letreiro da cidade.

Depois, continuei pelo rio, onde ficam os dois castelos da cidade. O primeiro, chamado de Castelo Velho, foi construído no século XI pelos governantes da Rutênia Negra, que existia na região (a região vizinha era a Rutênia Branca, origem do nome da atual Belarus – Belaya significa branca em russo). O rei lituano Vitaunas, o Grande, transformou a fortaleza em um castelo real, e foi onde o rei Casimir IV recebeu a coroa da Polônia. Hoje ele foi restaurado, e funciona como um museu.

Depois de lá, continuei pelo Castelo Novo, construído como palácio real por Augusto III da Polônia. Ele era conhecido pelos interiores barrocos e rococó, até que o interior foi destruído durante a Segunda Guerra. O Palácio foi reconstruído pelos soviéticos, como fica bem óbvio desde o início pela foice e o martelo na fachada. Hoje, ele também funciona como um museu.

Continuando depois do Castelo, a gente chega à antiga Estação dos Bombeiros, conhecida pela torre, pelo museu que conta a história do prédio e dos incêndios que devastaram a cidade ao longo dos séculos, e pelo mural na fachada, em que uma das figuras foi pintada com o rosto da Mona Lisa.

Perto do castelo também fica a Sinagoga Coral, que foi recentemente restaurada e tem um pequeno museu contando a história dos judeus do lugar. A gente também já teve post no blog só falando sobre os templos religiosos da cidade, e a diversidade que eles mostram.

Continuando pelo rio, fui para a Igreja mais antiga da cidade, a Kolojan de São Boris e Gleb. Ela foi construída no século XII, e é um dos templos mais antigos em funcionamento em Belarus, famosa pela acústica e pelo interior de azulejos. 

De lá, fui para o Museu da Vida Cotidiana, a coleção feita por um local, Janusz Parulis, de milhares de objetos que contam a história da cidade. Parece um episódio de acumuladores, mas tudo está à venda, então é um dos melhores lugares que eu já vi se você quer comprar souvenirs soviéticos, e se você fala russo e pode participar de um tour, então é imperdível.

Depois voltei para o centro  passear pela Rua Sovietskaya, uma das principais da cidade, e que agora é só para pedestres. Bem no início da rua, na parte norte, tem o Nyoman (Нёман), um shopping que leva o nome de uma antiga fábrica de vidro muito famosa de Grodno, e que vale a pena visitar pelo elevador e terraço panorâmicos com vista da cidade.

Rua Sovietskaya

Eu também almocei lá perto nos dois dias, em um dia, em um restaurante de comida da Geórgia (minha obsessão), e no outro, no Королевская охота, nome que em russo significa “a caça do rei”. Ele é especializado em carnes de caça, e é famoso pelo ambiente, dentro de um palácio de Grodno. Também achei os preços muito em conta. Eu e meus amigos pagamos 90 rublos, cerca de 30 euros, por uma refeição com entrada, pratos de carne e vinho.

Julienne de faisão com legumes

Continuando na rua, a gente chega à Praça Sovietskaia, Um dos lugares religiosos imperdíveis é a Catedral Jesuíta, a catedral azul que dá para ver do alto do telhado. do século XVII, que também é um lugar muito importante para a comunidade polonesa da cidade.

Além dela, a praça abriga uma farmácia história, com um pequeno museu que pode ser visitado gratuitamente (e é um ótimo lugar para comprar sabonetes e chás locais), e alguns dos prédios mais famosos de Grodno, como a casa do Mercador Muravyoy, hoje um hotel e restaurante.


Outro dos lugares famosos do centro histórico são duas torres medievais, que são conhecidas como Kasya e Basya. Elas eram originalmente usadas como torres de água, e hoje servem como ateliês para artistas locais.

Na hora do pôr do sol, eu atravessei o rio, e do outro lado tem parques, observatórios, e até um barco abandonado onde dá para aproveitar a hora dourada e o pôr do sol nos castelos de Grodno.

Mais umas fotos de Grodno para fechar o post, porque a cidade realmente é um graça, e realmente é cheia de casas de madeira preservadas.

Painel soviético
Memorial da Segunda Guerra

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