Volta ao Mundo em Filmes: Vanuatu – Tanna

Os filmes e livros das ilhas do Oceano Pacífico tem sido os mais difíceis de encontrar.   Quando existe um filme ou livro, eles simplesmente não aparecem nos lugares onde eu geralmente os encontro. Então fiquei feliz quando apareceu a oportunidade de ver um filme de Vanuatu, e ainda mais porque realmente gostei do filme Tanna, de Martin Butler e Bentley Dean, o primeiro filme filmado inteiramente no país.

O filme se passa em Tanna, uma das ilhas do arquipélago de Vanuatu, em uma comunidade aborígene conhecida como Yakel, e com atores que são realmente locais. A história também é baseada em uma história que realmente aconteceu na ilha nos anos 80, mas também é universal o bastante para gerar comparações frequentes, principalmente como Romeu e Julieta no sul do pacífico. O filme segue dois jovens, Wawa (Marie Wawa) e Dain (Mungau Dain), que se apaixonam, mas cujo relacionamento é tabu porque a ilha segue o costume de casamentos arranjados. Se o relacionamento dos dois já era difícil, fica ainda mais quando o curandeiro dos Yakel (Albi Nangia) é atacado por homens de uma outra comunidade, os Imedin. Para manter a paz entre as duas comunidades, eles resolvem que uma jovem de cada comunidade deve se casar com um homem da outra. Obviamente, Wawa é a escolhida entre os Yakel.

A história não é nova, é claro, mas gostei de como os diretores a colocam como uma questão entre o que é melhor para o indivíduo e o que é melhor para a sociedade, além das comparações que eles fazem – quando as anciãs da vila estão tentando convencer Wawa, citam a rainha Elizabeth como exemplo de um casamento arranjado bem sucedido. Além disso, curti muito como eles mostram rituais como a festa que comemora a maturidade de Wawa, que nos dão um vislumbre da cultura local, mas sem parecer uma visão de fora, exoticizadora. Acho que isso vem do fato de que, embora o diretor seja um australiano, ele passou sete meses vivendo em Tanna com sua esposa e filhos, e realmente se dedicou a contar uma história deles. Os habitantes da ilha também foram os primeiros a ver o filme, em 2015, antes que ele fosse mandado para festivais e críticos.

No final fiquei muito feliz em ter achado esse filme, e realmente foi uma ótima oportunidade de ver algo das ilhas do pacífico.

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