A minha mudança para Belarus no meio do inverno e da pandemia

A primeira vez que eu ouvi que Minsk era um bom lugar onde estudar russo, foi em um albergue na Geórgia, em que uma menina belga estava me contando as experiências dela em Belarus. Ela me passou o contato dela e depois me deu muitas informações sobre como vir para cá, o que me ajudou muito. Depois uma professora da faculdade também me falou que tinha ouvido que era um bom lugar para vir. Então quando eu acabei me mudando para Minsk – no meio de uma pandemia e de um inverno de menos vinte graus – eu não tinha tantas informações, e confesso que vim meio às cegas. Além disso, com a covid e tudo mais, muita coisa tinha mudado. Resolvi escrever um pouquinho sobre como foi para quem tiver interesse.

O início do processo foi bem tranquilo. A menina que conheci tinha estudado na MGLU, a Universidade Federal Linguística de Minsk. O site tem várias informações sobre datas de início de cursos, preço, níveis, etc. Então eu escolhi o que eu queria, providenciei uma tradução certificada do passaporte, como pediam, e mandei tudo para o e-mail indicado no site. Recebi uma resposta automática, e alguns dias depois uma resposta que dizia somente que eles iam me mandar uma carta convite em breve para que eu pudesse fazer o visto. 

Em um parque de Minsk

Recebi um novo e-mail deles com a carta convite no dia 18 de novembro, que falava que era para eu chegar 14 dias antes do início das aulas para fazer isolamento por causa do covid (ou seja, em menos de um mês), e me informando o endereço do dormitório onde eu ficaria na universidade. Eu mandei um e-mail com dúvidas, perguntando se o isolamento poderia ser no dormitório mesmo, ou se eu tinha que reservar um lugar, e perguntando sobre a carta convite, que falava que eu ia fazer um curso de três meses quando na verdade eu tinha me inscrito para um de cinco. Eles me responderam que eu podia ir para o dormitório, e que era assim mesmo, que em Belarus eu ia pedir para estender a estadia. Ainda estava confusa e mandei outro e-mail, que eles não responderam, mas enquanto isso fui me preparando para o visto.

Menos de uma semana depois eu já estava na embaixada em Roma para fazer o visto, e lá a atendente, que foi super simpática, confirmou que o visto de estudante era de três meses, e que lá eu ia fazer um “permesso di soggiorno” para ficar mais. A essa altura eu ainda estava cheia de dúvidas, mas a universidade não estav respondendo mais. Então fui para Belarus dependendo de uma universidade que não me respondia há um mês e meio. Tabém fiz meu teste de covid, outra chatice porque tinha que ser feito menos de 72 horas antes do vôo, mas os laboratórios na Itália falaram que provavelmente não ficaria pronto a tempo. Mas finalmente consegui chegar em Minsk, e lá tudo foi mais tranquilo.

Inverno em Minsk de novo

Eu fiquei dez dias sozinha no dormitório da universidade, e eles estavam usando um andar do dormitório só para quarentena. Eu estava sozinha na unidade, com quarto, banheiro e cozinha. Depois da quarentena, eles me mudaram para o décimo andar, em um apartamento com outras estudantes internacionais (tinha uma menina que também estava estudando russo, uma que falava o russo bem e pouco inglês, e duas que faziam cursos em inglês e não falavam russo). Só depois fui para a universidade, onde no primeiro dia paguei pela universidade e o dormitório e fiz meu teste de nível, e já comecei as aulas de russo no dia seguinte. Depois, conversando com as meninas do apartamento, vi que tivemos muito em comum no processo. Elas também reclamaram de terem tido questões com o visto, e a universidade não ter respondido, e elas terem chegado meio perdidas sem saber se era assim mesmo. Mas nós todas achamos que quando chegamos, vimos que o povo na universidade é super simpático.

Não foi nada fácil me mudar no meio do inverno, quando as meninas do meu quarto estavam indo para parques para tentar o “Dubak challenge”, em que você joga água fervendo para cima e ela congela antes de chegar em você. Também não foi fácil me mudar no meio de uma pandemia, mas não dava para sentar e esperar dois anos até tudo mudar – e esperemos que mude. E mesmo com poucas informações e tantas complicações, acabou que deu tudo certo. Então em breve vou publicando um pouco mais sobre estudar e morar em Minsk, e sobre os lugares que visito por aqui.

Para ler todos os posts sobre Belarus, clique na imagem abaixo:

Deixe uma resposta