Um dia pela história antiga da Sardegna: A Necrópole de Anghelo Ruju e o Nuraghe Palmavera

Um dos meus dias em Alghero foi dedicado a conhecer lugares arqueológicos, e descobrir um pouco mais das civilizações que viviam na ilha desde a Idade do Bronze.

A Necrópole de Anghelu Ruju

Essa Necrópole é um dos monumentos mais importantes da Sardegna da época pré-nuráguica, e alguns dos túmulos vem do neolítico, tendo sido construídos em 3000 AEC. A Necrópole foi descoberta por acidente, durante uma expansão do vinhedo Sella & Mosca, um dos mais famosos da ilha. Quando as escavações começaram, eles acharam 38 domus de janas, “casas de fadas” como são conhecidos esses túmulos escavados na pedra.

Do lado de fora de cada um, tem uma plaquinha falando mais sobre esse túmulo, o que foi descoberto lá, e mostrando um desenho do formato que ele tem por dentro. Então você pode entrar, e ir de câmara a câmara nos antigos túmulos. Eles não tem iluminação, então é bom ter uma lanterna ou a câmera do celular, e eles não foram completamente escavados, então só tinha uns dois em que eu consegui ficar de pé, e eu tenho 1,57. Nos outros, era ficar de cócoras passar rastejando de um lugar para outro. Então quem é claustrofóbico, melhor ver por fora, mas tinha muita criança lá indo de um túmulo a outro se sentindo o Indiana Jones.

Minha amiga que tirou essa foto a chamou de foto da Júlia-Dora-a-Exploradora

Em um momento, eu entrei em um dos túmulos mais famosos e apontei a câmera para um lado onde dava para ver que tinha algo, mas sem ter muita certeza do que era. A foto, que ficou um pouquinho torta, pegou essa janela. Eu tive certeza que quando chegasse em casa, eu ia ver algo que parecia um rosto, e que eu não tinha percebido lá, e que era uma entidade que ia me perseguir e matar a minha família porque eu perturbei o seu túmulo. Ou talvez eu esteja vendo filmes de terror demais. De qualquer jeito, se algo estranho acontecer, podem voltar aqui e procurar o rosto que inevitavelmente vai aparecer me encarando.

O complexo nuráguico de Palmavera

Uma das civilizações que se desenvolveu na Sardegna foram os nuráguicos (ou civilização nuralgica em italiano), que se desenvolveram lá a partir do século XVI AEC. O nome da civilização vem dos Nuraghe, as fortalezas que eles construíram por toda a ilha. Hoje, ainda existem cerca de sete mil, e um deles, Barumini, é o único monumento sardo considerado um patrimônio da humanidade pela UNESCO.

O complexo fica dentro do Parco di Porto Conte, um complexo enorme de lugares que inclui belezas naturais e lugares históricos. Tem outro nuraghe lá, Sant’Imbenia, uma vila romana e as Grutas de Netuno, entre outros lugares. 

O nuraghe de Palmavera é um nuraghe complexo, ou seja, com mais de uma torre, que começou a ser construído em torno do século XV AEC. Ao redor da torres, ficava uma pequena aldeia, com cabanas com tetos de palha.

Palmavera foi abandonada depois de um incêndio no século VIII AEC, mas depois foi esporadicamente usada pelos povos que viveram na Sardegna nos séculos posteriores, como os fenícios, os cartaginenses e os romanos, como foi comprovado pela cerâmica que foi descoberta lá, e que hoje está no Museu Arqueológico em Alghero.

Como chegar: essa é a parte complicada. Chegar em Anghelu Ruju com transporte público era impossível quando a gente estava lá. Nós achamos dois ônibus que iam para lá, um que chegava lá às 8 da manhã, e um que chegava lá às 15:30, sendo que o lugar só abre entre às 10 e 14. Tentamos nos juntar à uma excursão da companhia de ônibus Cattogno, mas não rolou porque éramos as únicas interessadas. No final, resolvemos pegar um táxi, já que era o único jeito de chegar, pensando em andar até um lugar com transporte público na volta, mas a gente se viu em um lugar na beira da estrada, sem calçada, e não tinha como sair de lá sem carro. Ou seja, tivemos que pegar outro táxi e a brincadeira saiu cara,

Para Palmavera, tem mais opções, mas a maioria dos ônibus te deixa a cerca de vinte minutos de lá andando. Tem uma micro calçada e não é perigoso, mas definitivamente não foi uma caminhada agradável, porque não tem nada por lá e a gente caminhou no sol.

A gente foi para a Sardegna em setembro de 2020, e embora viagens pela Itália fossem permitidas, muitos lugares estavam com horários reduzidos por causa da pandemia. Então isso pode ser um dos motivos pelos quais foi tão difícil chegar nesses lugares, e recomendaria quem vai em outras épocas e olhar de novo. Mas infelizmente, parece que os lugares históricos são bem mais difíceis de ver que as praias.

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