Vardzia – o monastério em ruínas nas cavernas da Geórgia

Quando eu lia sobre Vardzia, já vi ela sendo descrita como monastério em ruínas, cidade medieval, cidade em cavernas. As descrições já me davam idéias completamente diferentes sobre o lugar, e, pelo que parecia, elas não bastavam para definir tudo que Vardzia é e foi. Por isso, tive que visitar, e foi um dos meus lugares preferidos na Geórgia.

Vardzia monastério caverna vale

Vardzia começou a ser construída no século XII, por Georgi III, rei da Geórgia, como uma fortificação. Depois dele, quem herdou o trono foi sua filha Tamar, que é muito venerada pelos georgianos como a governante de uma época de ouro da história do país. Era a época das invasões mongóis, e Tamar ordenou que a fortaleza fosse expandida para ter também um santuário nas cavernas. Quando o complexo ficou pronto, tinha 13 andares, uma sala do trono, 13 igrejas, bibliotecas, banhos públicos, 25 adegas para guardar o vinho que eles faziam, e a capacidade de abrigar 2 mil monges. 

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Vardzia monastério caverna primeira igreja

O único acesso para o complexo era por um túnel que passava por debaixo do rio Mtkvari. A montanha ao redor do monastério era toda cultivada, para que ele fosse auto-sustentável, e ele tinha fontes de água lá dentro – uma delas é considerada sagrada pelos monges e a gente ainda pode visitar. E assim eles conseguiram sobreviver às invasões mongóis. Dizem que foi aqui também que a rainha Tamar foi enterrada. É que os georgianos sabiam que os mongóis queriam interromper o enterro, então eles mandaram oito procissões para partes diferentes do país para confundi-los. Eles conseguiram confundir também os historiadores dos séculos seguintes, que ainda discutem qual era a verdadeira, mas a maioria acredita que foi para Geleti ou Vardzia. 

Vardzia monastério caverna interior 3

Vardzia monastério caverna interior

Vardzia monastério caverna 1

Os monges de Vardzia não foram os únicos a voltar a cavernas, já que essa também foi uma época de grande expansão para a cidade em cavernas de Uplistsikhe, perto de Gori, que eu também visitei, e do monastério de Davit Gareja, que eu tentei visitar mas fui bloqueada pela polícia do Azerbaijão, que meio tinha ocupado o lugar.

Vardzia monastério caverna 2

Apesar de a salvo das invasões, o período de ouro do monastério durou apenas um século. No final do século XIII, ele foi devastado por um terremoto. Muitas das cavernas que a gente vê hoje são acessíveis por enormes aberturas externas, que vem dos desmoronamentos dessa época. Mais de dois terços de Vardzia foi soterrada. No entanto, o lugar continuou sendo usado como monastério até o século XVI, quando o país foi invadido pelos persas e houve uma batalha nas cavernas. Um pouco depois, Vardzia foi abandonada.

Vardzia monastério caverna 3

Vardzia monastério caverna igrejinha

Hoje, as cavernas abrigam cerca de 15 monges, que ficam em uma área privada do monastério. As cavernas que eu visitei estavam principalmente vazias, muitas ainda com buracos circulares no chão, que eram usados para assar pão. Visitar as cavernas é subir e descer escadas o tempo todo, entrar em passagens, e não tem um itinerário indicado, então fica por sua conta decidir quais visitar e quais não. 

Vardzia monastério caverna vale 2

Vardzia monastério caverna vale 3

A parte central é a Igreja da Dormição, conhecida por ter afrescos da época de ouro que mostram a rainha Tamar. Quando eu fui, nos deram panos para que eu me cobrisse com lenços que eles ofereceram e pediram para que eu não tirasse fotos, então só tenho uma, da entrada. Mas a igreja realmente é uma das partes mais interessantes, tanto pelos afrescos quanto pelos túneis escavados de lá, que vão para dentro da rocha e levam à uma nascente sagrada, a outra pequena capela e a várias outras salas. 

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Túnel de saída de Vardzia

Vardzia está aberta todos os dias da semana, e no verão fica aberta das 10 às 19 horas. Achei informações contraditórias online sobre se fica aberto às segundas ou não, e eu visitei em uma e estava aberta, mas sempre melhor conferir antes de ir. A entrada custa 7 lari para o bilhete inteiro, e 1 lari para estudantes.  

Para visitar Vardzia, eu passei duas noites em Akhaltsikhe, no sul da Geórgia. De lá, marshrutkas saem da estação central às 08: 09:30, 13:00 e 15:00, voltando 09:00, 13:00 e 15:00. O bilhete de retorno custa 10 lari. Eu fui lá para lá para a das 09:30 e cheguei meia hora antes, mas a van já estava lotada, então eu esperei um pouco até juntarmos algumas pessoas na mesma situação e fomos de táxi, pagando 50 Lari, ou seja, 12,50 cada um. 

Eu tinha chegado de Akhaltsikhe vindo de Kutaisi, mas ela é bem conectada, embora a estrada demore bastante, e tem marshrutka saindo de cidades como Tbilisi e Borjomi, também no sul e conhecida pelas águas termais. De Akhaltsikhe, eu continuei viagem para a Armênia, e peguei uma marshrutka para Yerevan.

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