Volta ao Mundo em Filmes: Cazaquistão – Os Proprietários

Quando eu procurei um filme para ver sobre o Cazaquistão, achei basicamente dois tipos de filmes, épicos que romantizam a história do país, feitos com orçamentos hollywoodianos, ou pequenos filmes independentes que fazem sucesso em festivais internacionais. Escolhi um dos últimos, com um filme de um diretor que já apareceu várias vezes no Festival de Cannes: Os Proprietários, dirigido por Adilkhan Yerzhanov. 

O filme conta a história de três irmãos, o mais velho, John (Aidyn Sakhaman), lutando para reconstruir a vida depois de um tempo na cadeia, o que torna quase impossível para ele conseguir um novo emprego, Yerbol (Yerbolat Yerzhan), um adolescente que sonha em se tornar ator, e Aliya (Aliya Zainalova), uma menina de doze anos sofrendo de epilepsia. Quando a mãe deles morre, eles se vêem sem muitas alternativas na capital Nur-Sultan, e se mudam para a pequena vila onde a mãe deles tinha uma casa. 

O problema é que na primeira noite deles na casa, eles se encontram com Zhuba (Bauyrzhan Kaptagai), um homem da vila que tinha ocupado ilegalmente a casa pelos últimos dez anos, e que exige que eles devolvam a casa ou paguem por ela. Os irmãos vão até a polícia, afinal eles têm os documentos da casa, mas logo percebem que não vão conseguir nenhuma ajuda, porque o chefe de polícia é o irmão de Zhuba (Nurbek Mukushev). Eles ainda tentam conseguir ajuda do governo, representado por um burocrata inflexível atrás de uma janela, cujo rosto eles nem mesmo conseguem ver. 

O filme assume tons farsescos quando se torna mais violento, o que gerou comparações frequentes com Charlie Kauffmann e os romances de Kafka. Também já li críticos que compararam o final a uma alucinação causada pela febre, mas que funciona muito bem como uma crítica ao sistema em que os três irmãos vivem. Além disso, o esquema de cores que é comparado com Vincent Van Gogh, cujas pinturas decoram a casa dos irmãos, e Wes Anderson. O filme me deu muita vontade de ver outros do diretor – A Gentil Indiferença do Mundo também foi exibido em Cannes, em 2018, e Os Construtores também acompanha essa família, alguns anos antes. Realmente adorei o filme, e achei que foi uma ótima escolha para o Cazaquistão.

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