Volta ao Mundo em Filmes: Guiné-Bissau – Kadjike

Sempre fico interessada quando chega a hora de procurar um filme de um país que fala português, e hoje foi o caso, quando eu estava procurando um filme da Guiné-Bissau. O escolhido foi Kadjike, de Sana Na N’Hada. O nome do filme significa “mata sagrada” na língua Bidyogo, e é o local onde os jovens vão para passar por rituais e se tornarem adultos aos olhos da comunidade. O filme é listado no imdb como sendo em “portuguese creole”, uma língua formada tanto do português como das línguas que existiam na região antes da colonização.

O filme se passa em um arquipélago do país, as ilhas Bijagós, onde uma comunidade tenta viver com respeito às tradições de seus ancestrais e à natureza. O filme já começa nos mostrando um pouco da cultura da ilha, com uma lenda de formação, a de que o criador do mundo criou um homem e uma mulher, Akapakama, que tiveram quatro filhas. Akapakama deu a elas poderem sobre a natureza, a terra, o mar e o clima.

Traficantes de drogas chegam às ilhas, porém, e o modo de vida deles é ameaçado. Pesquisando sobre o filme, descobri que a Guiné-Bissau se transformou na principal parada para traficantes entre a Europa e a América Latina, e que eles realmente param frequentemente nas ilhas Bijagós, que tem uma densidade populacional muito baixa, então a idéia do filme era imaginar um encontro entre as comunidades da ilha e os traficantes.

No filme, um dos personagens principais é Ankina, que no início do filme está dividido entre o modo de vida de vida da ilha e o amor por uma mulher com quem, segundo a tradição, ele não pode se relacionar. Quando os traficantes chegam e prometem uma vida melhor e mais moderna na cidade, ele e seu amigo Toh ficam ainda mais sem saber que rumo tomar. Quando o feiticeiro da comunidade morre, o seu modo de vida parece ainda mais ameaçado.

A carreira de N’Hada começou com ele filmando Amílcar Cabral, o líder da independência de Guiné Bissau, e documentários sobre a luta pela independência. Desde então, ele fez vários documentários, e esse é seu segundo longa. Li também que ele tentou, com o filme, mostrar a beleza natural do seu país e como ele está ameaçado, e acho que fez um ótimo trabalho em mostrar ambos. Gostei muito do filme, que não só me deu um gostinho da Guiné-Bissau, como me mostrou o quanto isso foi só um gostinho, dando vislumbres das cidades onde a vida é completamente diferente.

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