Volta ao Mundo em Filme: Bolívia – Zona Sur

Esse projeto sempre me dá a chance de preencher lacunas, não só por ver filmes e ler livros de países diferentes, mas também por procurar diretores e autores dos quais eu já ouvi falar, mas ainda não tinha oportunidade de conhecer. Foi assim quando chegou a hora da Bolívia, porque já tinha ouvido falar muito do diretor Juan Carlos Valdivia, e principalmente de um filme seu, Zona Sul.

O filme se passa quase todo dentro da casa de uma família de classe alta em La Paz, onde vivem uma mulher divorciada, seus três filhos, e dois empregados aymarás. O início já me pareceu muito próximo do que a gente vê da classe alta brasileira, uma cena sul-americana. Começa com os dois empregados, Wilson (Pascual Loayza) e Marcelina (Viviana Condori), que cozinham o almoço que a patroa pediu. Depois ele serve todos à mesa, indo e voltando para atender os pedidos. Ele traz a salada para a filha, Bernarda (Mariana Vargas), que a mãe coloca sempre de dieta porque ela acha que as mulheres tem que ser magras. Os homens, ao contrário, ela acha que ficam até mais charmosos com uma pancinha, e ela pede um bife extra para o filho mais velho, Patricio (Juan Pablo Koria). O filho mais novo, Andrés (Nicolás Fernández), muito próximo de Wilson, pergunta porque eles não podem todos comer a mesma coisa, para ele não ter que fazer três almoços.

A mãe da família, Carola (Ninón del Castillo), é o próprio estereótipo de classe alta decadente. Ela fala que não entendem porque os filhos querem ficar no país ao invés de se mudar para a Europa, e o filho também acha que ele não tá estudando direito na católica para depois ter que discutir com “mestiços”. Carola fala de como se sente próxima do empregado que mora na casa há anos, fala que sem ele não consegue viver, mas não o paga há meses. Ele já está por aqui com a situação, e começou a tomar banho na banheira da patroa quando ela não está, e usar seus cremes caros.

Ficou famoso um trailer do filme que descrevia o seu tema como “os últimos dias de um Apartheid”, O filme se passa no início do governo de Evo Morales o primeiro presidente aymara do país, e é óbvio que essa eleição deu a Valdivia esperanças de que a separação classista e racista do país estivesse por acabar. Infelizmente, acho que continua uma história comum em toda a América Latina.

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