Um itinerário pela cidade de Brest, em Belarus

Brest foi a primeira cidade belarussa que visitei depois da capital, Minsk, onde eu faço um curso de russo. E já me deu uma noção completamente diferente do país. Minsk foi muito destruída durante a guerra, e quase completamente reconstruída em estilo socialista, mas em algumas cidades dá para ver como o país costumava ser. Brest tem uma história longa, e é uma cidade charmosa e cheia de cafés que realmente vale a pena visitar.

Uma história breve da cidade

Brest sempre foi um enorme encontro de culturas. E dá para ver isso até nos diferentes nomes que a cidade teve ao longo dos anos. Ela foi fundada durante por eslavos durante a antiga Rus, em 1019, com o nome de Берасце ou Berastse, em belarusso antigo. Durante a maior parte da Idade Média, o território foi parte do Grão Ducado da Lituânia, e em lituano ela tem o nome de Brasta. Depois, quando o país se uniu com a Polônia, ela ficou conhecida como Brześć Litewski, a “Brześć lituana” ou Brześć nad Bugiem, “Brześć no rio Bug”, para diferenciar da Brześć polonesa. Ela entrou com esse nome no império russo, como Brest-Litovsk, nome que ainda aparece nos nossos livros de história porque foi onde foi assinado o tratado que tirou a Rússia da primeira guerra mundial, com enormes perdas de território. Ela ainda era conhecida em Yidish como בריסק‎, ou Brisk, já que Brest tinha uma enorme população judaica, e em Ucraniano como Берестя, ou Berestya. Hoje ela é chamada de Брэст em belarusso e Брест em russo, ambos romanizados como Brest, já que é parte de Belarus, país em que as duas línguas são comumente usadas.

Também uma das avenidas principais, a Masherova, passou por essas transformações, como dá para ver em uma placa lá. Ela era simplesmente a Shosseinaya (шоссейная), a avenida, até quando o território foi ocupado pelo Império Russo. Então ela ganhou o nome de um tsar, Aleksandr I, de 1913 a 1919. Quando o território passou para a Polônia, com o tratado de Brest-Litovsky, ela foi chamada de Jagiellonska. Depois da Segunda Guerra, Brest virou parte da República Soviética de Belarus, e a rua virou a Moskovskaya. E desde os anos 90 ela é a Masherava, nome de um governante de Belarus da época soviética.

O que visitar em Brest?

A atração mais famosa da cidade é a Fortaleza, conhecida pelo seu papel na Segunda Guerra, e que já teve post próprio. Ela fica a cerca de 25 minutos andando do centro da cidade, e o caminho é bem agradável, e realmente é uma atração imperdível em Brest.

No centro da cidade, a atração mais famosa é a rua Sovietskovo, uma rua para pedestres super charmosa. Ela realmente mostra o melhor de Brest, com prédios históricos que dão uma visão completamente do país para quem foi a Minsk, além de cafés e bares.

Além disso, uma atração enorme de Brest são os fonarshiki, os funcionários da cidade que toda noite, não importa se tenha chuva ou neve, acendem manualmente os postes antigos da rua. O horário depende da época do ano, mas tem um relógio que conta a hora exata em que isso acontece, bem na esquina da rua Sovietskovo e a Masherova. Ele é decorado com um morcego, símbolo que Brest nunca cai na escuridão, graças ao trabalho dos fornashiki. Eles se tornaram personagens locais, e quando eu fui, estava bem lotado de gente para vê-los.

No encontro com a rua Gogolia, famosa pelos parques, fica o memorial do milênio. Ele foi construído em 2009, dez anos antes de quando Brest, fundada em 1019, completou um milênio de história. Aliás a rua Gogolia também é charmosíssima, decorada com postes que fazem referência aos trabalhos de Gógol.

Na rua também fica o Cinema Belarus, famoso por ter sido construído no lugar onde ficava uma Sinagoga, memória de quando Brest ainda tinha uma enorme população judaica, antes da tragédia da Segunda Guerra.

Além dos museus na Fortaleza, tem dois outros na cidade que eu achei que valem a pena: o Museu de Arte Confiscada. Brest foi por anos uma fronteira da União Soviética, e por isso foi onde foram confiscados vários itens que pessoas tentavam tirar do país ilegalmente. Além de arte russa, principalmente ícones medievais, ele tem sedas japonesas e vasos chineses, mas todos esses objetos tem algo em comum: os seus donos nunca foram encontrados. Então hoje eles são todos expostos no Museu, inclusive alguns com informações sobre como pessoas tentaram contrabandeá-los para fora da União Soviética. Um dos ícones, por exemplo, foi cortado e escondido em uma lata de suplemento alimentar. É um museu pequeno, mas com objetos bem diferentes, e que vale a pena.

Além disso tem o Museu de Estradas de Ferro, um museu ao ar livre com locomotivas e carruagens desde 1903. Dá para entrar na maioria deles.

Como Brest é conhecida pelo rio, também é bom passear pela beira, que hoje é cheia de parques e cafés.

Também vale a pena ver o Mercado Central, famoso pelo enorme teto de madeira.

E terminando com um poquinho mais do centro.

Se você quiser um bate-e-volta, de Brest também dá para visitar o Parque Nacional Białowieża, onde dá para ver o Bisão-europeu, um animal que praticamente só existe em Belarus, e é o símbolo nacional do país.

Dá pra visitar Brest a partir de Minsk, e são entre 3 e 4:30 horas de trem. A cidade também é uma parada conveniente entre a Polônia e Belarus, já que fica bem perto da fronteira.

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