Volta ao Mundo em Filmes: Bangladesh – Made in Bangladesh

Quando chegou a vez de Bangladesh, o filme que mais me chamou a atenção foi Made in Bangladesh, de Rubaiyat Hossain, um drama sobre as famosas fábricas de roupa do país. É um tema que me interessa, porque eu tenho lido muito sobre essas fábricas e sobre fast fashion em geral, e como as roupas continuam sendo produzidas em condições precárias (para não falar que é trabalho escravo) e contribuem para o aquecimento global. Por isso, queria dar uma chance a esse filme.

O filme segue Shimu (Rikita Nandini Shimu), uma mulher de 23 anos que trabalha em uma dessas fábricas. Um dia, a fábrica é evacuada por causa de um incêndio e uma colega de trabalho morre, e começa a se preocupar mais com as suas condições de trabalho. Para quem acompanha as notícias, a cena faz lembrar tragédias como o incêndio de uma fábrica em Dhaka em 2012, e o desabamento de fábricas em Savar, em 2013.

Shimu tenta organizar as colegas para melhorar as colegas para conseguir melhorar as condições da fábrica, e até se encontra com uma mulher local que tenta formar sindicatos, Nasima Apa (Shahana Goswami). No entanto, ela enfrenta muita oposição, dos chefes da fábrica, até seu próprio marido, Reza (Shatabdi Wadud), que está desempregado e depende do salário dela. Muitas colegas também são hostis, com medo de perder o emprego.

A história foca bastante na questão de gênero. As trabalhadoras da fábrica são principalmente jovens mulheres, como um dos personagens diz, elas são contratadas porque os chefes acham que elas são dóceis e não vão se revoltar ou exigir demais. E quando elas fazem exatamente isso, enfrentando os chefes, que são principalmente homens mais velhos, eles agem como se elas estivessem prontas a destruir o patriarcado.

O filme tem um tema muito interessante, mas ele é bem didático. Ele tenta muito fazer o ponto de que união faz a força, de que algumas mulheres juntas podem mudar tudo se elas tiverem força de vontade, mas isso me parece um pouco raso. Por mais que a organização em uma fábrica seja importante, parece uma tentativa de encontrar milhões de soluções individuais para um problema coletivo, e coloca a responsabilidade da mudança nas pessoas mais exploradas de toda a cadeia. No entanto, o filme valeu a pena por mostrar algo que, tristemente, ainda é a realidade para milhares de pessoas em Bangladesh, e que afeta todos nós. Ver uma trabalhadora descobrindo que duas ou três camisetas que ela costura para a GAP pagam o salário dela do mês todo, e ela faz 1600 por dia, é algo que deveria ser passado em toda escola.

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