Vitebsk nos passos de Chagall

Uma das pessoas mais famosas a nascer em Belarus foi o pintor Marc Chagall, mas hoje ele está mais associado com Paris do que com a terra natal. E faz sentido, porque ele morou mais tempo em Paris e porque sua arte foi denunciada durante a URSS, quando doações que ele fez ao país foram recusadas. Mas Chagall foi muito influenciado pela atmosfera de Vitebsk, sua cidade natal, e ele também influenciou a cidade quando ele foi um dos fundadores, depois da Primeira Guerra, de um instituto de arte. Um de seus críticos, Michael Lewis, escreveu que durante a vida ele permaneceu um artista enfaticamente judeu, cujo trabalho eram um devaneio sonhador sobre Vitebsk. Por isso, vale a pena conhecer a cidade que tanto o inspirou, e seguir um pouco os passos de Chagall.

Sobre a cidade, quadro de Chagall que mostra a cidade de Vitebsk. Crédito: wiki commons
O artista sobre Vitebsk, crédito: wiki commons

O primeiro lugar que eu fui visitar relacionado ao pintor foi a Casa-Museu Marc Chagall, o lugar onde ele nasceu e cresceu. E no caminho já tinha o primeiro lugar interessante, uma estátua do pintor. Ela foi feita pelo artista local Gvozdikov, e mostra uma visão de Chagall, já mais velho, voltando para Vitebsk.

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Casa-Museu Marc Chagall fica na rua Pokrovskaya, onde o pai do artista a construiu no início dos anos 1900. Chagall escreveu sobre o lugar na sua autobiografia, Minha Vida. Hoje, ele exibe objetos da época, fotos da família, e algumas gravuras originais do pintor. Eu não imaginei que eles teriam nada original, então foi legal ver as gravuras, mas também curti muito como elas eram imagens íntimas, que mostravam Chagall com sua família. 

Todo 6 de julho eles têm um festival em que eles encenam imagens tiradas dos quadros de Chagall.

Dá para ver a relação entre Chagall, Paris e Vitebsk na estátua “Melodia de Vitebsk em um violino francês”, de Valery Moguchy, que mostra as diferentes influências do escultor.

A região perto da casa é cheia de casas parecidas, de tijolos vermelhos, que eram típicas da população judaica de Vitebsk no final do século XIX. Durante a segunda guerra, a maioria dessas casas foi destruída, e a população foi enviada para campos de concentração, mas hoje a gente ainda consegue ver um pouco do que a cidade era. A sinagoga onde a família de Chagall ia hoje é só uma fachada, mas tem promessas que ela seja restaurada em breve.

Depois, fui para o Museu de Arte Chagall, que mostra obras do pintor. Eles tem várias litografias, com uma série que ilustra o romance Almas Mortas, de Gógol, e com temas tirados da Bíblia.

Além disso, eles também tem uma série de obras de pintores judeus da época, que mostram como era a vida na cidade na época. Eu também gostei muito disso, porque às vezes em museus assim parece que eles adicionam pinturas só para “encher a coleção”, mas nessa o museu realmente parecia coeso, e foi muito interessante.

Finalmente, tem o Museu de Arte de Vitebsk, que é conhecido pelas pinturas de vários dos professores de arte de Chagall, começando por Yudel Pen. Além disso, o museu tem obras de vários mestres russos do século XIX, como Repin e Makovsky, e de pintores locais de Vitebsk.

Retrato de Chagall, por seu professor, Yehuda Pen. Crédito: wikicommons

Além disso, também passei pelo Instituto de Arte que Chagall fundou, onde Malevich, Lisitzky, e Ermolaev estudaram. Agora está fechado para reformas. Há promessas de que ele em breve será transformado em um novo museu sobre os pintores de Vitebsk, mas ainda não tem previsões de quando ele pode abrir, infelizmente.

Além dos lugares mais diretamente ligados a Marc Chagall, vale a pena caminhar pela cidade e ver o horizonte cheio de colinas e igrejas que tanto inspirou o artista. Mas isso vem em outro post, que vai focar em um passeio pelo centro da cidade.

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