Desventuras de viagem: a Europa central não tem dó de quem tem rinite

Há uns anos, eu fiz uma viagem pelos Bálcãs, e na verdade mal notei a fama que a região tem de que todo mundo fuma em todos os lugares. Aconteceu uma ou duas vezes de ver alguém fumando dentro de um restaurante, algo estranhíssimo para mim, mas com temperaturas lá pelos trinta graus, eu passava quase o tempo todo ao ar livre. Então quando voltei para Zagreb no inverno, cinco anos depois, foi um choque que dessa vez isso me afetou muito. 

Eu fui para Zagreb para um Congresso de Estudantes de História, com a ISHA (International Students of History Association), e na verdade essa reputação de um país que fuma muito passou pela minha cabeça, porque eu escrevi no formulário de participação que eu tinha rinite. Chegando lá, porém, logo descobri que podia fumar dentro do albergue onde nos colocaram, o Chillout. Supostamente, o albergue tinha na área comum uma parte para não-fumantes, só que eram algumas mesas na mesma sala, com a mesma ventilação. Não sei se eles achavam que porque tinha um degrau separando as duas partes da sala o ar era diferente, mas garanto que não era. Eu continuei passando muito tempo ao ar livre, com a diferença de que dessa vez tava fazendo menos dez durante à noite. E chegava ao quarto de noite, onde teoricamente não podia fumar, para descobrir que todo mundo tava fedendo a cigarro, e logo o quarto também estava.

No Congresso, a gente recebia café da manhã, almoço e jantar, e o jantar era naquela sala em que o ar chegava a ficar pesado de tanto cigarro. Toda noite, eles tinham planejado levar a gente em algum bar, e em todos eles as pessoas podiam fumar. Aliás, em todos os bares foi a mesma situação, eles falavam que tinha uma parte para não-fumantes, que acabava sendo uma mesa no canto da mesma sala em que todo mundo fumava. Em um dia nós pedimos para ir a um bar onde não fosse permitido fumar, porque para a minha sorte tinha mais gente incomodada. As respostas geralmente eram “acho que ouvi falar que no centro histórico tem um”. A reação da maioria dos croatas quando eu falava que tinha rinite era algo no sentido de “nossa, nunca ouvi falar dessa doença”. Sério, alguém sabe como quem tem rinite sobrevive ao inverno nos Bálcãs?

Eu não tive uma experiência parecida da última vez que fui para os Bálcãs, como eu disse, e não tive uma experiência assim quando fui para o Cáucaso, outro lugar que tem fama de fumantes inveterados. Mas tive uma experiência bem parecida em Praga em 2015, quando eu e meus amigos, todos alérgicos, chegamos a pedir para embalar a comida em um restaurante no meio da refeição porque de repente fomos cercados por três mesas de fumantes. E lá sei que as leis mudaram logo depois, como parece que estão começando a mudar na Croácia. E sinceramente, espero que mudem mesmo. A Europa precisa ter dó de quem tem rinite.

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