Volta ao Mundo em Filmes: Cuba – Agosto

Na hora de procurar um filme para representar Cuba, o que mais me pareceu interessante foi Agosto, de Armando Capó, pelas comparações com o neorealismo italiano, e por falarem que era um filme intimista, que mostrava uma época difícil pela perspectiva de um menino.

O filme segue Carlos (Damián González Guerrero), que acaba de terminar o ensino fundamental. Ele e os amigos aproveitam as férias de verão, e pensam no que fazer no mês de agosto, antes de começar o ensino médio em setembro. Ele passa a maior parte dos dias com o melhor amigo, Mandy (Alejandro Guerrero Machado), e tentando começar um romance com Elena (Glenda Delgado Dominguez). Um dia, explorando um prédio abandonado, eles vêem um casal, que dizem para os jovens que eles são biólogos. Eles não acreditam muito, mas também não pensam muito a respeito. É depois que fica óbvio quem eles são, “balseros”, pessoas tentando seguir para os Estados Unidos em barcos improvisados.

O filme se passa durante a crise que se seguiu ao colapso da União Soviética. Sem a ajuda financeira, a ilha se viu sem condições de comprar quase nada, e as histórias dos mercados vazios ainda são contadas hoje em dia. As condições se tornaram tão difíceis que muitas pessoas resolveram se arriscar em barcas feitas em casa, tentando chegar aos Estados Unidos.

Carlos, como a maioria dos meninos da idade, não se preocupa muito com política, e seus pais (Lola Amores e Rafael Lahera Suárez) tentam esconder dele as dificuldades pelas quais passam. Em casa, Carlos tenta cuidar da avó (Verónica Lynn López), que está morrendo, e as relações dele com ela e com a colega, Elena, são as maiores procupações dele. Mas agora toda vez que liga o rádio, ele ouve sempre histórias de famílias inteiras desaparecidas no mar tentando sair do país. E durante o mês, ele vê as casas ao redor se esvaziarem, enquanto seus amigos desaparecem sem dizer nada. Em casa, ele vê os móveis e as roupas melhores da família desaparecendo, inclusive os objetos amados da avó, enquanto eles tentam conseguir um pouco mais de dinheiro. A gente vê o Carlos crescendo não só por causa da sexualidade, mas por como os pais não podem mais protegê-lo da realidade que o cerca.

Achei que foi um filme muito bom, muito interessante, e que fez juz à promessa de filme intimista. Ele mostrou muito sobre a vida em Cuba sem cair em discursos fáceis, e só isso já é difícil quando a gente procura algo para representar o país.

Deixe uma resposta