Volta ao Mundo em Filmes: Tunísia – Tempo de Espera

O desafio essa semana era escolher um filme para representar a Tunísia. Fiquei entre ver um ou mais dos filmes da Trilogia do Deserto, de Nacer Khemir, e o filme Tempo de Espera, de Moufida Tlatli. Acabei ficando com segundo porque a história era mais contemporânea, e porque me interessei por Tlatli, a primeira mulher a dirigir um longa em um país árabe, o premiadíssimo Os Silêncios do Palácio.

O filme conta a história de Aïcha (Rabia Ben Abdallah), que mora em Túnis com o filho pequeno. Ele tem vários problemas de desenvolvimento, e ela tem muita dificuldade de lidar com ele sozinha. Então ela reúne as duas filhas mais velhas, já adultas, e conta para elas que ela pretende voltar para a ilha de Djerba, o lugar em que elas nasceram. Elas ficam chocadas, porque a mãe passou a vida toda tentando fugir de lá, mas resolvem acompanhá-la para tentar ajudar um pouco. Uma delas chega a falar com o pai, que abandonou a família por não conseguir lidar com a situação do filho.

Na ilha, a gente começa a ver flashbacks da vida delas antes da mudança para Túnis. Aïcha tinha se casado aos dezoito anos com Said (Ezzedine Gannoun). Ele, como a maioria dos homens da pequena ilha, tinha um emprego em Túnis, e só voltava para a ilha uma vez por ano, por um mês – a estação dos homens, como o título original do filme, la saison des hommes. Ela implora que ele a leve para a capital, mas ele diz que não pode, até que a situação financeira melhore e que ela tenha um filho homem. Lá ela, como é costume da ilha, mora com a sogra, que comanda despoticamente cada aspecto da sua vida. Ela tem duas filhas ao longo dos anos, Meriem (Ghalia Benali) e Emna (Hend Sabri), e tenta fazer tapetes para ajudar a situação financeira da família, mas continua presa lá, vendo o marido só uma vez por ano.

Na ilha, a gente vê muito a relação delas com outras mulheres. A cunhada dela, Zeineb (Sabah Bouzouita), nunca mais viu o marido depois da lua de mel, já que ele não voltou para a ilha. Com isso, ela fica presa lá na casa da sogra, com a vida em suspenso, sem poder fazer nada. Aïcha também se sente mal, sem poder decidir nem sobre a educação das filhas, e tudo que ela quer é morar em Túnis com o marido. Desde o início do filme, a gente já sabe como a relação deles vai acabar, mas queremos ver como isso é construído no filme.

O filme é muito bonito, adorei a fotografia, adorei as atuações, achei que foi uma ótima escolha para representar a Tunísia.

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